Capítulo 26

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Corvo

Procurei pelo indiano já no dia seguinte, assim que os primeiros raios de sol apareceram. Eu sabia que não seria fácil de encontrá-lo em uma cidade tão caótica, mas eu não sairia da Índia sem meu Yen. Eu faria Farah se arrepender por ter me roubado.

Botei meu pé na rua e segui andando embaixo de trinta e oito graus até Loha, a rua dos comércios. Quase desisti de tudo quando vi como aquele lugar era um tumulto assolador. Seria impossível reconhecer qualquer pessoa ali, ainda mais um homem que eu sequer conhecia. Os indianos me pareciam todos iguais de bigode e cabelo escuro. A única forma de reconhecer Manish era através da marca que o pai de Farah me dissera ter em seu rosto.

Fui mais a fundo no desconhecido.

Iniciou-se um vai e vem de pessoas com bicicletas que transportavam pequenos tarros prateados. Era curioso (e como dar uma volta no tempo) vê-los retirar leite fresco das vacas para abastecer as famílias.

Abstraí o caso e procurei a lanchonete mais limpa para comprar uma garrafa de água, já que os indianos não primavam pela higiene, e saí cinco minutos depois. Passei a mão pela testa para secar o suor e tirei os óculos de sol para esfregar os olhos e foi justamente nesse momento que minha visão vislumbrou um corpo divino em curvas e com passos de florescer rosas no concreto; o vento enfraquecido batia em seu vestido de tradição milenar e coloria ainda mais a paisagem das ruas. Era uma beleza anômala que me fazia querer cair de joelhos.

Ela colocou os fios de cabelo atrás da orelha e arrastou seu vestido azul para uma loja de eletrônicos. A segui, mantendo uma distância meticulosamente calculada.

A encarei perplexo, mas, curioso, através do vidro enquanto ela passava pela seção de contatores eletrônicos.

Outra tentativa inútil de prender as mechas de cabelo atrás da orelha, ela não entendia que eles eram teimosos demais para obedecê-la.

Selecionou alguns dispositivos e pagou por eles. Esperei ao lado de fora até que por fim, saísse com uma sacola plástica na mão.

— Olá, coisinha traiçoeira.

Farah se desmanchou ao me ouvir e deixou a sacola cair no chão. Seus olhos ordinários e perfeitamente pintados de preto esconderam seu pequeno sorriso de desespero.

— Damon — balbuciou meu nome em um entreabrir de lábios. — O que...Como me encontrou?

Dei dois passos arrogantes na sua direção.

— Não. Não sou eu quem devo responder perguntas aqui. Você virá comigo de espontânea vontade e teremos uma longa conversa.

Ela mordeu o cantinho do lábio inferior antes de concordar.

— Só...só me ajude a recolher esses cabos.

Farah só podia estar de brincadeira com a minha cara. A desgraçada me roubou, me enganou, e ainda esperava cavalheirismo da minha parte? Porra nenhuma!

— Estou com as mãos ocupadas. — Dei uma desculpa esfarrapada.

— Por favor.

Revirei os olhos e me agachei. Logo que o fiz, vi que, em um rodopio, ela correu para longe de mim em fuga.

— Indiana, eu vou te matar! — Berrei, e tive todos olhares indianos voltados para mim






— Indiana, eu vou te matar! — Berrei, e tive todos olhares indianos voltados para mim

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O Corvo das Ilhas Gregas (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora