Capítulo 63

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Farah

— Não, Matt, não acho que Roya vá agredi-lo se disser que gosta dela.

— Espere, eu não disse que gosto dela. Disse que se eu, porventura, gostasse dela a pediria em namoro, mas que acho que ela me bateria.

— Tapas de amor não doem, mano — gracejou seu irmão.

— Disso você entende, né? Faz as mulheres correrem com faca pra cima de você — Matt devolveu, ácido.

— Uma garota correu com faca pra cima de você? — Shobhan perguntou, espantado.

— Aconteceu só uma vez. Ela era agressiva.

Baguan Kelie!

Eu ri, sem parar de mexer na cebola refogada. Adicionei o leite de coco e o gengibre e baixei o fogo.

— Você se acostumará com estes dois, marido, e quando menos perceber, estará falando como eles, infelizmente.

— E se nos acompanhar em alguns passeios, prometemos conseguir uns gregos gentis para você — disse Marvin. Eu lhes contara sobre meu casamento com Shobhan naquele mesmo dia por pedido do meu marido. Ele me dissera que queria ser ele mesmo, sem precisar ficar policiando o vocabulário.

— Gregos gentis? Nós mentimos agora, irmão? — criticou Matt.

Shobhan riu com doçura.

— Que cheiro agradável. — Damon falou. Tinha acabado de chegar da rua; era a primeira vez que eu o via desde sua fuga noite passada. Estava abatido.

Namastê — Shobhan e eu dissemos, sem conseguir acabar com esse hábito.

Ele se juntou aos três homens no balcão para me observar cozinhar.

— Enterrou seu cachorro? — Marvin questionou para saciar a curiosidade de cada um de nós. Era o único que possuía o tipo de coragem necessária.

— Não farei isso.

— Vai deixar esse cadáver lá até quando? — Matt apoiou o gêmeo.

— Eu já disse, até o culpado aparecer...Farah, por que está cozinhando!?

— Isso me acalma.

— Há piscinas, sauna, academia...Uma variedade de lazer nessa casa que pode acalmá-la e deixá-la menos suada.

— Eu prefiro cozinhar e dar um descanso a Dona Galanis.

Ele praguejou e não contra-argumentou.

— Damon, eu vi floretes aqui. Você pratica esgrima? — Shobhan inquiriu, ansioso. Ele me atormentara a tarde inteira desde que viu os floretes.

— Sim e não. Estou enferrujado.

— Lutaria comigo?

Precisei parar de mexer a colher na panela para observar aquilo de perto.

— Você gostaria? — Damon perguntou.

Tik.

— Tudo bem, se quer apanhar na frente da sua esposa, não o impedirei.

— Damon, Shobhan irá amassá-lo. Você nunca o viu com uma espada — acautelei.

— Ele também nunca me viu com uma. — Deu-me uma piscadela. — Vamos para a pista.

— Ora, ora, quero assistir de camarote — atiçou Marvin.

Desliguei o fogo e os acompanhei. O curry de peixe podia esperar, ver meu marido acabar com o corvo e sua prepotência, não.

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora