O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)

Capitulo 2

Corvo

Eu odiava garotas boazinhas. Gostava de ser desafiado, de atrevimento, boca suja. Gostava de mulheres que podiam ser piores que eu. Talvez fosse por isso que em momento algum olhei para a indiana de modo cafajeste. Ela era obediente demais, não tinha malícia. Era bonita, por isso me deitei com ela uma vez. Mas nada indicava que o erro se repetiria.

— Depois de secar tudo, troque os lençóis das camas — ordenei. Eu ia desafiá-la, ninguém podia ser obediente o tempo todo. Devia existir alguma chama rebelde dentro daquela mulher e eu queria conhecer para saber que tipo de pessoa eu estava abrigando.

— Tik (sim), senhor.

— Fale em inglês comigo, coisinha.

Ela trincou os dentes e eu tive um vislumbre da sua alma feroz. Da menina que me seduziu no dia do seu casamento para contrariar a ordem do pai.

Eu dei as costas para ela, mas olhei por cima do ombro a tempo de vê-la me mostrar o dedo do meio.

Ri sozinho enquanto seguia para a sala de reuniões.

Os problemas começaram assim que empurrei a porta. Os membros da Sociedade despejaram tudo de uma só vez.

— FOI UMA EMBOSCADA! — Gritou um deles.

— Fale sem gritar, dessa vez — exigi, áspero.

O sujeito se acalmou e se sentou.

— As drogas, era uma emboscada. Quando André e eu chegamos tinha uma porrada de policiais no armazém e nada de cocaína.

— Cacete, Damon. Você precisa analisar melhor os serviços. Théo e eu quase fomos pegos — falou André.

Virei o rosto para ele sem movimentar o tronco.

— Como é? Eu preciso o quê? — Os dois se retraíram. — Estão me culpando pela covardia dos dois? Vocês estão em uma das maiores sociedades de criminosos do Mundo e acham que nunca vão correr riscos?

— Nunca corremos riscos com os antigos líderes! — Falou André.

— Ah, não? Então pode me explicar como os dois acabaram mortos em sua própria casa?

Ele engoliu em seco.

— Se as duas mocinhas estão com medo, deem o fora daqui. Não preciso de dois covardes colocando meu negócio em risco.

Théo se levantou, exasperado e bateu o punho na mesa.

— Eu só espero que não precise da minha ajuda quando a polícia bater aqui!

Me levantei também.

— Eu pareço ser o tipo de pessoa que precisaria da sua ajuda? Dê o fora daqui enquanto ainda tem pernas para isso.

Encerrei a reunião com a cabeça pesando duas vezes mais. Segui para a cozinha e peguei um pouco do yogurt que Dona Galanis havia preparado. Acrescentei mel e noz. Enquanto mexia com a colher, a indiana entrou. A maquiagem dos olhos já estava borrada e a expressão era de esgotamento.

— Terminei, senhor Damon.

— Limpou os quartos?

— Sim.

— Trocou todos os lençóis? E tirou pó dos móveis?

Confirmou com a cabeça. Fiquei surpreso. Eu tinha certeza de que ela desistiria. Era uma mulher de família nobre, pensei que não se sujeitaria a se tornar uma empregada.

Ela seguiu com os olhos o movimento da colher no meu yogurt.

— Gosta de yogurt grego, Farah?

— Não sei.

— Gostaria de provar?

Me olhou em dúvida, mas se aproximou mesmo assim. Um passo de cada vez, suas joias barulhentas a acompanhando a cada movimento.

Quando ergueu as pálpebras para mim, a vi de outro modo. Eu vi uma Farah desafiadora.

Molhei meu dedo no yogurt e o ofereci a ela. Eu realmente não pude me conter. Eu adorava jogos de poder e sedução, e quando entrava, era para ganhar.

— Eu sei que vocês indianos comem com as mãos — brinquei.

Eu achei que ela ia recuar, mas não recuou. Abaixou sua cabeça e foi com a boca no meu dedo lambuzado com mel e yogurt.

Ela o chupou inteiro e eu fiquei excitado no mesmo instante. Meu pau não conseguiu se segurar, ignorou completamente o fato de Farah ser uma indiana e não ruivas como eram minhas preferidas. Apreciei sua boca quente e molhada em contato com a minha pele e tive de engolir um gemido.

— Bom? — Perguntei, engasgado.

— Gostoso. — Não aparentou vergonha ao dizer.

Voltei minha atenção para o movimento da colher e disse sem encará-la.

— Sirva-se com um pouco.

— Gostaria de poder descansar agora, senhor Damon — disse, entre os dentes e me deu as costas.