Capítulo 69

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Farah

Fazia horas desde o seu sumiço. O desespero que me fazia andar de um lado pro outro, era o mesmo que colocava na minha cabeça que Damon foi lidar com Konstantinos e tudo deu errado.

O sentimento de angústia fez um redemoinho na minha barriga.

— E se ele estiver morto?

Hades era o único na sala de reunião que interagia comigo. Todos os outros só bufavam sem entender uma única palavra que saía da minha boca.

O que estou fazendo com um grupo de caras que detesto?

— O corvo não morre, ele mata.

— Pode ter sido preso.

— Eu o conheço desde que ele era só uma arma de Dionísio, por isso credite em mim, o maldito é blindado. Todo mundo reza por suas vidas quando dá de cara com ele.

Depois daquilo soube que eu era a única a ver seu outro lado. A bondade de Damon estava muito bem escondida para o olho nu.

Um empregado repôs a água no copo de todos.

— Vocês não deviam ir atrás dele, já que é o chefe de vocês? — questionei, sendo um pouco atrevida ao gesticular com as mãos.

— Ele está desaparecido a menos de vinte e quatro horas. Deve estar afogando as mágoas nas coxas de alguma grega. Agora sente nessa cadeira antes que eu a faça sentar! — Levei Hades ao extremo.

Não compreendi porque todos me encararam boquiabertos quando me sentei na cadeira da ponta. Só sei que eu, inconscientemente, ofendi alguém ao ocupar aquele lugar.

— É a cadeira do corvo. Da última vez que um cara sentou aí, ele enfiou um cabo de vassoura na bunda dele — explicou-me Hades.

— Damon não enfiará nada na minha bunda!

— Eu sairia daí se fosse você — precaveu.

Não tive tempo de me levantar – eu não iria mesmo me levantar – porque o dono de toda aquela soberania chegou e chegou limpando as mãos sujas de sangue em uma toalha branca.

Outros quatro sujeitos atravessaram a porta poucos minutos depois.

— Quem são esses? — perguntei em um cochicho para Hades.

— Boa pergunta, indiana. Boa pergunta.

Os olhos escuros e gélidos de Damon encontraram os meus medrosos e quando tomei fôlego para perguntar se aquele sangue era de Konstantinos, ele tomou à frente e começou a se explicar...em grego.

Isso é um castigo por eu estar ocupando seu lugar?

Ele apresentou os quatro misteriosos: Yorgos, Zach, Tom e Allan. Deu continuidade ao seu discurso, limpando a sujeira entre o vão dos dedos. Eu encontrei, entre a ansiedade e a negação, tempo para admirar seus lábios pronunciando aquele idioma tão bonito e fragoroso.

Quando terminou de falar com suas criaturas deu as costas e saiu. Cada um dos súditos se levantou.

— Aonde todos estão indo? — Segurei o braço de Hades antes que ele também partisse.

— Damon nos convidou para ver ele enfiando um cabo de vassoura na sua bunda por ter se sentado na cadeira dele. — Meus olhos saltaram. Ele gargalhou estridente — É brincadeira. Ele pediu para que a reunião fosse adiada para amanhã.

— Por que?

— Fofinha, pergunte a ele. Não sou seu tradutor.

Fiquei sozinha por um tempo, perpetuando o meu desprezo por aquele apelido.

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora