Capítulo 06

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Quando o último sinal tocava, parecia que a porteira para que os bois passassem havia sido aberta. Alguns dos estudantes da EPMG não viam a hora de chagar em casa. Outros caminhavam a passos calmos, quase sendo levados pelos apressadinhos. Nem todos tinham a necessidade ou a vontade de chegar a casa rapidamente. Era o caso do Quarteto Confusão.

Barbara caminhava acompanhada de Carlos. Os dois trocavam palavras que não eram ouvidas por Bianca. Além da falação dos demais estudantes, a menina apreciava a presença de Anderson ao seu lado. Eles caminhavam em silêncio. As palavras nem sempre eram necessárias. Naquele momento, não era.

Passando pelo portão da escola, Anderson abraçou Bianca pela cintura, ficando de frente para ela. A menina apoiou as mãos no ombro dele. Os dois conseguiram ver quando Barbara revirou os olhos. Mas, fingiram que não viram. Anderson era o único capaz de fazer Bianca se desligar, pelo menos um pouco, da irmã.

— Até quando você vai ficar sem o celular? — Anderson sussurrou.

— Eu ainda não sei.

Diogo não era o tipo que limitava um tempo para os castigos que dava as meninas. O tempo era indeterminado. Ele poderia entregar o celular para elas assim que chegar a casa, ou depois de meses. Apesar de que ele nunca foi tão radical em deixar as gêmeas mais do que uma semana sem o aparelho. Porém, nunca dava para saber até que ponto Diogo estava irritado.

— É muito ruim ficar sem conversar com você. Será que não existe outra forma da gente se falar? — Anderson perguntou.

— Só se for pombo correio. Ou telepatia.

— Ah, pombo correio demora muito. Gostei mesmo foi da segunda opção. — Anderson deu um beijo na bochecha de Bianca, fazendo com que ela desse uma risadinha.

— Dá para vocês dois pararem? — Barbara reclamou — Está dando ânsia de vômito.

— Melhor eu ir, Dede. Até amanhã.

Bianca deu um beijo rápido nos lábios de Anderson e foi para perto da sua irmã. O menino e o seu primo seguiram pela rua contrária pela qual as meninas prosseguiram. As duas conversavam amenidades quando um carro parou próximo a elas. Parecia Diogo, mas ele estava no trabalho. O vidro da janela abaixou, revelando ser realmente o tio das gêmeas. Bianca trocou olhares com a irmã. Se Diogo tivesse chegado um pouco antes ou se Barbara não tivesse chamado por ela, ele teria visto a menina com Anderson. E não seria nada bom.

— Querem uma carona, garotas? — Diogo perguntou.

— Depois você me agradece, ermya. — Barbara sussurrou para a irmã.

Diogo nem precisou repetir a pergunta. Barbara correu para dentro do carro, sentando no banco do carona, como fazia toda vez. Bianca entrou em seguida, sentando no meio do assento traseiro.

Antes que Diogo girasse a chave, Viviane passou pela calçada. Barbara fechou o vidro da janela para que o tio não vesse a professora. Entretanto, ele já tinha notado a presença da namorada. E abriu a janela.

—Aceita uma carona, Viviane? — Diogo perguntou.

— Não, tio, não! — Barbara resmungou, sendo ignorada por ele.

— Obrigada, Diogo. Mas, não é necessário…

— Entra Viviane. Eu passo na sua rua.

A professora de Matemática aceitou a carona, entrando no carro e sentando do lado de Bianca. A menina se afastou, escorando na porta. Barbara agia como se nada lhe afetasse. A professora era insignificante.

Viviane cumprimentou as meninas, porém, nenhuma delas respondeu. Bianca encontrou o olhar severo de Diogo e respondeu a mulher quase que sussurrando. Barbara colocava o cinto quando viu que o tio lhe observava. Ela revirou os olhos.

Gêmeas - Nada Será Como Antes  [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora