Capítulo 44

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Farah

Eu não conseguia sequer olhar para Damon, menos ainda ouvir o som da sua voz. Não podia aceitar o que ele fizera. Ficar com Naya depois de tanto ter me mandado ficar longe dos seus irmãos e ainda ter a ousadia de aparecer na minha casa para pedir pelo anel que ele mesmo jogara fora olhando em meus olhos?

Sim, totalmente ébrio e insensível, ele arrancara o anel que eu lhe dera e o jogara na fonte sem qualquer explicação direta.

Ele e Naya chegaram embriagados naquela noite, cada um mais atordoado que o outro.

"Ouvi suas vozes antes de ver os rostos. Envolvi-me em um robe e desci para entender o que estava acontecendo.

Damon e minha irmã juntos e rindo? Era absurdo demais para ser ignorado.

Nayana estava fora de si, os olhos vermelhos e a garrafa na mão justificavam seus passos desengonçados e sua fala incoerente.

— O que beberam? — perguntei com cuidado.

— Algumas c-oisas. — Damon respondeu, enrolado.

— Você precisa ir embora. Não pode ficar aqui.

— A casa não é sua. Saaai da minha frente — Naya me empurrou, mas foi ela quem cambaleou.

Discutir com ela era inútil naquela situação, mas Damon não estava melhor. Além da embriaguez, seus olhos demonstravam um vazio maior que o vazio que costumava existir. Demonstravam estar em um conflito emocional entre o instinto animal e a racionalidade.

— É a minha irmã — eu disse para ele, vendo-o rodar o anel em seu dedo. — Não faça isso.

Ele virou a bebida no gargalo.

— Estou seguindo seus passos. Aprenda a encarar a derrota.

Foi um soco na boca do meu estômago ouvi-lo falar assim.

— Você é um idiota, Damon!

— E você... Porra... Eu não suporto você! — Foi feroz e arremessou seu anel ao longe em um momento de surto.

Naya o puxou pelo braço e os dois passaram por mim como se eu fosse uma pedra no caminho.

Os vi sumirem na penumbra e o resto da noite dos dois foi fácil de deduzir."

— Farah? — Papai me chamou.

Estávamos todos sentados à mesa. Meus pais organizaram aquele almoço para discutirem sobre meu casamento com Shobhan e escolherem uma data.

— Sim?

— Ouviu o que dissemos sobre a data? — perguntou mamadi.

Não estavam pedindo minha opinião, só queriam garantir que eu não fizesse nenhuma besteira até lá e os envergonhasse.

— Algo sobre semana que vem?

— Que bom que entramos em um acordo — decretou meu pai.

Finalizamos a conversa sobre o casamento e comemos com a minha mãe dizendo os pontos positivos de uma união entre nossas famílias. Ela também fez propaganda sobre minha comida e disse coisas que não eram verdade. De onde ela tirou que eu gostava de servir o meu pai? Que meu passatempo preferido era conhecer novas receitas e cuidar do jardim? Em nome de Shiva, eu odiava ter que podar rosas. Se me dessem um trigo ou um cacto para cuidar, eu acabaria o matando de tão atrapalhada que era com as plantas.

— Farah, por que não vai buscar o gajrela que fez? — pediu minha mãe, querendo que eu já desse início às minhas obrigações de dona de casa ainda que tivéssemos criados para servir a todos. — Os doces de Farah sempre foram os melhores.

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora