41 - Destruir

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Quando abro a porta do seu escritório vejo que os três estavam em plena reunião de trabalho, eles sorriem e dão os bons dias...

— Alice não me avisou que estavas aqui.

— Não era necessário, serei rápida.

— Estás estranha. - Raphael diz e eu não faço questão de desviar o olhar do homem que acabou comigo.

— Houve bem o que tenho a dizer Kevin Smith- pego na foto e pouso-a na sua mesa - A brincadeira acabou!

Ele abre os olhos chocado e Alonzo estica o braço para pegar e analisar a foto...

— Luna eu posso explicar!

— Não é necessário, tu sabias quem era desde início, dormiste comigo, disseste que me amavas mas afinal és igual a ele, usaste-me. Tenho nojo de ti, odeio-te e espero que realmente tenhas ganho muito dinheiro porque no que depender de mim vais ficar na miséria, vou arrasar contigo. - Eu estava ali a chorar na sua frente mas pelo menos iria despejar tudo o que sentia.

— Não é nada disso... - Ele sai da mesa para se aproximar, Alonzo fica entre nós.

— Afasta-te de mim, entende uma coisa, a tua fonte de rendimento acabou, perdeste o jogo Smith.

Saio dali sem olhar para trás, tinha muito mais a dizer mas o fundamental tinha saído da minha boca, não creio que os outros dois soubessem, Kevin é um reles mas mesmo assim por um tempo prefiro ficar longe de todos. Pego no carro e vou ao apartamento buscar algumas coisas, o resto pedirei a Alice para trazer depois, deixo lá as chaves porque não pretendo voltar aqui nunca mais e saio sem saber para onde. Estaciono o carro perto da praia e decido andar um pouco pela areia, vivo aqui á anos e raramente desfruto das coisas boas que esta cidade tem para me oferecer, fico lá por horas e decido ver o por do sol e mesmo depois de tanto pensar continuo sem saber o que vou fazer, sinto algo nas minhas costas e olho a volta...

­— Está a ficar fresco.

— Obrigado. - era o casaco eu lhe tinha oferecido no aniversário.

— Está na hora de jantarmos.

— Não tenho fome.

— Não me dês motivos para ligar a Dra Arden. - Ele está sentado do meu lado com os olhos no mar.

— Como se precisasses disso!

— Ela enviou uma mensagem a aceitar o meu convite para jantar, não sei o que lhe disseste mas obrigado.

— Ela é linda, aproveita a oportunidade que ela te está a dar. - Espero que corra bem, que ele assuma outra atitude.

— Vem comigo, detesto jantar sozinho.

— Persistente! - Ele fica de pé e estende a mão - Vamos lá!

Perto do carro entrego-lhe a chave do mesmo, sei que estava louco para o experimentar, ele estava ali em vez de estar com o irmão e melhor não tocou uma única vez no assunto. Paramos numa daquelas hamburguerias famosas em que a gordura é rainha mas que todos adoram, estava satisfeita com a sua escolha, fazia muito tempo que não comia algo assim e confesso que afinal tinha muita fome

— Vais dormir onde?

— Não sei!

— Teremos de pensar nisso. - Também ele toca na minha mão e a reação é a mesma que com Alice, preciso de distancia.

— Fica tranquilo, há muitos hotéis na cidade.

— Então vamos buscar o meu carro, tu vais para um hotel descansar enquanto eu preciso de ter uma conversa com alguém.

Paro perto da praia para que ele recupere o seu carro e dou entrada num hotel, tenho de me cuidar porque Bruno Albuquerque não me vai facilitar a vida. Durante uma semana adiei a minha vida, Alice tinha as minhas coisas em sua casa mas evitei tocar no telemóvel, não saí do hotel mas terminei o meu curso pelo menos isso eu tinha conseguido fazer. Tomo um duche e preparo-me para me encontrar com os advogados, havia muito para falar antes da primeira audiência. Olho para o carro e penso que não preciso de algo tão extravagante mas vou mante-lo até ver o que se vai passar em breve. Passamos longas a horas a ver documentos e a assinar outros tantos, Bruno deve estar desesperado porque está tudo parado até sair uma decisão do tribunal, ele bem que merece, graças a deus que a justiça está a tratar de tudo com rapidez. Passo numa imobiliária, preciso de encontrar finalmente a minha propria casa, o meu lar e a tarefa não era fácil porque eu não queria uma apartamento no meio da confusão, felizmente a agente tinha uma proposta audaciosa, algo fora das minhas possibilidades, era uma casa com jardim e piscina num condomínio privado, como iria pagar aquilo caso perdesse o processo? Eu tentei na mesma porque ser filha do grande Albuquerque poderia ajudar, pelo menos uma vez na vida este maldito sobrenome serviria para alguma coisa útil

Dois dias depois a proposta de compra foi aceite, estava feliz com isso, passo na porta da empresa dos Smith, tinha combinado buscar Alice para vir comigo visitar a casa e finalmente termos a conversa que tenho adiado...

­— Ela é linda, espero que sejas finalmente feliz.

— Eu sei que te devo uma explicação só não sei se estou preparada para falar sobre isso.

— Não há muito para saber, Alonzo estava na sala. - Tinha esquecido esse pormenor.

— Eu amava aquele homem Alice, ele usou-me.

— As coisas estão complicadas na empresa, ele continua a trabalhar mas Alonzo não lhe fala e Raphael mantem uma relação com ele em nome da família. Ele enganou todos muito bem.

— Há mais, estou a processar o meu pai, todo o seu património está em meu nome, decidi deixa-lo sem nada.

— Ele merece mas tu como te sentes?

— De rastos. - Pior que isso mas tenho muito com que me preocupar.

— Eu e Alonzo estamos aqui para ajudar.

— Eu sei, obrigado.

A casa estava quase vazia, havia uma cama e nada mais, a cozinha estava repleta de comida e o closet com a minha roupa mas não tinha dinheiro para mais nada por enquanto, porquê eu não consigo ser feliz?

Apaixonada Por Um SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora