Capítulo 41

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Farah

— Você não precisa fazer isso. — Tentei dizer para Damon quando estávamos no terreno da minha casa. Ele insistira em nos acompanhar e eu sabia que era por seu temor em Manish ainda estar solto por aí.

— Ah, não se preocupe. Estou extasiado por tirar o sorriso do rosto do seu pai.

Nayana, que estava bem ao meu lado, achou graça e criou uma chama entre ela e o corvo. E de tão quente, aqueceu minha própria pele.

— Não imagino o que Baldi achará de ver um estrangeiro branco aqui — disse minha irmã, na tentativa de puxar assunto. Eu ainda achava estranho estar perto dela sem desejar todo tipo de maldição. Tentei ser gentil quando ficou viúva, busquei compaixão dentro de mim, mas nada me fazia esquecer que ela era venenosa mesmo quando não precisava ser.

— Não sou tão branco assim, principalmente tomando todo dia esse forte sol da Índia — brincou Damon.

Ela riu, mesmo sem ter tido graça alguma no comentário. Fez parecer que eram íntimos.

— Está todo de preto, isso o deixa mais pálido — reparou.

Ela estava paquerando-o ou eu estava ficando maluca?

— Temos que ficar quietos ou anunciaremos a nossa chegada — resmunguei, sendo a única sem soltar faíscas.

Tão logo nos aproximamos da fonte e um brilho intenso, provido dos postes, revelaram a presença do meu pai com toda sua bravura ao lado da minha mãe.

Aquilo era tudo que eu não esperava para aquela noite.

Meus lábios secaram, contrastando com o rosto que padecia com a brisa.

E a saliva dançou um zigue-zague suave por minha garganta.

— Pai...

Deu passos na minha direção.

Um...

Dois...

Sua mão pesada veio na minha cara. Foi como ser chicoteada.

Tive um breve momento para respirar.

— Pai, eu... — repeti. Eu mal me recuperara do primeiro tabefe e levei o segundo.

Ardido. Rude. Seco.

Os olhos dele para mim eram um frio de fazer eu me recolher.

— Vergonha. Lástima. Como pode andar por aí com um estrangeiro um dia antes de conhecer seu futuro marido!? Você se casará com um hindu de boa família e aprenderá a nunca mais nos envergonhar! — Papai me pegou pelo braço e comprimiu seus cinco dedos fortes. Fez o mesmo com a minha irmã. — E você, Nayana, estou decepcionado com você.

— O que eu fiz? — ela ciciou.

— Está deixando sua irmã influenciá-la negativamente. A vontade que tenho, é de esmurrar as duas até aprenderem!

— Toque em uma das suas filhas de novo e será comigo que acertará as contas. — Damon nos prestigiou com a sua presença, pegando todo mundo despreparado. Se existia alguém capaz de colocar Baldi em seu devido lugar, era aquele homem.

Destemido.

Ousado.

— Não se meta no que não te diz respeito, estrangeiro. Dê o fora daqui. — Meu pai se preparou para encará-lo de frente.

— Solte as duas antes que eu faça isso por você. — O corvo abasteceu a raiva e ignorou o bom senso. Ele era bruto e se alimentava da violência.

O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora