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Nathan não estava nada acostumado com aquele tipo de beijo. Quase poderia ser considerado como um primeiro beijo, de tão diferente. Ele não fez mais nada que encostar os lábios contra os de Miguel e pressionar suavemente, idolatrando a maciez da boca dele.

Alguma parte de Nathan, viciosa e vil, esperou ser afastado. Porém, Miguel fechou os olhos no mesmo segundo que foi beijado e tocou o seu rosto com delicadeza com as pontas dos dedos, relaxando contra ele.

Nathan segurou a mão dele e a afundou no rosto, aprofundando o beijo sem perceber. Miguel soltou uma respiração, acariciando o rosto dele. Nathan não se lembrava da última vez que beijou com tanta delicadeza envolvida, assim que beijos eram só meios de transporte até o sexo.

Mas não era isso que Nathan queria com Miguel. Ele ainda não resolveu essa parte. Também não sabia o quê queria com ele, mas se contentava ao se aproximar o máximo o possível, sem se importar com as barreiras que destruía, mesmo que tivesse as criado à ferro e fogo ao redor dos anos.

Nathan só queria acalmar o coração que insistia em pular no colo de Miguel. Era um beijo de remediação.

Os dois estavam desconfortáveis no assento pequeno com Anaju entre eles, sem poder se aproximar como realmente queriam enquanto o beijo crescia, mas antes mesmo de Nathan conseguir tocar o rosto de Miguel de volta e tocar a boca dele com a língua, ambos ouviram passos subindo as escadas.

Miguel se afastou sem que Nathan o impedisse ou o perseguisse, apoiando a mão fechada em punho sobre o peito dele por um segundo para normalizar a respiração e não parecer tão suspeito. Não demorou mais de dois minutos depois que eles se organizaram para fingir que nada havia acontecido, a mãe de Miguel bateu na porta e pediu para entrar.

"Neño, distraímos as crianças o máximo que dá, mas elas ficam muito tristes sem você." Marina comentou divertida e casual, sem parecer notar nada entre os dois garotos sentados longe um do outro de forma culpada, agora com Anaju acordada e rabugenta por ter visto coisas que ela não poderia desver.

"Todo dia vocês me usando de babá." Miguel respondeu, fingindo que a respiração errática era por conta da risada. "A gente já desce."

"Tudo bem, então." Marina riu e Nathan estava errado. Ele estava muito errado. Marina sabia de tudo. "Só não demorem." e deu um sorriso que definitivamente era malicioso antes de sair.

Nathan e Miguel trocaram o olhar mais envergonhado da vida dos dois.

Porém, antes deles ficarem presos ali, Anaju começou a latir e se ergueu, pulando do assento em seguida. A agitação da cadela surpreendeu ambos, roubando risadas das duas almas gêmeas que se encontravam mais perdidas que menor de idade em faculdade.

"Eu acho melhor a gente descer logo antes que minha mãe torne as coisas mais estranhas. Ou a Anaju morda você."

"Isso da Anaju vai ser um problema." Nathan comentou de forma distraída, se levantando com Miguel.

"Eu não vou nem te responder agora por que eu realmente não consigo racionalizar." Miguel resmungou, fazendo Nathan notar o que acabou de insinuar. Pelo menos tanto ele quanto Miguel estavam completamente perdidos naquele momento. Mas Nathan não deveria se sentir melhor por isso.

Os dois seguiram até o andar de baixo, e logo Talí e Tata abraçaram Miguel mais uma vez, gritando animados por vê-lo novamente como se ele tivesse sumido por muito tempo. Não sabia se os dois eram muito grudentos, se crianças em geral eram grudentas, ou se esse era o superpoder de Miguel: Fazer qualquer um amá-lo para caramba.

"Tio Mi, tio Mi, a gente ganhou Just Dance!" Talí exclamava pulando, atravessando as palavras com a respiração e a felicidade. Nathan ficava cansado só de observá-la. "Dança com a gente, dança, dança, dança!"

Peixes Fora do Aquário (✔)Onde histórias criam vida. Descubra agora