Farah
Tudo ficou frio e deprimente quando chegamos na parte mais distante de toda a ilha. Aquela colina onde Damon parou sua moto, parecia não existir no mapa.
— Nos refugiaremos ali. — Desligou o motor e apontou para um moinho de vento não muito distante.
O medo me assolou quando minha mente começou a se perguntar no que de pior podia me acontecer estando num deserto de quatro paredes com Damon.
— Invadiremos? — perguntei, enfim.
Me sorriu de forma sem-vergonha.
— Não. Esse lugar sempre foi meu ponto de fuga. Sempre soube que um dia eu o usaria.
— Ele não funciona mais? O moinho?
— Nunca funcionou. Era só uma distração para espantar invasores.
— Você é esperto.
Seus olhos imitaram o brilho do sol.
— É a primeira vez que me faz um elogio. Estou lisonjeado. — Ele tirou a chave da sua motocicleta e me ajudou a descer assim que o fez.
O segui até o moinho branco de hélices azuis. Esperei que Damon fosse o primeiro a entrar e então o acompanhei e o esperei fechar a porta. Tive um calafrio quando a trancou.
O interior era pequeno e arredondado. A cozinha ficava embaixo e uma escadinha de madeira levava para o andar de cima, onde eu supunha ser o quarto.
— É temporário — atentou Damon.
— Tem água?
— Sim, claro. — Apontou para o frigobar.
Peguei uma garrafinha e a esvaziei de uma vez só.
— Não podemos abrir as janelas, mas vou ligar o ventilador para refrescar um pouco. — O estrondo foi imenso quando o fez. Parecia uma britadeira. — Merda. Deve ter enferrujado. — Damon deu tapas no ventilador de aço na tentativa de silenciá-lo. Mas não funcionou.
— Há quanto tempo não vem aqui?
— Desde que o construí. Deve fazer uns cinco anos.
Amarrei os cabelos em um coque alto para que o vento chegasse na minha nuca e me ajoelhei diante o ventilador barulhento.
— Farah, não podemos deixar isso ligado. Vai atrair muita atenção — alertou-me.
— Sim, eu sei. Só não destrua meu pequeno momento de prazer tão cedo.
Ergui os olhos a tempo de ver seu sorriso, peguei carona e sorri de volta. Ele tinha algo provocante para dizer, eu sabia que sim, mas para o bem da minha sanidade, ele mudou de assunto.
— Verei os outros mantimentos. Você pode cuidar da comida? Veja a validade. Espero que ainda tenha algo bom.
Assenti.
— Desliga isso aí — reforçou, se referindo ao ventilador e subiu para o segundo andar. — Puta merda, aqui tá ainda mais quente.
— Se o ventilador não pode gritar, então você também não pode — retruquei assim que me levantei.
— Justo. Já fez o que te pedi?
Revirei os olhos e fui até as prateleiras de madeira. Entre as comidas enlatadas, tinha extrato de tomate, milho cozido, leite condensado, refrigerantes, pasta de amendoim, atum, ervilhas...A variedade era incontestável, minha preocupação era a quantidade. Tentei não ver isso como um problema muito grande, já que Damon e eu não passaríamos tanto tempo ali.
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O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)
RomanceATENÇÃO: ESSE NÃO É O MESMO ARQUIVO QUE ESTÁ NA AMAZON. Houve alterações no livro para a venda dele na plataforma. Livro completo na Amazon Série: Escoceses Livro III Sinopse: Ele era ruim. Ela era duas vezes pior. Ele achava que o mundo estav...