CAPÍTULO 30 - CULPA

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DYLAN

Enquanto eu corria com Mia nos meus braços em direção ao hospital, Bruno tinha ficado com Lucy, tomando todas as providências cabíveis e não cabíveis. Queria ela na cadeia, mas pelo jeito eu que estaria lá, porque também queria matá-la.

Eu já havia passado pela recepção, Mia continuava desacordada e sangrando, toda sua coxa estava manchada de sangue, provavelmente uma hemorragia.

Tiraram ela dos meus braços e a colocaram em uma maca, a partir desse tempo eu não pude acompanhá-la. Fiquei muito tempo sozinho na sala de espera, até que Maelle, a mãe de Mia chegou desesperada, preocupada e querendo saber o que aconteceu, mas nem eu sabia. Tinha acabado de sair do elevador, quando pela porta de vidro, vi Lucy empurrando a estante de livros que eu havia comprado para Mia no mesmo dia, e foi isso que contei para Maelle.

Muita gente foi chegando, meu pai, a prima de Mia, o Bruno e inclusive o pai da Lucy.

A médica não aparecia por nada. Nem pelas ameaças que soltei as enfermeiras que passavam por mim, o máximo que eu recebia de resposta era para que eu voltasse para meu lugar, porque logo ela viria. Uma delas ameaçou chamar a polícia, Elias me obrigou a continuar sentado depois disso.

Enquanto Mia não acordava era visível no rosto de todos presentes o que Lucy estava fazendo na minha casa, eu não tinha a mínima vontade de responder essa pergunta. Bruno sentou ao meu lado.

一 Eu não liguei para o pai da Lucy. 一 ele se explicou.

一 O que aquela desgraçada estava fazendo na minha casa?

一 Ela sempre teve a chave Dylan.

Algo que eu tive poucas vezes na minha vida, me atingiu, a culpa. Se eu tivesse tomado essa chave de Lucy, Mia não estaria desacordada.

一 Onde ela está agora?

一 Eu chamei a polícia, está na delegacia, mas pouco provável que fique presa. Por esse motivo que o pai dela está aqui, ele ficou inconformado quando recebeu a ligação da sua filha na cadeia.

Bruno terminou de se explicar. Olhei para o velho que no momento estava com meu pai mais não parava de me encarar. Eu queria que ele se explodisse com a vagabunda da filha dele.

Eu ainda estava sentado quando a médica apareceu, perguntando sobre mim.

一 Vocês são os parentes de Mia? 一 ela perguntou primeiro, todos nós assentimos. 一 Qual de vocês é o marido dela?

Me levantei, nem precisei dizer mais nada, a doutora perguntou meu nome e me chamou para que eu a seguisse. Entramos em uma sala reservada.

一 Senhor Dylan, vocês sabiam que Mia estava grávida?

Eu não tive reação, quer dizer, posso quase ter desmaiado, mas me sentei a tempo, controlando a vertigem e a visão que escureceu. Minha nossa.

一 N...não.

一 Eu sinto muito. Mia sofreu um aborto, e depois que ela acordar precisaremos fazer uma curetagem.

***

A única coisa que eu sentia era culpa, por minha culpa Lucy veio atrás de Mia, por conta disso, Mia perdeu seu bebê.

Ela já tinha acordado, pode receber visitas mas eu não fui capaz de vê-la, Maelle foi e voltou chorando. A médica contou à ela, Mia foi anestesiada e no mesmo dia a curetagem foi feita.

Todos nós ficamos arrasados, eu não tinha coragem de sequer olhar para Mia, sem a culpa me atingir, mais e mais vezes.

Fui com ela e Bruno para nossa casa no mesmo carro, um pouco mais tarde. Mia não quis conversar com ninguém no hospital, estava em choque, talvez eu também estivesse.

Chegamos no prédio, e o silêncio no elevador era constrangedor e tenso.

Quando chegamos a sala dá cobertura, a estante ainda estava no chão, com praticamente todos os livros fora dela. Quis conversar com Mia, mas ela já caminhava para a escada.

一 Mia, a gente precisa conversar.

Ela nem se virou para me responder.

一 Não Dylan, a gente não precisa conversar. Não quero nunca mais falar com você, eu estou triste quero chorar pelo resto da minha vida de merda e sofrer pela perda do nosso filho.

Filho...

一 De um tempo para ela. 一 Bruno me respondeu, nem dando tempo para que eu refletisse sobre o que ela disse.

Nosso filho.

Casamento de um CafajesteOnde histórias criam vida. Descubra agora