Prólogo

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UM ANO E NOVE MESES ANTES

Bianca estava aérea naquele dia. Por mais que ela tentasse não pensar no garoto de olhos avelãs, seus pensamentos insistiam em voltar a ele e as conversas que tiveram no dia anterior. Ou melhor, a conversa. Sua consciência gritava em sua cabeça que ela havia sido idiota por ter fugido dele. E que não havia motivos para aquela atitude tão drástica. Porém, só pensar mais um pouco, ela se lembrava do motivo. Ela. Sua irmã.

Barbara olhava para o espelho, com um vestido em frente ao corpo. E não parava de falar um segundo sequer. Sua gêmea não estava atenta a nada que ela dizia. Porque a cabeça de Bianca só conseguia se focar em uma pessoa. Anderson.

— Você ainda gosta de Anderson? — Bianca perguntou de uma só vez.

De tão surpresa que Barbara ficou em relação à pergunta, simplesmente parou de falar. Não entendia o motivo de sua irmã dizer o nome de Anderson naquele momento. Ela nem falava sobre o garoto. Na verdade, ela não falava de garoto nenhum.

— Não. — Barbara respondeu, balançando a cabeça.

Não fazia três meses que Barbara falou dos seus sentimentos para o menino. Ela fez a besteira de contar a Anderson que gostava dele depois de tentar beijá-lo em uma festa. Mas ele negou. E, para piorar a situação decadente da garota, ele teve a audácia de ficar com a vagalinha da Gabriela Mendes poucos dias depois.

— Não. — Barbara repetiu — Ele é… ele é um cafalha. Sai com um monte de garotas. Não quer compromisso com ninguém. Sabe, como amigo ele é larol. Mas, como namorado ou qualquer coisa do tipo? — Barbara voltou a balançar a cabeça — Não serve. Por que a pergunta?

Bianca pensou um pouco antes de responder a irmã. Elas eram gêmeas. Uma deveria saber tudo sobre a vida da outra.

— Ele… ele… ele quis me beijar ontem. E disse que gostava de mim.

O vestido que Barbara segurava em frente ao corpo escorregou de suas mãos, caindo no chão. E novamente ficou em choque por alguns segundos. Por que Anderson quis ficar com Bianca? Não fazia sentido.

— O que você fez?

Foi tudo o que Barbara conseguiu pensar em dizer. Era tudo muito estranho. Ela e Bianca eram gêmeas idênticas. Se ele não quis ficar com uma, não teria motivos para querer beijar a outra.

— Eu… eu fugi dele. — Bianca admitiu, abaixando o olhar.

— Você tem certeza que ele falou isso mesmo? Quero dizer, ele sabia que era você?

Essa pergunta era bem óbvia. Anderson sabia sim que era Bianca. Afinal, quando chamou a menina para conversar, deixou bem claro com quem queria trocar algumas palavras. Ou melhor, não só palavras. Mas algo dentro de Barbara queria acreditar que ele não sabia exatamente com quem estava falando. Esse algo se chamava esperança.

— Sim. Ele me chamou varias vezes de Bianca.

Os dois conversaram por horas durante a festa. Beberam stonalk. Dançaram algumas músicas. E sempre que dizia alguma coisa, o menino sempre falava o nome de Bianca. Parecia mesmo que ele queria que a garota soubesse que não estava se confundindo. Que ele não era como os outros.

— O que eu faço, Babi?

Barbara sorriu sem querer. Era bom saber que sua irmã precisava dela. Que ela queria ouvir seus conselhos. Porque ela era sim a melhor conselheira que existia. Principalmente para a sua irmã. Elas eram gêmeas. Se conheciam desde sempre. Uma sabia tudo sobre a outra.

Gêmeas - Nada Será Como Antes  [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora