MIA
— Acorda Mia, você vai se atrasar — quase chorei ao ouvir Dylan me chamar.
Eu queria tanto fingir que perdi a hora. Eu não aguentava mais acordar cedo. Principalmente ir em um lugar chato e para ver pessoas chatas, falsas, mesquinhas...Aghr!
Tirei a coberta da cabeça e fingi um choro, podia ser comparado a um quase chilique. Quando abri os olhos, vi que Dylan ainda estava na porta do nosso quarto me observando.
— Almoçamos juntos? — ele perguntou.
— Não, você me acordou, isso merece um cartão vermelho — me levantei e caminhei até o banheiro.
Passei por ele sem olhá-lo, só para irritá-lo, mas na maioria das vezes ele achava que tinha feito algo errado. Comecei a tirar minhas roupas no banheiro ciente que ele me olhava, mas na hora em que eu tirava meu short e estava pronta para fazer charminho exibindo minha recém bunda malhada, foi como se houvesse aberto a torneira da minha bexiga e a minha exibição foi por água abaixo, porque eu me sentava no vaso ou fazia xixi nas calças.
Sentei rápido e reparei que dylan ainda me olhava. Com todo contorcionismo que eu não tinha, eu empurrei a porta do banheiro o suficiente para que ele não me visse.
Mas de nada adiantou. Segundos depois ele enfiou a cabeça para dentro do banheiro.
— Não adianta fugir de mim quando vai mijar ou almoçar — ele disse bem serio. — Por que não vai almoçar comigo?
— Por que já combinei com Juju.— eu sorri para camuflar meu constrangimento de não conseguir parar o xixi o que deixou uma trilha sonora bela para minha resposta.
Juju é uma das garotas que conheci na faculdade, sabe o lugar chato de pessoas chatas? É lá. Quer dizer, nem tanto ultimamente que estava insuportável. Comecei a faculdade há dois anos, quando eu tinha vinte anos, foi uma boa escolha.
Dylan riu, sabendo muito bem o porquê do meu sorriso.
— O jantar você não me nega — ele disse antes de sair e deixar a porta aberta.
Fiquei mais alguns segundos urinando e depois fui direto para o chuveiro.
Depois do almoço, me rendi a Juju. Não contei a ninguém apenas para ela, mas há dias eu vinha tendo alguns sintomas esquisitos e anormais, ela colocou na cabeça que...
— Grávida! Dois risquinhos. Mia você está grávida — ela gritou no banheiro da faculdade.
Eu fiquei olhando para o teste por segundo a fim. Realmente tinha dois risquinhos, bem aparentes. Abaixei a tampa do vaso e me sentei. Continuei com o teste na mão o encarando.
— Esse choro é de felicidade ou tristeza?
Ouvi Juju dizer e só assim percebi que um rio de lagrimas escorriam dos meus olhos.
— Não sei — eu respondi e guardei o teste na bolsa.
Ela já sabia do bebê que perdi aos dezoito anos.
— Vai dar tudo certo amiga — ela disse se ajoelhando na minha frente. — Vamos para a aula?
Ela perguntou enquanto fazia carinho na minha mão.
Aceitei, porque se eu ficasse sozinha eu só choraria.
***
Atrasei um pouco para chegar em casa, talvez pelo nervosismo de contar para Dylan ou só foi culpa do trânsito. Pelo horário eu já sabia que Dylan tinha chegado e isso ficou explícito pela porta destrancada.
— Oi a comida já vai chegar — ele disse antes de me beijar.
Acenei e segui para o banheiro tomar banho.
Tomei um banho demorado, pensando inúmeras formas de dizer.
Enquanto eu penteava os cabelos em frente ao espelho, encenei várias falas.
— Começou a falar sozinha? — Dylan colocou a cabeça dentro do banheiro.
Me assustei muito, tanto que meu coração disparou.
— Não tem privacidade nessa casa mais não? — eu perguntei brava enquanto me acalmava.
— Não sei, mas grosseria tem — ele disse de bom humor. — Vem comer.
Ele saiu me puxando. Fui de toalha mesmo. quando chegamos na mesa posta ele puxou a cadeira para mim. Me sentei e comecei a colocar minha comida, sem coragem de começar a dizer o que eu deveria.
— Como foi o almoço com Juju? Aconteceu alguma coisa?
— O que? Como assim aconteceu alguma coisa? Deveria ter acontecido? — eu comecei a falar sem controle.
— Diz logo Mia, já está me aterrorizando.
Comecei a rir.
— Isso vai te aterrorizar mais. — continuei a rir, mas ele me encarava de cara fechada.— Estou grávida.
Dylan ficou surpreso e eu comecei a chorar.
— Eu estou com medo. Não quero perder esse bebê.
Dylan arrastou sua cadeira para meu lado e me abraçou.
— Não chora, vai ficar tudo bem. Esse bebê é nosso. E nós vamos cuidá-lo por toda vida.
Funguei e às palavras de Dylan me tranquilizaram.
***
5 Ano depois.
— Dylan se for para pegar para mim amanhã não precisa — eu disse parada na cozinha.
Dylan veio puxando nosso bebê - que já não era mais um bebê - que estava agarrado nas suas pernas.
— Josh não me larga — ele disse se abaixando e pegando meu protetor solar que tinha caído no chão.
Minha barriga tampou sua cabeça, até porque sete meses de gravidez não era pouca coisa.
— Obrigada.
Depois de me ajudar, muito rápido ele pegou Josh nos braços, jogando para cima, soltei um grito desafinado, nunca me acostumaria. O garoto soltou uma gargalhada, deixando claro que era isso que ele queria desde o princípio. Os dois saíram de casa e correram até às ondas.
— Dylan se tornou um bom pai — Kennedy, o sócio de Dylan disse.
Dylan saiu da empresa do pai, a relação de ambos já estava muito desgastada e para não acabarem em coisa pior, ele resolveu aceitar a proposta de Kennedy.
— Ótimo comentário, tio Keny.
Brinquei com o apelido que Josh colocou nele. Ele me acompanhou até a sombra onde minha mãe estava com Bruno. Depois de me ajudar a sentar, ele também correu para a água.
Estávamos na nova casa da minha mãe e Bruno. Eles venderam o apartamento dele e vieram morar no litoral, que fica menos de quarenta minutos da capital.
Entrei em uma conversa com os dois, sobres bebês, já que meu irmão havia nascido há três meses. Até que Josh começou a se escalar nas minhas pernas e sentar na parte em que a barriga ainda não alcançava.
— Vem nada com a gente nené. — ele disse depois de escorar a cabeça no ventre saltado.
Quase chorei. Dylan veio logo atrás, segurou minha mão e foi me guiando até o mar.
— Amo você — ele disse antes de me beijar.
Fim
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Casamento de um Cafajeste
RomanceMia Mendes acabou de completar 18 anos com uma péssima notícia. Virou moeda de troca nos negócios de seu pai. A família Mendes está falindo, e a única saída pra o anfitrião foi dar a mão de sua filha mais nova ao filho do homem mais rico do país. Dy...