28 - Sai da minha vida

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Ele foi claro como água quer que saia da sua vida sem mesmo me explicar o motivo, nunca o vi tão transtornado antes. Conduzo até casa e ignoro as chamadas que não cessam, subo ao apartamento e pego nas malas de viagem, só as usei uma única vez quando fugi do meu pai e adivinhem, vou usa-las de novo para o mesmo efeito. Seria tão mais fácil se nunca me tivesse dito que me amava, seria muito menos doloroso, echo as minhas malas com tudo o que me pertence, a minha vista está turva pelas lágrimas e nem dou pela chegada de Alice...

- O que foi que se passou Luna?

- Boa pergunta, Kevin simplesmente me mandou embora! - Continuo a arrumar cada peça de roupa na mala.

- Da empresa?

- Da sua vida! - Grito sem querer assusta-la, ela senta na minha cama com a mão na boca.

- Mas vocês não passaram a noite juntos?

- Ele confessou que me amava mesmo depois que lhe contei o meu passado, ele iria terminar tudo com Leyla e de repente chegou como um maluco e simplesmente correu comigo.

- Alonzo está a tentar perceber o que se passa mas ninguém entendeu o seu ataque de loucura. - Pois que faça isso eu não vou correr atrás dele

- Eu perguntei, ao contrario do que aconteceu quando foi comigo eu quis entender e esclarecer mas ele não me dá nenhuma explicação.

- E tu pensas que vais onde? - Ela afasta-me da mala e tira a camisola da minha mão.

- Embora, perdi meu emprego e Kevin, não há como viver nesta cidade.

- Eu entendo mas deixa a poeira assentar e depois voltas a tentar falar com ele, vamos ver o que o Alonzo consegue. - Dou um sorriso azedo e volto a minha anterior tarefa.

- Não Alice.

- Vou buscar um sumo para beberes e te acalmares um pouco. - ela corre até a cozinha e volta com um copo cheio de sumo de laranja - Senta-te e bebe agora.

Bebo tudo e sento, as lágrimas caem ainda mais, doía mais do que qualquer merda que o meu pai tenha feito todos estes anos, nunca tinha vivido isto antes, a dor era tanta que eu jurava não aguentar, se era isto o amor então eu não queria amar novamente. Alice ficou por muito tempo a afagar o meu cabelo enquanto eu chorava deitada na minha cama, adormeci muito rápido, desconfio que ela tenha colocado algo naquele sumo. Ouço vozes e por baixo da porta há claridade, ajeito o cabelo e a roupa, lavo a cara e vou até a sala. Alonzo, Alice e Raphael olham para mim, senti ainda mais tristeza quando os seus olhares atingiram-me

- Como te sentes? - Sei que não foi propositada, mas a pergunta de Alice faz-me ficar irritada no mesmo instante.

- Ele ao menos explicou o que se passou? - Olho para Alonzo que parece não saber mais que esta tarde.

- Nada, esta manhã falamos, ele estava empolgado e excitado com a noite que vocês tiveram - olho para Raphael que não reage, ele já sabe de nós os dois - Ele parecia um adolescente apaixonada, nunca o vi assim antes e depois do almoço regressou da forma que viste, eu não consigo arrancar nada dele, nem mesmo sei com que cliente esteve, mas alguma coisa o fez reagir assim.

- Será que Leyla descobriu tudo? - Alice pensa alto, mas eu não creio que seja uma possibilidade.

- Não sei, aquele idiota não fala e ainda por cima diz que vai viajar e só volta daqui a alguns dias!

- Eu também tentei saber com os meus pais, mas eles não sabem de nada. - Raphael era realmente um bom homem e eu estava péssima por ele descobrir as coisas de forma tão evasiva.

- Desculpa Raphael, eu...

- Está tudo bem Luna, somos adultos e se vocês ficarem bem eu também fico.

- Eu não vou esperar que se resolva porque não vai. - Sei que não, estou apenas a mentir a mim mesma se disser o oposto.

- Pelo menos tenta falar com ele, nunca se sabe.

- Eu tento, mas se ele não quiser falar comigo, vou embora. -Eu tinha ao menos que entender.

- Amanhã tento falar outra vez com ele, agora volta para a cama e descansa.

- Obrigado mesmo.

Abraço a cada um e volto para o quarto, mas o sono não veio e vi o dia nascer deitada na minha cama, pego no telemóvel com as mãos trémulas e ligo para ele. Todas as vezes tocava e acabava por parar no atendedor, deixei dezenas de mensagem sem resposta e depois do almoço quando percebi que havia bloqueado o meu número senti uma grande humilhação. Continuo então quilo que começara no dia anterior, espero Alice para me despedir.

- Por favor não vás. - Ela chora tanto que só aumenta a minha angústia.

- Preciso de ir, mas continuaremos a falar para além de que agora tens o Alonzo que tomará bem conta de ti.

- Alonzo mandou isto para ti, é uma carta de recomendação, vai ajudar-te a encontrar trabalho. - Ela entrega-me o envelope com documento que certamente me abrirá portas.

- Obrigado.

- Ele está furioso com Kevin que nem com ele aceita falar.

- Quero que tomes bem conta de ti, amanhã ligarei a Márcia.

- Ela vai ficar triste.

- Eu sei, mas virei visitar-vos! - Márcia vai querer matar o Kevin.

- Por falar nisso tenho uma proposta para ti, a minha prima tem uma casa para alugar em Angra dos Reis e eu falei de ti, fica a duas horas e meio de caminho, dá para nos vermos ao fim de semana. Acho que é um distância razoável.

- Eu também não quero perder os laços que criei com vocês, então vou aceitar a tua proposta. - Assim evita que tenha de procurar um lugar de confiança.

- Vou ligar-lhe e assim podes partir amanhã de manhã, o que achas?

- Acho que posso aguentar-te mais uma noite. - Ela salta do sofá para me dar o melhor abraço do mundo.

Apaixonada Por Um SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora