Capítulo 37

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Farah

Acordei na manhã seguinte com dor de cabeça. A cada pequeno incomodo que eu sentia, lembrava a mim mesma que o importante era estar viva e ter conseguido interromper os planos de Manish, ao menos por enquanto.

— Tome os analgésicos que comprei. Está ao lado da cama com uma garrafa de água. — Damon estava sentado no chão do quarto com as pernas cruzadas.

— Está...está meditando?

— Pode-se dizer que sim.

Arqueei a sobrancelha. Eu me sentei e tomei os comprimidos. Eram para dor no corpo.

— Obrigada pelos remédios. Você...dormiu aqui? — Lembrava-me de ter o visto deixar o quarto, mas como cai em um sono profundo não podia garantir que Damon não retornara.

Virou o rosto na minha direção, em um olhar de quebrar o gelo.

— Sim. Dormimos de conchinha, não se lembra? — Espantei-me. — Meu pau fez carinho no seu traseiro a noite inteira e você gemia: nossa, corvinho. Aaaah, corvinho.

Lancei um travesseiro no terrível.

— Mentiroso. — Caiu na gargalhada e se levantou, ajeitando a barra da calça jeans.

— Você deixou a porta aberta. Devia tomar cuidado. Numa dessas pode acordar com um criminoso fazendo ioga no meio do quarto — zombou.

O acompanhei na risada e soltei alguns gemidos em uma violenta dor no crânio.

— Como você está? — perguntou mais seriamente entre sua animalidade e sua humanidade.

— Estou bem, e você não precisa me perguntar isso a cada cindo minutos. — Tentei ser gentil para não parecer ingrata. Mas eu não o queria perdendo seu tempo se preocupando comigo.

— Farah, você quase morreu. Isso não a assusta?

— Dizendo dessa forma, sim. No momento, só pensei em impedir Manish e isso me consolou em parte.

— Você foi muito corajosa, traiçoeira. Estou orgulhoso de você.

Eu nunca ouvira nada parecido de alguém. Nunca fora merecedora, em todos os sentidos.

— Você é seletivo com as mulheres. Elas precisam ser todas malucas — o gracejo percorreu só.

O encarei apenas para constatar ele expondo o arsenal infindável de maldades em um sorriso e sentir o galope do sangue em minhas artérias.

Cessou o cuidado e começou a ferocidade. O fogo de repente saiu debaixo de uma nevoa silenciosa.

— Como descobriu o meu segredo?

— Olhe para você, corvo, as boazinhas não têm vez. — Eu me levantei e ele me examinou dos pés à cabeça.

— Essa é a minha camiseta? — Apontou para a peça preta em meu corpo.

— É... A encontrei jogada no banheiro. Espero que não se importe.

— Claro que me importo.

— Quer que eu a retire? — Foi uma pergunta inocente.

Damon caminhou na minha direção, agarrou a minha nuca com seus cinco dedos firmes e fiquei a seu dispor.

— Precisa ser muito atrevida para me provocar dessa forma. — Aquele tom de voz foi sua forma mais selvagem. — O que faria se eu a beijasse bem agora, Farah?

Engoli para molhar a garganta.

— Certamente o morderia.

— Eu gosto de mordidas.

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora