045.

43 6 0
                                    


Miguel desceu e abriu o portão para Nathan, o levando pelo jardim até entrarem na casa. Agora de perto Nathan pode reconhecer a camisa de Miguel, que era azul escura com um desenho que deveria representar o Mufasa do Rei Leão em uma constelação de estrelas, enquanto o pequeno Simba corria atrás dele na noite escura.

A casa de Miguel tornava-se mais agradável por dentro. O chão era de madeira escura, mais limpo o impossível. O primeiro cômodo da casa era a sala, com sofás negros de couro, uma televisão grande e fina em um móvel, rodeada por estantes cheias de livros e quadros muito bonitos adornavam as paredes brancas, como da Anita Malfatti e de Wifredo Lam.

Um quadro em específico chamou a atenção de Nathan, que não deveria ser de nenhum pintor famoso, com cores fortes como vermelho e amarelo espalhadas para representar o rosto de um jovem negro com azul forte nos cabelos cacheados, usando um recipiente de vidro ao redor da cabeça como se fosse um aquário. O fundo do quadro era do tom bege mais claro, e Nathan ficou encantado por um instante querendo entender o que o show de cores significava.

A sala de estar levava às escadas do segundo andar e um pequeno corredor com um banheiro social que seguia até a entrada da cozinha ampla. Assim que entrou, Nathan pode ouvir risadas e conversação alta e animada com de fundo, completamente diferente do que ele estava acostumado a ouvir na própria casa.

Ana Júlia foi a primeira a recebê-los, erguendo-se rapidamente do chão frio para correr até Miguel, fazendo o garoto rir ao afagar a husky e abraçá-la. Claro que ela ignorou Nathan prontamente, como se ele nem existisse. Logo depois de Ana Júlia duas crianças praticamente idênticas correram para cumprimentá-los.

"Tio Miii!" gritaram praticamente em uníssono. Era uma menina e um menino, ambos de pele negra mais escura que a de Miguel, cabelos crespos negros armados e expressivos olhos castanhos.

Possuíam a mesma altura, mesmo peso, mesmas feições. Nathan piscou, achando que via dobrado. Na verdade, só conseguia separar o menino da menina se baseando em estereótipos de gênero, levando em conta o jeito que se vestiam e adornavam os cabelos volumosos e brilhantes. Por quê se os dois estivessem de vestido, Nathan nunca ia conseguir diferenciar.

"Oi pentelhos. Estavam atormentando a Anaju, não estavam?" Miguel exclamou divertido, abraçando tanto Anaju quanto o casal de gêmeos ao mesmo tempo. Ele parecia acostumado com esse tanto de contato.

Nathan ficava tonto só de imaginar.

"Ai, nossa, parece que não se viram há um mês." outra voz exclamou.

Foi assim que Nathan notou que o ambiente estava cheio: Todos os presentes se sentavam à mesa, com copos de cerveja à mão e pratos de churrasco sobre a toalha de mesa colorida.

A cozinha e a sala de jantar eram unificadas e, realmente, amplas e largas, completamente pintadas de branco se não fossem a decoração de cores fortes por todos os cantos: A toalha de mesa colorida, mais quadros aqui e ali, armários e panelas e até mesmo eletrônicos que variavam entre preto, amarelo e vermelho.

A voz que exclamou era de uma garota que parecia ter a idade de Nathan ou Miguel, com a pele negra bem clara, óculos negros redondamente quebrados, cabelos da mesma cor crespos e armados com um lado da cabeça raspada. Ela tinha os mesmos olhos expressivos, redondos e grandes das crianças, os mesmos olhos que Miguel tinha, apesar de os seus serem completamente negros.

Se vestia quase inteiramente de preto, com um copo de refrigerante na mão. Sentada ao seu lado e confortavelmente próxima havia uma menina aparentando estar na mesma faixa etária, branca de cabelos negros curtos lisos e ondulados, com lábios carnudos pintados de vermelho e óculos grandes de armação da mesma cor, e olhos castanhos.

Peixes Fora do Aquário (✔)Onde histórias criam vida. Descubra agora