Capítulo 36

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Farah

Minha vida se tornava apática longe de Damon e eu demorei a entender que ele, por mais cinza que fosse, trazia cores para os meus dias.

Eu passara a gostar daquilo que tínhamos. Das nossas provocações, nossas gargalhadas sem motivo, até as injúrias que trocávamos era mais real que tudo que Manish e eu um dia vivemos.

Manish...

Será que houve verdade entre nós dois?

Existiu amor ou eu me enganara a vida inteira?

Me virei na cama por horas até finalmente conseguir dormir.

                                            ***

Eu me levantei na manhã seguinte com o êxtase da noite passada ainda liberando adrenalina em minhas veias.

Encontrei Manish sentado na porta de casa com um copo na mão. De longe pude sentir sua tensão.

Namastê, djan — ele disse, entre um gole e outro de água.

Namastê... — disse, fraca e me juntei a ele no chão.

— Hoje é sexta.

— É — concordei.

— Estamos há uma semana de mudar Agira.

— Uma semana? — preocupei-me. — Pensei que precisasse de outros explosivos para as cúpulas.

— Sim. Raj trouxe mais produtos para você trabalhar. Está bem ali — apontou para as caixas empilhadas num canto. Um frio interno fez eu me encolher. — Você tem tudo o que precisa.

— Manish... — Me silenciou com um beijo. Não um beijo qualquer, fora um beijo verdadeiro, profundo, sentimental.

Ele nunca me dera um beijo como aquele.

Me afastei subitamente.

— Eu sempre a amei, Farah, mas nunca pude ser o verdadeiro Manish com você por medo de perdê-la.

— Por que isso agora? — Tentei não demonstrar o meu desconforto.

— Espero que em outra vida eu não nasça um dalit para que eu possa amá-la e idolatrá-la com todo o meu coração.

— Do que... Por que está falando assim? Isso não é uma despedida.

Ele suspirou com pesar.

Shiva sabe como eu queria que você não tivesse me traído.

Me levantei em um segundo e, mãos masculinas me empurraram pra baixo, noutro. Virei o rosto e vi Raj bem atrás de mim, parado feito uma parede.

— Manish...O que...o que está acontecendo? — Foi difícil controlar o tremor. — Por que está insinuando que eu o traí?

— Eu coloquei um dispositivo de escuta no seu quarto e o que ouvi ontem a noite...Ah, djan, você tem compartilhado todos os meus segredos com aquele estrangeiro branco!

Não...não pode ser.

— Tem me espionado? — Entrei na defensiva, a outra opção, era ser uma maldita dissimulada.

— Eu precisei. Desde que você foi trazida da Grécia tem agido de uma forma que não tem me agradado. Você já não é a mesma Farah...há um veneno de escorpião em você. Um veneno que não existia antes.

O rancor chiou em meus ouvidos.

— Odeia que eu não seja mais a marionete que você manipulava!?

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora