Capítulo Quatro

226 17 45
                                    

Na quinta-feira Richard encontrou Jason sentado embaixo da árvore do pátio do bloco F, ele estava de fones e lia alguma coisa. Dick não conseguiu identificar de longe o livro mas quando chegou perto viu que o rapaz lia To Kill a Mockingbird e naquele momento Richard gritou internamente de empolgação, seu coração deu uma grande palpitada. Era seu livro favorito, e o garoto estava lendo.

— "Queria que você a conhecesse um pouco, soubesse o que é a verdadeira coragem, em vez de pensar que coragem é um homem com uma arma na mão. Coragem é fazer uma coisa mesmo estando derrotado antes de começar, e mesmo assim ir até o fim." — Richard comentou parando na frente de Jason que ergueu o olhar e sorriu, os feixes de luz solar que passam pelas frestas entre as folhas da árvore realçaram os olhos do mais novo e fez o sorriso preguiçoso do mesmo brilhar, Richard sabia que se alguém pintasse ele naquele momento poderia vender por bilhões, porque sim, aquilo se igualava a uma obra de arte. Fechou livro e se espreguiçou.

— Pensei que só lesse coisa chata. — Respondeu brevemente e bocejou, voltou a se encostar na árvore.

— Está brincando ? Eu amo esse livro. Li no ensino médio. — Dick se sentou ao lado de Jason.

— Até agora não entendi o nome do livro.

— " Você entende que não foi Jem que matou o homem não é ?" — Richard deixou as costas retas enquanto recitava. — " Sim, isso seria como matar um rouxinol. "

— Sim, isso eu não entendi.

— Matar um rouxinol é matar a inocência. — Richard disse simples. — Se Scout achasse que Jem havia matado o homem ela perderia a inocência. Que é o principal ponto do livro, poxa ele é narrado pelo ponto de vista de uma criança. O preconceito sendo narrado pelo ponto de vista de uma criança. É perfeito.

Dick virou o rosto para Jason, que o encarava admirado, não conseguiu evitar de corar um pouco, apoiou o rosto na mão e tomou o livro em mãos.

— Consigo imaginar perfeitamente você adolescente lendo isso e sei lá, decidindo fazer psicologia. — Jason fechou os olhos enquanto falava e ria baixo para si mesmo.

— Jason, eu preciso falar uma coisa que pode te decepcionar. — Dick disse cutucando o braço do outro, interrompendo seus pensamentos. — Esse sábado não posso ir no teatro, tenho uma espécie de tradição em família e tenho que ir esse sábado até minha casa.

— Não tem problema, eu já imaginei que você não iria de qualquer forma, não combina com seu perfil. — Jason respondeu leve e observou o livro nas mãos de Dick.

E dessa vez quem estava ofendido era Richard, ele definitivamente não iria admitir mas queria ir no teatro, nunca tinha ido e nunca se imaginou indo, era verdade, mas se o mais novo o convidou ele com certeza queria ir.

— Bem, me passa seu número, podemos marcar outro dia. — Dick estendeu o celular para o outro, que não tardou em pegar e anotar o próprio número ali. Richard pegou o celular novamente e riu alto do nome. — Homem dos seus sonhos?

Jason deu de ombros e pegou o livro novamente, se levantou e acenou.

— Adoraria lhe humilhar em quesito citações, mas eu preciso ir agora, minha carona está me esperando, marcamos outro dia, boa reunião de família.






As manhãs de sábado eram extremamente perfeitas para dar um passeio, viajar, ir até a praia, fazer qualquer coisa que não fosse estar no hall de entrada da mansão de seu pai em plenas 9 da manhã.

Era óbvio que Richard estava feliz em rever seus irmãos, estava morrendo de saudades de ambos é isso o fazia continuar indo nas porcarias das reuniões, e é claro, ver o Alfred.

You're the Habit that I Can't Break ( Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora