• Capítulo 57: Eu sou... Má? •

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Minhas roupas estavam cobertas de sangue... O sangue de minha "mãe", a mais velha estava a minha frente... Quase incosciente... Sussurava palavras de ódio contra mim... Palavras que eu não fazia questão de ouvi-las...

M: Eu... Te odeio! - ela juntava todas as suas forças para dizer aquela simples sequência de palavras...

SN: Eu não me importo com isso... - digo me sentando novamente a sua frente...

Apoio meus pés em suas coxas feridas... Os pequenos saltos da sandália que eu usava cravavam em sua pele a fazendo gemer de dor...

M: POR QUE VOCÊ NÃO ME MATA LOGO?!

SN: Quero brincar mais um tempo com você... - disse enquanto enfiava o salto ainda mais fundo em sua carne.

M: JÁ SEI! VOCÊ NÃO TEM CORAGEM DE ME MATAR!

SN: Você ficaria surpresa de quantas vezes eu pensei em te matar apenas nesse período de uma hora...

M: E Por que não o fez?

SN: Porque... Você não merece morrer tão rápido... - o revólver que ela me deu no dia que foi me visitar na prisão estava em minhas mãos... - Eu quero que você sofra...

Eu encarava aquela única bala... Me trazendo inúmeras lembranças... Todas elas... Lembranças que eu gostaria de apagar da minha memória... Mas não é possível apagar o passado não é mesmo?

SN: Você está me enxergando?

M: O-O que?! - por um momento eu a vi hesitar...

SN: Achou mesmo que eu não fosse perceber? A quanto tempo você não toma uma dessas? - tirei de bolso meu bolso a pequena seringa com insulina e a coloquei sobre a mesa...

M: A-Aonde você arrumou isso?

SN: É incrível o que você acha nos bolsos de alguém...

O som da mesma contra a mesa de aço ecoou pelo quarto...

SN: Sabe... Eu queria que você me visse... Me visse fazer tudo isso que eu estou fazendo com você... Eu queria que você visse como seu sangue fica bem nas minhas roupas... Queria que visse o quanto eu gosto disso...

M: SN...

SN: Você quer? - digo pegando a seringa novamente...

Ela tentava se soltar das amarras de forma ainda mais desesperada... Eu retiro a tampa de proteção e esvazio o conteúdo incolor da seringa...

SN: Acho que acabou... - digo jogando a seringa do outro lado da sala...

Eu fechei meus olhos e pendi minha cabeça para trás... Eu não sentia mais aquele sentimento de medo... De insegurança... Era como se tais sentimentos se esvaíssem de mim, assim como o sangue que saia das feridas recém abertas de minha mãe...

SN: Sabe... Acho que vou aliviar seu sofrimento... - disse girando o tambor do revólver inúmeras vezes... - Vê como sou misericordiosa? Oh... É verdade... Você não está enxergando nada não é?

Posiciono o cano da arma em sua testa... As lágrimas da mais velha escorriam por toda a extensão de seu rosto...

SN: Últimas palavras?

M: SN...

Click...

O som agudo ecoou pela sala... Pude ver a mais velha se assustar e fechar seus olhos com força...

M: M-Me Perdoe... - sua voz tremia...

Click...

M: Eu deveria ter sido uma...

Click...

M: Uma mãe melhor...!

SN: Você não acha irônico?! Essa foi a mesma arma que você me deu dizendo que eu deveria me matar... Mas agora... Você que irá morrer...

Click...

SN: Eu não vou te perdoar se é isso que você espera...

Click...

M: Eu falhei com você!

Click...

M: M-Me descul...

O som do disparo pode ser ouvido por toda a sala... Olho novamente para ela... Seu rosto pálido era colorido pelo sangue que saía do buraco em sua testa... Seus olhos estavam abertos... Olhando para mim... E somente para mim...
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O aroma dos sais de banho tomavam conta do banheiro... A água antes cristalina era colorida pelo carmesim do sangue já seco de minha mãe... Que se desprendida de meu corpo para se misturar a água da banheira...

A água quente fazia meus músculos relaxarem... Aquilo era revigorante... Era algo que eu realmente precisava... Eu passava o sabonete pelo meu corpo, limpando qualquer vestígio de sangue que ainda pudesse estar em meu corpo...

Yoongi estava sentado do lado de fora da banheira... O maior fazia questão de me ajudar a me limpar... O mesmo dizia que queria ficar comigo... Cuidar de mim como ninguém nunca cuidou... Me mimar...

YG: Você se sujou bastante não é? - Yoongi dizia enquanto passava a esponja gentilmente pelas minhas costas...

SN: Você acha que eu exagerei? - paro por um segundo de me lavar...

YG: E isso seria algo ruim? - ele respondeu de forma simplista..

SN: Eu não sei... Seria errado gostar daquilo?

YG: Sua mãe... Fez coisas horríveis com você... É totalmente compreensivo você ter se sentido satisfeita... - ele disse pegando o frasco de Shampoo, colocando uma pequena quantia em suas mãos...

SN: Você acha que eu sou má? - me virei para encara-lo nos olhos...

YG: Eu acho que todos somos... Mas poucos tem coragem de mostrar esse lado... - ele passava o produto em meu cabelo de forma gentil, enquanto respondida minha pergunta pacientemente - E não tem problema ser mau não é?

SN: É... Acho que você tem razão...

Os toques suaves de Yoongi em meu coro cabeludo me faziam relaxar... O aroma do Shampoo de Rosas se misturava com o odor do sangue... Criando um cheiro que com certeza seria gravado em minha memória...

SN:  Eu gosto de rosas... E você? Que cheiro gosta...? - estendi minha mão... A fim de tocar seu rosto pálido... Mas não o fiz... Não gostaria de suja-lo com sangue...

YG: Eu gosto do seu cheiro... Principalmente quando eu te toco... - sua voz rouca estava perto de meu ouvido... Eu podia sentir meu corpo estremecer a cada sílaba que saía de sua boca...

Fechei meus olhos aproveitando cada segundo que eu tinha com ele... Sua voz... Seus toques... A forma que ele cuidava de mim... Era algo totalmente novo para mim...

SN: Eu gosto quando você me toca... - disse um pouco mais alto que um sussuro... - Gosto quando você cuida de mim...

Pude escutar uma risada abafada de sua parte... Suas mãos desceram até meus ombros distribuindo carícias suaves por todo o trajeto...

YG: Eu te amo... - ele sussurou em meu ouvido, antes de celar nossos lábios em um selinho demorado...

SN: Eu também te amo... - disse ao nos separarmos..

· 𝙶𝚊𝚗𝚐𝚜𝚝𝚎𝚛 - 𝙱𝚃𝚂 ·Onde histórias criam vida. Descubra agora