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 Nathan observava Miguel ao seu lado quando acharam um lugar coberto para que conversassem longe do ginásio e protegidos da chuva que caía no momento.

Estava chovendo desde o início da semana, com uma corrente de ar frio repentina no final de ano. Por conta disso Nathan estava agasalhado, e Miguel usava um sweather verde musgo com jeans negros que parecia ser bem quente.

"Espera, deixa eu ver se eu entendi." Nathan retomou o assunto ainda digerindo as informações que recebeu durante a caminhada. "O Caio deu em cima de você enquanto eu estava no vestiário? O Caio?"

"Você não acredita em mim?" Miguel arqueou as sobrancelhas, ainda sorrindo. Ele fazia tanto essa expressão que Nathan sabia que, quando se lembrasse dele, seria a primeira imagem que veria na mente. "Por que eu não tenho motivo nenhum para inventar essa merda. Eu estou tão chocado quanto você."

"Não é que eu não acredito em você, eu só 'tô com dificuldade de entender como um cara como o Caio se interessou por um garoto do nada sendo que ele jurava que isso era impossível antes."

"Você quis dizer um macho escroto como o Caio."

Nathan grunhiu.

"Eu não vou usar essa palavra."

Miguel revirou os olhos.

"Eu não acho que foi do nada." ele deu de ombros. "Eu ainda acho que ele e aquele garoto do time são almas gêmeas."

"O Renan? Mas a alma gêmea não define sexualidade. Você é a minha alma gêmea e eu ainda não sei se gosto de garotos." Miguel apenas o olhou em silêncio como resposta, e Nathan demorou um pouco, mas acabou juntando os pontos. "Você acha que o trabalho missionário que o Renan faz com o Caio é por conta deles namorarem. Você realmente acredita nisso."

"Você pode me provar o contrário?"

Nathan abriu a boca para tentar provar o contrário, porém Caio não tentou flertar com Miguel, que era um garoto? Em algum nível ele estava confortável com a ideia, certo? Poderia vir de experiência. E Nathan não o conhecia de verdade - por uma escolha própria - para conseguir julgar.

Afinal de contas, por que Nathan tentava argumentar contra?

"Não, eu não posso." Nathan grunhiu de novo. Miguel riu vitorioso. "Legal, então você 'tá me dizendo que o Renan é corno?"

Miguel riu mais.

"Eu não sei! Eles podem ter relação aberta ou já podem ter terminado, eu não sou tão fanfiqueiro assim para te dizer." Miguel respondeu rindo. Nathan lutou para não sorrir de volta, contagiado com a risada adorável de Miguel. Deixava o seu peito quentinho e o enchia de sensações positivas.

O que era necessário naquele momento, pois conforme a conversa prosseguia Nathan ia ficando cada vez mais irritado. Estava irritado pensando que Miguel nunca conheceria Caio se não fosse por ele, e ficava mais irritado ao perceber que Miguel era acostumado a lidar com pessoas o abordando e passando os seus limites sem o menor consentimento.

"Nada 'tá fazendo sentido." Nathan resmungou enquanto Miguel ria. Agora não sabia dizer se ele não estava rindo da sua cara.

"Você parece um bebê emburrado." Miguel apertou a bochecha dele, fazendo Nathan ir para trás incomodado para fugir, mesmo que o toque tenha sido leve. "Eu te explico, então: Acho que o Caio deve ter a masculinidade mais frágil que eu já vi. E eu te conheço, então deveria ficar feliz." Nathan fechou mais a cara para Miguel enquanto ele se divertia. "Por que apesar de estar dando em cima de mim, ele ficou puto quando eu sugeri que namorava com o Renan."

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