Capítulo 3

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Farah
Eu não sabia até que ponto conseguiria obedecê-lo sem surtar. Noite passada, quando o corvo me pediu para provar o yogurt em seu dedo, foi o meu limite. Ele zombara dos meus costumes na minha cara, foi demais para mim. Acabei agindo com raiva e chupei seu dedo, dizendo a mim mesma que não podia mordê-lo. Enquanto Damon não pagasse meu pai por minha liberdade, eu teria de obedecê-lo. Se ele desistisse de me comprar, meu pai me mataria. Ele sem dúvida me mataria. Eu era a filha caçula e a única que resolveu desafiá-lo. O que seria de mim se Damon desistisse de me ajudar e meu pai, além da humilhação, ficasse sem seu dinheiro?

Vesti um saree laranja para aquela manhã ensolarada e fiz uma oração rápida antes de deixar o quarto.

Enquanto seguia pelo corredor, descia as escadas, e passava pelo hall de entrada, tentei convencer a mim mesma de que ser a empregada de um homem, era melhor que ser a esposa dele.

— Farah, minha gentil indiana. Poderia passar a minha camisa? — O corvo me jogou sua camisa logo que me viu e exibiu seu peitoral saudável. Descobri que Damon não tinha vergonha alguma em mostrar sua nudez. Pelo contrário, tinha orgulho.

Procurei olhar para qualquer outra coisa. De onde eu vinha, os homens não andavam mostrando seus músculos para mulheres que não fossem suas esposas.

— Não precisa desviar os olhos, querida. Não há nada aqui que você ainda não tenha visto.

Senti minha boca seca. Aquele era meu segundo dia ao lado do corvo e eu já estava arrependida de tê-lo escolhido para fazer parte do meu plano.

— Desculpe, senhor Damon. Mas sua nudez me deixa desconfortável.

— Nudez? — Ironizou. — Meu bem, não fale como se eu estivesse com o pau pra fora.

— Por favor, sen...

— Tudo bem. Eu e minha nudez ficaremos lá no jardim enquanto você passa minha camisa.

Ele deixou o palácio rindo de mim. Era um verdadeiro desrespeito ser motivo das suas gargalhadas.

Segurei sua camisa com força, imaginando que aquilo era seu pescoço, e segui para a lavanderia. Tinha pelo menos outras dez empregadas pela casa e eu não entendia porquê ele ficara me esperando para aquela tarefa. Qualquer outra podia ter facilmente cuidado daquilo. Ele não esperara nem ao menos o meu desjejum.

Peguei o ferro quente e não tive o menor cuidado ao passar a roupa.

O cheiro do perfume masculino ficou pelo ar assim que levei o ferro no colarinho. Era bom. Três vezes melhor do que eu me lembrava. Uma fragrância fresca, apimentada, sexy e sofisticada.

Dobrei a camisa não exigindo qualquer delicadeza e quase correndo o risco de amassá-la novamente.

— Aqui está. — Entreguei-a para Damon assim que nos encontramos. Não tirei os olhos dos meus pés, mas também não consegui aquietar a curiosidade e acabei erguendo o olhar rapidamente para seu peitoral.

— Obrigado, querida Farah. Agora — vestiu a camisa e fechou os botões sem desviar os olhos de mim —, me acompanhe em um passeio. Ontem eu não estava tendo um bom dia e acabei não conseguindo compreendê-la melhor.

— Senhor Damon, eu tenho cois...

— Isso não é um convite. Quero saber, como me encontrou?

Engoli em seco e não pensei duas vezes antes de segui-lo para fora do palácio. Sequer tive tempo de calçar meus sapatos.

— Meu pai é um homem de contatos, senhor Damon.

— O considera uma ameaça para mim? — Investigou.

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora