"Eu não vou ver Detetive Pikachu, Milo."
Sete palavras e uma voz profundamente incomodada foi tudo que precisou para Nathan parar por um instante e perceber que ele acabou de passar por dois amigos de Miguel de carro. Sem pensar muito sobre isso, Nathan voltou de ré, encontrando o casal de ouro o encarando confusos.
Era tarde da noite, quase onze horas, e Milo e Eddie estavam sozinhos de mãos dadas no campus, provavelmente com a intenção de saírem caminhando. Nathan não fazia ideia se ainda havia metrô ou ônibus que aqueles dois poderiam pegar, independente para onde fossem.
"Ah, oi!" Milo exclamou, reconhecendo o garoto dentro do carro. Ele se inclinou sobre a janela, fazendo Nathan se afastar um pouco surpreso com a proximidade. "Nathan, né? Quanto tempo."
"Ah, sim..." Nathan piscou. "Vocês dois estão voltando?"
"Yep!" Milo respondeu igualmente animado. Eddie só o olhava. "A gente saiu da aula agora."
"Querem carona?"
Aquilo não era algo que Nathan fazia normalmente. Realmente não era. Ele odiava servir de motorista, e por algum motivo as pessoas sempre achavam um jeito de fazê-lo de motorista. Só aceitou isso de bom grado com Miguel e Roger. Nem com os pais.
Mas... Ele se lembrava da história de alma gêmea divertida de Milo e Eddie e como os dois dançaram animados no restaurante, e não conseguia ver por que não dar uma carona, se eles eram legais e se ele podia. Não iria doer.
Milo e Eddie eram boas companhias. O encontro só foi para o ralo por conta de Mônica, mesmo.
O casal trocou um olhar rapidamente.
"Para onde você vai?" Milo questionou curioso. Eles trocaram endereços por um instante, e foi uma surpresa agradável descobrir que o terminal de ônibus era caminho para Nathan enquanto voltava para casa. "Se a gente for com o Nathan não tem perigo de perder o ônibus para a sua casa."
"E o que você 'tá esperando 'pra entrar no carro?" Eddie retrucou enquanto abria a porta de trás e jogava a mochila ali dentro. Milo olhou para ele indignado. "Valeu, Nathan. Você salvou a gente de ter que acabar pedindo um Uber." Eddie soou sincero e deu um sorriso agradecido para Nathan.
Nathan acabou devolvendo o sorriso sem notar.
Milo entrou no banco do carona, e jogou sua mochila contra Eddie. O garoto mexicano não teve dificuldade nenhuma para segurar a mochila e ainda deu um sorriso debochado para Milo, como se o mandasse tentar mais. Milo mostrou-lhe a língua.
Ok, os dois eram adoráveis.
"Por que o Eddie é tão lento para sair da sala." Milo resmungou de leve.
"Eu estou no final do semestre. O Nathan entende." Eddie deu de ombros.
Nathan lembrou-se de poucas semanas atrás, que ele quase esqueceu de entregar o trabalho que valia metade da sua média.
"Infelizmente, sim. Por isso a carona."
"Muito gentil da sua parte!" Milo exclamou sorridente. Nathan tentou focar na rua para não se perder o encarando, porque mesmo sem saber o gênero de Milo de verdade, ele continuava muito bonito. Só sabia que ele preferia pronomes masculinos, isso não queria dizer que era um garoto ou uma garota e Nathan sabia desse tanto. "Vocês dois não tem nenhuma matéria parecida, não é?"
Eddie e Nathan pensaram nisso pela primeira vez.
"Eu acho que não, Engenharia Civil é completamente diferente de Mecatrônica." Eddie respondeu. "Mas seria legal ter um veterano do meu lado, para variar."
VOCÊ ESTÁ LENDO
Peixes Fora do Aquário (✔)
HumorNathan Breno Duarte Maldonado, ou Maldotado como costumam chamá-lo, vive em um mundo em que todos possuem uma alma gêmea e a denominação disso está escrita no seu pulso como a primeira frase que vai ouvir dessa pessoa. Nathan cresceu complexado com...