Quando Bianca chegou à escola, sozinha mais uma vez, foi direto para a sala 03. Ela não encontrou Anderson sentado no banco do quarteto. Nem em seu percurso pela escola. Nem mesmo em seu lugar. O que a deixou levemente preocupada. Ele sempre chegava antes dela.
Porém, ela deixou seus pensamentos de lado. Sentando no lugar que era de Carlos, ela colocou os fones no ouvido e cantarolou as musicas que tocava. Estava tão envolvida na canção de Vinny Pietro, que nem viu quando Anderson entrou na sala. Só percebeu a presença do garoto quando a música acabou. Ele estava parado na porta, sorrindo para a menina.
Bianca sentiu seu rosto esquentar. Deveria está mais vermelha que tomate bem maduro. E lembrou quando ela e Anderson sentavam na arquibancada de alguma das quadras. Os dois compartilhavam o fone de ouvido. E, quando a menina se empolgava com alguma música, cantava. Ele sempre dizia que ela cantava bem, apesar dela não acreditar.
Anderson entrou na sala e jogou sua mochila em sua carteira, sentando, em seguida, atrás de Bianca, no lugar de Barbara. A menina tirou os fones do ouvido, escorando as costas na parede. Não queria olhar para o garoto a poucos centímetros de distância.
— Volta para o seu lugar, Bianca. — ele pediu, inclinando na direção dela.
— Meu lugar é aqui, agora. — ela respondeu, contendo a vontade de olhar para o garoto.
— Não. Seu lugar é na minha frente. Sempre foi. E sempre será.
Bianca quis desmentir. Dizer que só começou a sentar ali depois que eles ficaram juntos. Ali era o seu lugar quando ainda tinham um relacionamento. O que eles não tinham no momento. Mas, as palavras não saíram da sua boca.
— Eu e Carlos não estamos muito bem. Eu não estou conseguindo enxergar bem do quadro. Nem do garrancho que meu primo chama de letra.
Bianca acabou aceitando. E olhou para o menino quando assentiu. Ela viu um pequeno sorriso formar em seus lábios, mas a atenção da garota foi para os olhos vermelhos e lagrimejando do menino. A cada dia que passava, estava ficando pior.
— Você ainda não foi ao oftalmologista?
— Não. — ele passou a mão pelos olhos — Mas, minha mãe já pagou… quero dizer, minha avó.
Nem precisava saber que ele desviou o olhar para a armação em cima da mesa para dizer que ele mentia. Apenas na forma que ele se corrigiu rapidamente demonstrava que o menino não estava sendo totalmente sincero. E deixava ela confusa em relação a Anderson e Julia.
— Para de mentir para mim. Assim, fica difícil eu acreditar em você.
— Desculpe. É mentira. Mas, não se preocupe. Eu vou dar um jeito.
Dar um jeito. Anderson precisava de lentes novas. E rápido. Bianca não sabia o que ele estava aprontando para “dar um jeito” no seu problema. Ele precisava de ajuda. E, mesmo sem ele querer, ela encontraria uma forma de o auxiliar.
— Você não tem dinheiro, não é?
— Eu não quero o seu dinheiro. Ou do seu tio. Eu vou dar o meu jeito. — ele pegou a mão de Bianca — Não se preocupe.
Mesmo depois de dois anos, Anderson não sabia que nem adiantava dizer a Bianca para não se preocupar? Ela sempre se preocuparia, independente se as pessoas ao seu lado diziam que não havia necessidades de preocupação.
— E trabalho? — Bianca perguntou, olhando o garoto — Posso pedir para tio Diogo dá um emprego para a sua mãe. Assim, ele pode te conhecer melhor. E fica mais fácil…
Bianca parou de falar ao perceber a besteira que sairia de sua boca. Ela e Anderson não estavam mais juntos. Não tinha necessidades de Diogo aceitar o relacionamento deles. Mas, empregar Ângela não seria uma má ideia.
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Gêmeas - Nada Será Como Antes [Concluído]
Teen FictionBianca e Barbara Silva são gêmeas, de aparência idêntica, mas personalidades distintas. Enquanto uma é mais introvertida e tida por muitos como uma garota ingênua, a outra possui uma personalidade sociável e lidera, na maioria das vezes, as brincade...