Four- Second Lie

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Musica: IDFC- blackbear

Terça-feira, 17 de novembro

Shawn Mendes

Acabo de sair da sala de reuniões, depois de ter uma com alguns investidores ingleses sobre a filial em Londres.
Meu pai participou por chamada de vídeo e fez questão de lembrar no final " Estou aí na semana que vem para conversarmos melhor sobre isso". Não é como se eu o odiasse, só odeio o fato dele ter colocado mais pressão sobre mim desde que eu tinha nove anos de idade, do que nos meus outros irmãos.

Às vezes me pego pensando nos meus sonhos que foram arruinados pela minha família e acabo odiando mais ainda a vida que levo nessa empresa. Desde que me entendo por gente, é tudo sempre por ela, e meu pai tinha o hábito frequente de nos trocar pelo seu trabalho e suas reuniões. Pensei que fosse conseguir fugir de todas essas responsabilidades, mas ele precisou me colocar no seu lugar depois de alguns problemas sérios que se meteu.
Passei a preservar mais o legado da minha família a medida em que fui descobrindo toda a nossa história e as coisas que meu avô sacrificou para fazer-se ser lembrado. Ele foi um grande advogado e fundou a Mendes Enterprises com a ajuda do seu colega de faculdade, Thobias Hill. Essa, era voltada diretamente para a compra e venda de ações da bolsa de valores.
Alguns anos depois, os Hill decidiram abrir a sua própria firma de advogados e mantiveram apenas a parceria conosco, mas meu avô e, mais tarde, meu pai, expandiram a empresa para o ramo da tecnologia, até chegar no dia de hoje que contamos principalmente com serviços online que vão de streaming à venda de produtos eletrônicos e diversos.

A minha conta bancária pode facilmente iludir qualquer pessoa, mas se tem uma coisa que posso dizer com toda a sinceridade e tristeza do mundo é: Dinheiro não compra felicidade.
Isso é muito clichê e 99% das pessoas revira os olhos ao escutar essas palavras, mas tenho credibilidade para falar porque nunca tive uma vida carente de coisas materiais, apenas de carinho paterno.

Olho os prédios pela janela e suspiro.

Juro que se pudesse, largaria isso tudo e me mudaria para um lugar calmo como Vancouver ou Ottawa, ou até mesmo para um lugar isolado no sul da França. Nova Iorque já está me enchendo e me deixando mais vazio do que a minha cama de manhã.

Olho para o telefone rosa em cima da mesa e minha mente se volta totalmente para Blair. Sorrio fraco quando uma imagem do seu sorriso me vem na cabeça.

Ela foi a única amiga de verdade que tive durante toda a minha infância e adolescência. Tínhamos uma conexão completamente inexplicável e, às vezes, sentia que nos conhecíamos de outras vidas.
Mesmo com o seu temperamento batendo de frente com o meu, Blair nunca deixou que a nossa amizade fosse arruinada por uma briga ou argumentação besta. Ela sempre foi o tipo de pessoa que tenta salvar tudo e todos de seus próprios demônios interiores, mas dificilmente compartilhava os seus problemas com os demais. Eu, inclusive, só fui descobrir da traição do Maison três semanas depois, através da Chloe.

Lembro-me da sua paixão pelo universo e do seu fascínio por constelações que a mantia acordada a noite inteira para observa-las.
Quando Blair começava a falar sobre as coisas que a cativavam, tudo que conseguia prender a minha atenção era o brilho dos seus olhos, enquanto as palavras saíam da sua boca.
Talvez eu tenha me apaixonado por ela várias e várias vezes, mas todas essas foram em momentos errados. E esse definitivamente não vai entrar nessa maldita lista, pois não deixarei e não há possibilidade alguma de um raio cair no mesmo lugar uma terceira vez. Ou quinta. Que seja.

Olha só quem tá sorrindo feito idiota lembrando de uma mulher!

Balanço a cabeça para tentar tirar esses pensamentos da minha mente e pego o telefone em cima da mesa, saindo da minha sala e entrando no elevador.

Good LiarOnde histórias criam vida. Descubra agora