VIVIANE E SEU PRIMEIRO DIA COMO PROFESSORA.
O primeiro dia como professora titular em uma escola tão renomada como a EPMG deveria ser visto como uma data memorável. E foi. Mas não da forma que Viviane gostaria de se lembrar pelo resto da sua vida. Desde que se formou, sabia que sua profissão não seria fácil. Mas não chegava a imagina que fosse quase impossível.
Tudo estava indo muito bem. Ela chegou, conversou com a secretária Emanuelle Bonatt, com quem ela já havia trocado algumas palavras nos dias anteriores. Depois seguiu para o segundo andar, onde localizava a sala dos professores. Foi somente quando ela abriu a porta, que o choque de realidade lhe atingiu. Todos os olhares da sala foram para a sua direção. E nenhum deles amigável.
—Alunos não podem entrar nessa sala. — um dos homens presentes na sala se pronunciou. Ele possuía cabelos pretos, mas vários fios brancos eram vistos. Deveria ter uns 45 anos.
— Desculpe, senhor. — Viviane falou, tentando não demonstrar o quanto aquela frase a afetou de maneira negativa — Eu não sou uma aluna. Sou a nova professora de Matemática. Viviane Ribeiro, prazer.
Viviane sorriu de forma amigável. Ela não precisava se explicar. Estava usando o uniforme dos professores. Uma blusa preta, com o brasão da escola do lado esquerdo e o nome atrás, na barra da blusa. Porém, suas vestimentas não foram o suficiente para que seus colegas de trabalho acreditassem em suas palavras. Alguns riram com deboche.
— Você não acha que pode pegar o uniforme dos professores e passar por ela só para tentar enganar a gente, não é? — o mesmo homem de cabelos pretos disse.
Viviane contou até dez mentalmente enquanto encarava o homem, que ela pode perceber, também tinha olhos escuros. Apesar dele já ter alguns anos de experiência, não lhe dava o direito de julgá-la por ser tão nova. Viviane tinha vinte e cinco anos. Se formou aos vinte e dois, como uma das melhores estudantes da faculdade de matemática da Universidade de Sedstar. Nos últimos três anos trabalhou como professora auxiliar na Escola Luiz Martins Motta. Era o seu primeiro ano como titular. Entretanto, nenhum daqueles presentes na sala, inclusive aquele professor que ela não sabia o nome, chegaram com experiência. Todos já passaram pela mesma situação que ela.
— Se não acredita em minhas palavras não posso fazer nada a respeito. — Viviane falou por fim.
O primeiro contato com os professores não foi um dos melhores. Com a coordenadora não foi diferente. Carla a olhou dos pés a cabeça, de forma indelicada, tentando se certificar que ela era realmente uma professora e não uma aluna infiltrada. Porém, não disse nada a respeito. Apenas deu as boas vindas, conforme sua posição lhe obrigava. Em seguida, mandou que ela a seguisse pelos corredores até a primeira sala. Viviane olhou para a pasta transparente em suas mãos. 10ºC.
Durante o pouco tempo que ficou na sala dos professores, recebendo olhares tortos dos demais educadores, ela ouviu alguns cochichos. E pode descobrir que o 10ºC não era uma turma fácil. Na verdade, era considerada a pior turma da escola. E, seu primeiro contato com os alunos provou que o que ouviu poderia sim ser verdade.
Começou, primeiro, com gracinhas de um dos alunos. Carlos, um garoto de cabelos loiros, fez um comentário debochado. E riu com os demais colegas. Viviane não se importou tanto. Afinal, eram adolescentes, do 10º período. E, de certa forma, imaturos. Ainda teriam muito que viver.
O que fez com que Viviane quase desabasse em sala de aula foi o olhar de pena que a coordenadora lhe lançou. Era como se Carla lhe dissesse “você é incapaz”. E, naquele momento, Viviane se sentiu realmente incapaz.
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Gêmeas - Nada Será Como Antes [Concluído]
Teen FictionBianca e Barbara Silva são gêmeas, de aparência idêntica, mas personalidades distintas. Enquanto uma é mais introvertida e tida por muitos como uma garota ingênua, a outra possui uma personalidade sociável e lidera, na maioria das vezes, as brincade...