4 - Primeiro dia

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O meu primeiro dia no departamento de Marketing estava prestes a começar, como sempre eu e Alice chegamos cedo. Desta vez o elevador  para dois andares acima, só há uma pessoa a vista e é a rececionista do andar...

— Bom dia, o meu nome é Luna Albuquerque.

— Bom dia, ainda ninguém chegou mas posso leva-la até ao seu gabinete.

— Eu tenho um gabinete? - Sou chefe esperava o quê?

— Sim senhora, acompanhe-me.

Estava a ficar incomodada com tantas mudanças, pouso a minha bolsa e ligo o computador mesmo que precise esperar que alguém me dê os novos acessos ao sistema. O Sr Wilson ou o 'Velho rezingão' como a minha antiga chefe diz, chega com Alonzo que vem prontamente ter comigo...

— Já por aqui?

— Preciso dos meus acessos!

— Temos uma reunião em dez minutos para acertar os detalhes, vou só beber café aceita fazer-me companhia?

— Sim Sr Matias. - Um café seria bem vindo.

— Gosto dos saltos, vem sempre assim tão elegante para o trabalho.

— Existe algum dress code chefe?

— Você é a versão feminina do meu melhor amigo. - Ele pisca o olho e ri, fiquei sem perceber.

— Espero que isso seja um tipo de elogio.

— Vamos lá para essa reunião!

O Sr Wilson não estava disposto a facilitar as coisas, por sorte a equipa está dividida em dois e o meu responsável é Alonzo, fico mais tranquila com a informação. Ponho-me a par dos projetos em mãos e o da minha equipa era audacioso, uma empresa de segurança queria algo exclusivo e original mas o meu antecessor deixou o trabalho numa merda completa, agora teria de me esforçar para criar algo que mostrasse o meu valor. Antes do almoço fui apresentada a minha equipa e pelas suas caras terei de provar o quanto sou boa no que faço, poucos pareciam estar dispostos a seguir-me. Quando a hora de almoço chegou eu estava faminta, tinha pressa em contar para a Alice o quanto estava assustada com tudo o que me seria exigido de ora em diante. Graças a deus que ela consegue sempre me fazer mudar de ideias tal como Marcia, elas eram os meus pilares. Volto da pausa do almoço e fico trancada no meu escritório que embora pequeno tem tudo o que preciso, principalmente privacidade. As horas passam, já avisei Alice que hoje não tenho horas para chegar, quero integrar-me ao máximo no projeto o que vai levar muitas horas. Faço o que posso mas vejo que são oito da noite e a minha cabeça parece estar prestes a rebentar, decido dar o dia por terminado, desligo tudo é vou até ao elevador, espero que as portas se abram...

—Sra Albuquerque? - Os dois irmãos Smith ficam surpresos em me ver.

— Boa noite senhores.

— Ainda aqui está? - Raphael mostra um sorriso galanteador.

— Preciso ganhar o tempo perdido. - Eu acho que passarei o próximos dias fechada nesta empresa.

— Entendo.

— Até amanhã senhores. - Aceno para os dois e mais uma vez apenas Raphael responde, Kevin não conhece a palavra simpatia por certo.

Eles continuam no elevador até a garagem enquanto eu saio e vou para a paragem, infelizmente estava quase sem bateria no telemóvel e não tinha a certeza de quando teria transporte, os meus pés reclamavam, alias todo o meu corpo estava dorido, agora sei um dos motivos faz horas que não como. Um carro para perto de mim, fiquei assustada porque a taxa de criminalidade nesta cidade tem vindo a aumentar, apertei a bolsa contra o corpo mas quando o vidro desce vejo Kevin Smith...

— Precisa de boleia? - Acho que é a primeira vez que oiço a sua voz, é rouca e grossa.

— Não obrigado eu espero pelo autocarro.

Ele parece pensar por alguns instantes...

— Entre eu faço questão de deixá-la em casa. - Não ia ser teimosa, em primeiro era o todo poderoso Smith e depois ele não tem cara de quem aceita um não e ele impunha respeito com todo o seu tamanho talvez seja esse um dos motivos de muitos na empresa tremerem quando o seu nome é pronunciado..

— Obrigado.

Entro e sinto o confortável banco acolher-me, talvez esteja na hora de comprar um carro.

— Coloque a morada no GPS.

Faço o que me pede e mantenho a boca fechada, o carro luxuoso com tecnologia de ponta facilita tudo então conecto o meu telemóvel ao mesmo e envio a morada para o ecrã implantado no painel da viatura, adorava a forma como a evolução tornou tudo muito mais prático, não tinha assunto para conversar, eramos dois estranhos. Ele tinha dobrado as mangas da camisa, soldado o cabelo, nem parecia o homem de aspecto impecável que me habituei a ver na empresa, nunca a viagem até casa foi tão constrangedora. Ele estaciona na porta do apartamento...

— Obrigado mais uma vez.

— Deveria pensar em ter um carro, é mais seguro. - Olho pela primeira vez para ele com atenção, é um homem muito interessante.

— Tenho pensado nisso e acho que o momento de tomar uma decisão chegou. - Saio do carro e ajeito a minha saia. - Conduza com cuidado Senhor.

Assim que entro no prédio chamo nomes a mim mesma, que idiota parecia uma parvinha naquele carro, o homem é intimidante mas mesmo assim... talvez seja da dor de cabeça. Alice já dormia mas deixou um prato de comida para mim no microondas, volto a guardar tudo no frigorifico, tomo um leite quente com mel e um comprimido para a dor de cabeça e um duche rápido porque a minha cama gritava por mim. Levanto cedo não tinha recuperado tudo mas estava entusiasmada para voltar a trabalhar, queria acabar com aquilo rápido. Tomo o pequeno almoço reforçado e lá vamos nós as duas, falo com Alice sobre a ideia de comprar uma carro mas eu sei que ela não pode ajudar-me com a prestação, na verdade nem preciso porque eu tenho muito dinheiro ainda, tudo numa conta bancária que ninguém conhece, amanhã tratarei disso, eu e ela merecemos ir para o trabalho de forma segura.

Apaixonada Por Um SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora