Capítulo 11

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Quando Viviane entrou na sala do 10ºC naquela manhã de terça feira, ela já estava uma bagunça incrível. Todos conversavam. E alguns até ignoravam a sua presença. Outros nem ao menos percebiam que o segundo sinal havia soado.  Como era o caso do Quarteto Confusão. Eles planejavam mais uma brincadeira. O escolhido da vez foi Samuel Fernandes, professor de Física. Os quatro estavam tão distraídos com o planejamento que se assustaram quando a professora cumprimentou os alunos com um “Bom Dia!”.

— Abram o livro na página 14. Flávia, você poderia começar a ler?

Flávia assentiu e leu o primeiro parágrafo da página marcada pela professora. Alguns dos alunos ficam atentos. Outros nem tanto. E continuavam a conversar, formando pequenos múrmuros pela sala. A menina parou de ler, a pedido da professora, que escreveu alguns exemplos no quadro. Os burburinhos pela sala ficaram maiores e mais altos. E envolvia cada vez mais pessoas. Viviane parou e olhou para seus alunos. Foi um incentivo para que eles continuassem a falar com os colegas do lado.

A professora fechou o livro e pegou um caderno que estava em cima da sua mesa, passando atividades no quadro. Ninguém entendeu, embora continuassem com as conversas. Quando Viviane terminou de passar as cinco atividades, escreveu no alto da lousa, com grandes letras maiúsculas:

TERMINAR ATÉ O FIM DO HORÁRIO

— Assim que terminarem, podem trazer para que eu possa avaliar. — Viviane pediu e sentou em sua cadeira.

Os alunos se entreolharam surpresos. Viviane não podia simplesmente passar um monte de atividades no quadro e simplesmente mandar que eles fizessem, sem que ao menos soubessem resolver uma parte de cada questão. Ainda mais para avaliar.

— A gente não sabe a matéria. — Julia falou, sendo apoiada pelos seus colegas.

— Eu tentei explicar. Mas, a sala inteira, ou quase inteira, estava conversando. O que me fez acreditar que vocês já sabem a matéria ou não estão interessados. Então, concluir que eu não precisava explicar nada.

Viviane abaixou a cabeça, fazendo algumas anotações em seu caderno. Uma parte dos alunos começaram a copiar o que estava escrito no quadro. A outra parte ficou sem saber como agir. Deixariam de fazer as atividades como deixaram de fazer o trabalho?

Para a satisfação de todos, ou quase todos, Barbara levantou, chamando a atenção da professora e dos colegas. Conhecendo a garota, todos sabiam que ela estava muito irritada.

— A gente não vai fazer nada. — ela cruzou os braços.

— Senta, Barbara! — Bianca murmurou, mas foi ignorada.

— A sua obrigação como professora é ensinar, coisa que você não está fazendo.

Inacreditável como aquela professorinha sonsoca e burrota com cara de adolescente acha que pode fazer o que ela quiser. Quem ela pensa que é? Não é só porque ela tem um diploma da educação terciária que pode agir dessa forma. O salário que Viviane recebe sai do bolso da população. E ninguém estava pagando uma professora para ficar passando atividade no quadro e só.

— Exatamente, Barbara — Viviane levantou e sorriu — Minha obrigação é ensinar vocês. Ensinar nada mais é do que transmitir um conhecimento a alguém. Mas, se vocês já possuem tal conhecimento, eu não estarei fazendo o meu papel de ensinar. Eu estaria… hummmm… revisando.

A discussão entre Barbara e Viviane era acompanhada pelos olhares atentos de todos os alunos. Bianca segurou fortemente a mão de Anderson. Ou era isso, ou ela tentaria calar a irmã, o que não seria muito útil. Só chamaria mais atenção desnecessária.

Gêmeas - Nada Será Como Antes  [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora