Capítulo 19

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Farah

Me sentei de pernas cruzadas sem parar de mexer no cabelo.

Matt percebendo meu desconforto, disse para me agradar:

— Deixe o coitado ficar livre.

— É estranho não ter nada protegendo meus ombros — comentei. Os dois estavam muito bem vestidos, cabelos castanho-claros bem cuidados, calça jeans rasgada e camiseta escura. O restaurante indiano escolhido por eles não era nada muito elegante, mas mesmo assim decidi me arrumar muito bem. Optei pelo vestido berinjela novo e uma rasteirinha que mal podia ser vista nos pés devido ao comprimento do vestido. Roya me convencera a comprar um lápis preto de olho, batom vermelho e brincos grandes. Eu decidira usar o lápis e os brincos para aquela noite, mas o batom...

— Quer proteger os ombros de quê? — indagou Marvin.

— E-eu... — gaguejei.

— O desgraçado chegou — interrompeu-nos Matt.

Damon se sentou ao meu lado antes que eu percebesse sua presença. Cumprimentou os irmãos e depois, a sombra dos seus olhos apareceu para me visitar.

— Não acredito que Roy...

— Eu quem quis — o cortei.

— Ela fez uma tatuagem também — lembrou Matt.

Então, quando eu menos esperava, veio o seu espanto. E em seguida, o sorriso presunçoso do corvo para mim foi um perfume de sensualidade. Ele tinha mesmo pensado que eu marcara minha pele com seu símbolo?

— É uma frase — atentei, destruindo suas esperanças com o ímpeto de uma tigresa.

— Amando os perigos mais intensos, Farah?

Revirei os olhos e da segunda vez que o olhei, vi uma marquinha no seu pescoço.

— Você devia tentar esconder seus rastros.

Arqueou a sobrancelha.

— A mulher dessa vez te deixou com uma marca — o alertei, levando meu dedo no seu pescoço, bem acima do chupão.

— Algumas garotas gostam de me mostrar o melhor jeito de sentir dor — respondeu com um anseio secreto. —  Já fizeram o pedido?

Os gêmeos que conversavam entre si, voltaram a dar atenção para nós.

— Ainda não. Estávamos esperando por você.

— Por mim? A indiana aqui é a Farah, que está uma gata por sinal. Acho que eu ainda não tinha lhe dito. — Me averiguou de uma maneira que fez meu peito pegar fogo. O céu da meia noite brilhava em seus olhos.

Lindos.

Quentes.

Vivos.

Pigarreei para desfazer o nó que prendia minha voz na garganta e me concentrei no cardápio à minha frente sobre a mesa vermelha.

— Pedirei um curry de peixe para mim. Mas se estão com muita fome, recomendo o vindaloo ou chaat com recheio de batata.

— Qual é melhor? — O corvo me perguntou diretamente.

— Depende do que você gosta.

Seus olhos contornaram meus lábios.

— Quanto mais picante, melhor — disse, com malícia nas entrelinhas.

Abri a boca e fechei, inquieta e muda.

— Droga. Me deem licença — disse Matt, interrompendo o conflito das minhas sensações.

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora