Capítulo 65

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Farah

Virei-me de bruços na cadeira de praia para aproveitar o sol de quadro daquela tarde de sexta-feira. Eu prometera para mim mesma que não me envolveria nos negócios do corvo novamente, pois da última vez tivemos que fugir da Grécia e as coisas saíram de controle.

Eu o ajudara e ele me ajudara. Estávamos quites.

Eu tinha que deixar tudo como estava. Em poucos dias meu marido e eu voltaríamos para casa e a vida seguiria seu curso natural.

Ou quase isso...

— O que foi, esposa? Por que tanta agonia? — A doce voz de Shobhan penetrou meus ouvidos como poesia.

Virei meu rosto na sua direção.

Ele mergulhou e foi até a borda da piscina para apoiar os braços.

— Eu e essa minha mania de querer me envolver em assuntos que não me dizem respeito.

— Em quê Damon se meteu dessa vez?

Eu contara tudo para Shobhan; não construiria um relacionamento baseado em mentiras. Eu fizera isso no passado, com Damon, e não cometeria o mesmo erro.

Antes de deixarmos Agira para voar até Érebos, eu contei ao meu marido sobre as coisas que Damon fazia, contei que ele era um mafioso, ainda que chamasse o grupinho medíocre de Sociedade, era um mafioso. Um líder que praticava atos ilícitos.

Dei a Shobhan o direito de não me acompanhar, uma vez que ir até Érebos traria perigo a ele. Não me esqueço de como ele riu ao dizer: "Minha linda esposa, eu cresci na mira de muita gente por ser filho do maior corrupto da Índia, herdeiro de dinheiros desviados, e agora descobri que estou casado com uma "quase terrorista". Não acho que este tal de corvo possa me surpreender mais que isso. Se eu não morri até hoje, não morro mais."

— O Damon, dessa vez, não tem culpa de nada — o dito cujo chegou e se estirou na cadeira ao meu lado. Estava de calça, camiseta e tênis.

— É assim que toma banho de sol? — provoquei.

Ele se inclinou e retirou a camiseta sem alarde.

— Assim está melhor? — perguntou. Damon sabia de duas coisas: que sua beleza era uma dádiva – um presente dos deuses para dizer o mínimo – e que seu exterior escondia um interior ainda mais perfeito.

Ele conquistara o meu coração quando me ajudou a salvar a minha cidade, ainda que eu vivesse negando isto.

Baixei os óculos de sol para avaliar se os gominhos ainda estavam ali. E, sim, estavam.

Gloriosos e tentadores.

Um corpo bonito e uma mente brilhante.

— Bem melhor — ousei e me deliciei com os segundos de covinhas que me proporcionou.

— O que falavam sobre mim?

— Nada que mereça ser repetido — desconversei.

— Por favor, quero ter a oportunidade de me defender ou de concordar com vocês.

Bufei e me sentei na cadeira sem temer as dobrinhas que se formaram na minha barriga devido a posição.

— Eu dizia a Shobhan sobre o grupo que planeja atacar Érebos e disse que eu gostaria de poder ajudá-lo, nem que seja com meu cérebro.

— Agradeço sua disposição, Farah, mas as pessoas estão sempre me caçando e tentando esfregar a minha cara no chão. Essa não é a primeira vez.

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora