Farah
Shobhan e eu passamos o primeiro mês nos conhecendo melhor. Fizemos todos acreditarem que éramos o casal mais apaixonado da Índia. Nos divertíamos muito a cada passeio; compartilhávamos segredos e, às vezes, olhávamos para os mesmos homens soltando suspiros.Ele se tornou a minha pessoa favorita, estava sendo a coisa mais fácil do mundo ser a sua esposa.
Eu sentia sim falta de sexo, mas quando isso acontecia, íamos na cidade proibida – de acordo com os hindus – e lá eu conhecia algum homem para passar a noite e Shobhan fazia o mesmo.
— Menina, isso aqui parece um hospício — ele cochichou para mim enquanto entravamos na boate. Era a nossa segunda noite na cidade proibida, Agon. Decidimos viajar de última hora naquela semana, pois não suportávamos nossos pais se intrometendo no nosso casamento e perguntando a todo instante quando viriam os herdeiros.
— É a sua primeira vez em uma boate?
— Heterossexual? Sim.
— Há boates próprias para gays? — ergui a sobrancelha.
— Tik.
— Podemos ir nela...
— Não se preocupe comigo. Será fácil achar gays encubados aqui também.
— Você é terrível, Shobhan — brinquei. Ele me puxou pelo braço até o bar e pediu drinque para nós dois.
— Tem um rapaz olhando para você e ele não é de se jogar fora não — ele se inclinou para cochichar em meu ouvido.
Olhei para a direção apontada por ele com a cabeça e vi um homem sentado em uma das poltronas. Não tinha traços indianos. Era bronzeado como Matt e Marvin, mas o sorriso que me deu, Shiva, foi tão igual aos que Damon me dava que embrulhou o meu estômago.
Fazia um mês desde que ele foi embora e eu nunca mais tive notícias.
Tomei um gole do meu drinque e voltei o olhar para o meu marido.
— Estrangeiro demais pro meu gosto. Pegue você.
Ele gargalhou alto e me levou junto. Eu nunca imaginei que seria tão feliz em um casamento quanto eu estava sendo ao lado daquele homem. O que tínhamos era surreal, a amizade que criamos era boa demais para acreditar.
— Você é a esposa perfeita, Farah, e não é só porque divide seus machos comigo.
— Eu também não esperaria um marido melhor.
Acabou que dançamos, bebemos, e rimos a noite inteira e esquecemos de paquerar.
***
A ressaca da noite passada fez Shobhan e eu nos atrasarmos para o almoço em família. Minha mãe, meu pai, e Nayana já tinham chegado à casa de Shobhan enquanto nós dois ainda estávamos dormindo.
Se a criada não tivesse batido à porta pelo menos três vezes, teríamos acordado depois das duas da tarde.
— Ajude-me com o colar, rápido.
Ele correu até mim com apenas uma perna da calça vestida.
— Esse foi eu quem te dei? — perguntou, se atrapalhando com o fecho.
— Não. Eu o comprei. Mas, se alguém questionar, pode dizer que foi você quem me deu. Esse sari está bom?
— Tudo fica bom em você.
Fechei a cara.
— Combinamos de sermos sempre sinceros um com o outro. — Levei as mãos nos quadris.
— Eu prefiro o azul. Verde não é a sua cor.
— Ah, que droga. Por que não disse antes de eu terminar de me vestir?
Ele colocou a outra perna na calça quando tornaram a bater na porta do quarto.
— Vá assim mesmo. Só realce seus olhos com o kajal para disfarçar as olheiras ou acharão que não tenho deixado você dormir.
Fiz o que ele disse e acrescentei um batom pêssego nos lábios, ao mesmo tempo em que Shobhan escovava os meus cabelos para me ajudar a ser mais rápida.
Descemos as escadas e seguimos juntos para o jardim onde o almoço era servido sob à pérgula.
— Namastê — falei para todos e me sentei ao lado de Nayana.
— Namastê. — Minha mãe respondeu e me avaliou. — Verde?
— O sari é um presente meu para a minha esposa. — Shobhan a respondeu por mim, pois sabia que eu já não tinha muita paciência para as críticas da minha família.
— É lindo — mentiu minha mãe por educação.
— Shobhan, querido, está um pouco abatido. — A mãe de Shobhan disse para ele.
— Estou ótimo, mamadi.
Sua mãe aceitou e não disse mais nada.
Fizemos a oração antes de começarmos a comer.
O silêncio não durou por muitas garfadas.
— Os deuses ainda não os abençoaram com um filho? — Minha mãe voltou a me incomodar.
— Ainda não, mamadi.
— Oh, Shiva. Espero que não tenha nenhum problema com a menina. — A mãe de Shobhan falou.
— Não há problema nenhum com a minha esposa, mãe. Se os deuses ainda não nos abençoaram é porque não é o momento.
— Então vocês estão tentando? — questionou Nayana, displicente.
Lancei um olhar cavernoso para ela.
— É claro que estamos tentando — rebati. — E você, nenhum outro homem se interessou por você? Talvez devêssemos aumentar o dote da viúva.
Meu pai pigarreou, indicando que era hora de acabar com aquele showzinho desconfortável na frente da família do meu marido.
Shobhan e eu trocamos um olhar que carregava uma perversidade secreta antes de seu pai pedir que fôssemos servidos com a sobremesa.
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O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)
RomanceATENÇÃO: ESSE NÃO É O MESMO ARQUIVO QUE ESTÁ NA AMAZON. Houve alterações no livro para a venda dele na plataforma. Livro completo na Amazon Série: Escoceses Livro III Sinopse: Ele era ruim. Ela era duas vezes pior. Ele achava que o mundo estav...