Capítulo 02

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Para o terceiro dia oficial de aula, a Escola Professor Marcos Gonçalves estava bastante vazia. Isso porque, para alguns alunos, aqueles primeiros dias eram desnecessários. A maioria dos professores apenas revisava as matérias dos anos anteriores para assim começar mais um novo ano. O Quarteto Confusão não se enquadrava nesse grupo. Para eles, aqueles primeiros dias eram essenciais para iniciar um novo ano. Porque era na primeira semana que as melhores ideias de pegadinhas surgiam em suas mentes.

O quarteto tinha até seu lugar. Um banco, em frente ao prédio do ensino fundamental e com vista para um dos portões de entrada da escola. Desde o ano anterior, os quatro se reuniam naquele mesmo lugar antes das aulas começarem. E sentados no banco do quarteto que os meninos estavam quando as gêmeas chegaram animadas. Barbara em especial. A garota possuía um sorriso malicioso no rosto. Anderson e Carlos sorriram da mesma forma. Barbara daquele jeito indicava que uma ideia geniastica estava por vir.

Barbara reuniu os colegas em uma pequena rodinha. Nem mesmo sua gêmea sabia da ideia que teve no fim da noite anterior. Ela fazia mistério e suspense. E só contou quando todos estavam reunidos. Os quatro sorriram, imaginando a cara da professora depois da pegadinha. Seria bastante engraçado. Barbara conseguia visualizar Viviane fugindo da sala.

Era apenas o terceiro dia de aula e o Quarteto Confusão entraria em ação. Para a alegria dos colegas. E pavor dos professores.

☆ ☆ ☆ ☆ ☆

Quando Antonio Sampaio, professor de Geografia, saiu da sala, os alunos do 10ºC se espalharam. Depois de repassar o plano com a irmã e os dois colegas, Bianca foi para o lado de fora da sala. Ela escorou na parede, próxima a porta, observando aqueles que andavam pelo corredor. Sua tarefa era bem simples, mas de grande importância. Se alguém aparecesse, ela teria que avisar os colegas. Ela não conseguia ver ninguém dentro da sala, a porta estava fechada, mas ela sabia qual seria o resultado. Ou ao menos imaginava. Seus colegas ririam por um bom tempo. Receberiam um sermão da professora e, talvez, da coordenadora em seguida. Aquilo era normal e esperado.

Após terminar de executar sua parte do plano dentro da sala, Barbara chamou pela irmã. As gêmeas trocaram de lugar, para deixar a professora ainda mais confusa.

Sentada em sua mesa, ou melhor, na mesa de sua irmã, Barbara arrancou um pedaço de papel do seu caderno e escreveu um bilhete simples, mas que explicaria tudo. Em seguida, olhou para alguns dos seus colegas. Qual deles poderia ficar em cargo dessa difícil missão? Julio. Eduardo. Davi. Mateus. Sergio... não. Nenhum deles era capacitado. Rafael entrou na sala conversando com Igor e Geovana. Sim. Sim. Ele era perfeito. Um dos maiores cúmplices do Quarteto Confusão. Se um dia, eles quisessem aumentar o grupo, ele seria um forte candidato a entrar.

Barbara se levantou da carteira que estava sentada e caminhou confiante até o garoto. Ele já estava sentado quando ela ficou de frente para ele. Como ela esperava, Rafael sorriu como um bobo. Não podia negar que ele era bonito, principalmente por causa dos olhos verdes. Até porque, se não fosse, ela não teria ficado com ele algumas poucas vezes. Porém, ela era demais para garotos como ele.

A menina sorriu para o colega. Um sorriso misterioso e sutil. E lhe entregou o bilhete. Ele demorou alguns segundos para pegar o recado nas mãos de Barbara. Rafael desdobrou o papel e leu a mensagem com a caligrafia perfeita da garota a sua frente.

"Depois que a professora Vivianchata chegar, pede para ela ligar o ventilador. Ela quem deve ligar."

Rafael voltou o seu olhar à garota a sua frente. Barbara lançou uma piscadela ao menino, que retribuiu da mesma forma. Ela sorriu novamente e voltou ao lugar que estava sentada. Ela percebeu o olhar de irritação que Carlos lançou a Rafael. E não se importou. Ele não tinha direito algum sobre ela.

Gêmeas - Nada Será Como Antes  [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora