Capítulo 45

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Corvo
Era por essa razão que eu odiava sentimentalismo.

Por isso transava sem me envolver demais.

Mulher era filho do diabo. E a Farah, bem, ela era o próprio diabo.

Não me lembrava de que horas cheguei no hotel na noite anterior, ou na anterior da anterior, mas me lembrava que o sol já descortinava no horizonte. Eu não queria ter bebido novamente, mas bebi mesmo assim. Não tinha como suportar tamanha frustração, sóbrio.

— Não vai levantar hoje não? — Matt perguntou, cutucando minhas costas.

— Está doente de novo? — compactuou Marvin.

Ah, Marvin... Se ele falasse de Farah naquela manhã, eu sabia que agiria com uma agressividade não calculada. Ele tinha desencanado dela desde que levara um fora, mas, por vezes, o nome da traiçoeira surgia em nossas conversas.

Joguei o lençol pro lado e me levantei antes que fizessem uma nova pergunta.

Não adiantou.

— Você está acabado, mano — reparou Matt, insensível. — Tem comido ou tá enchendo o bucho só com álcool?

— Estou bem.

— Porra nenhuma. Seus olhos nunca estiveram tão fundos — retrucou Marvin.

— É só a ressaca — fui mais convincente.

Marvin espirrou três vezes seguidas.

— Esse pó todo da cidade tem atacado a minha rinite.

— Se o problema fosse só o pó estaria bom. O calor tem me deixado com dor de cabeça quase todo dia — falou Matt. — Olha, vou te contar, o satanás tá de parabéns.

Torci os lábios.

— Vocês são piores que menininhas.

Meu celular tocou. Deixei o quarto para atender.

— Juliana?

— Damon, você não vai acreditar no que aconteceu.

— Estou ansioso para descobrir.

— Retiraram todas as acusações sobre você.

— Ficou maluca?

— Os investigadores chegaram à conclusão de que as drogas e as armas eram dos antigos líderes de Érebos e que você não tinha conhecimento sobre elas por estarem escondidas em cofres secretos.

— Não. Isso não faz nenhum sentido. Os policiais sempre ficaram na minha cola, atrás de um deslize, e agora me liberaram? Ô cacete. — Continuei em negação. — E o cadáver que encontraram no quintal?

— Um dos membros presos assumiu a culpa.

— Isso tem cheiro de suborno.

E daí? O pai da indiana te meteu nessa enrascada, ele livrá-lo é obrigação dele.

— Eu não aceito gentileza de homens como esses. E sobre a primeira-dama? Há algo para me dizer?

— Seus homens não confiam em mim para me contarem nada. Mas, pelo que sei, ela continua desaparecida.

— Obrigado, querida.

— Agora você pode voltar para nós.

— Eu sei. Darei o fora quando tiver certeza de que Manish foi neutralizado.

— Neutralizado? Irá matá-lo?

— Com certeza vou.

— Sabe o que penso sobre isso. Não é?

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora