Ele foi claro como água quer que saia da sua vida sem mesmo me explicar o motivo, nunca o vi tão transtornado antes. Conduzo até casa e ignoro as chamadas que não cessam, subo ao apartamento e pego nas malas de viagem, só as usei uma única vez quando fugi do meu pai e adivinhem, vou usa-las de novo para o mesmo efeito. Seria tão mais fácil se nunca me tivesse dito que me amava, seria muito menos doloroso, echo as minhas malas com tudo o que me pertence, a minha vista está turva pelas lágrimas e nem dou pela chegada de Alice...
- O que foi que se passou Luna?
- Boa pergunta, Kevin simplesmente me mandou embora! - Continuo a arrumar cada peça de roupa na mala.
- Da empresa?
- Da sua vida! - Grito sem querer assusta-la, ela senta na minha cama com a mão na boca.
- Mas vocês não passaram a noite juntos?
- Ele confessou que me amava mesmo depois que lhe contei o meu passado, ele iria terminar tudo com Leyla e de repente chegou como um maluco e simplesmente correu comigo.
- Alonzo está a tentar perceber o que se passa mas ninguém entendeu o seu ataque de loucura. - Pois que faça isso eu não vou correr atrás dele
- Eu perguntei, ao contrario do que aconteceu quando foi comigo eu quis entender e esclarecer mas ele não me dá nenhuma explicação.
- E tu pensas que vais onde? - Ela afasta-me da mala e tira a camisola da minha mão.
- Embora, perdi meu emprego e Kevin, não há como viver nesta cidade.
- Eu entendo mas deixa a poeira assentar e depois voltas a tentar falar com ele, vamos ver o que o Alonzo consegue. - Dou um sorriso azedo e volto a minha anterior tarefa.
- Não Alice.
- Vou buscar um sumo para beberes e te acalmares um pouco. - ela corre até a cozinha e volta com um copo cheio de sumo de laranja - Senta-te e bebe agora.
Bebo tudo e sento, as lágrimas caem ainda mais, doía mais do que qualquer merda que o meu pai tenha feito todos estes anos, nunca tinha vivido isto antes, a dor era tanta que eu jurava não aguentar, se era isto o amor então eu não queria amar novamente. Alice ficou por muito tempo a afagar o meu cabelo enquanto eu chorava deitada na minha cama, adormeci muito rápido, desconfio que ela tenha colocado algo naquele sumo. Ouço vozes e por baixo da porta há claridade, ajeito o cabelo e a roupa, lavo a cara e vou até a sala. Alonzo, Alice e Raphael olham para mim, senti ainda mais tristeza quando os seus olhares atingiram-me
- Como te sentes? - Sei que não foi propositada, mas a pergunta de Alice faz-me ficar irritada no mesmo instante.
- Ele ao menos explicou o que se passou? - Olho para Alonzo que parece não saber mais que esta tarde.
- Nada, esta manhã falamos, ele estava empolgado e excitado com a noite que vocês tiveram - olho para Raphael que não reage, ele já sabe de nós os dois - Ele parecia um adolescente apaixonada, nunca o vi assim antes e depois do almoço regressou da forma que viste, eu não consigo arrancar nada dele, nem mesmo sei com que cliente esteve, mas alguma coisa o fez reagir assim.
- Será que Leyla descobriu tudo? - Alice pensa alto, mas eu não creio que seja uma possibilidade.
- Não sei, aquele idiota não fala e ainda por cima diz que vai viajar e só volta daqui a alguns dias!
- Eu também tentei saber com os meus pais, mas eles não sabem de nada. - Raphael era realmente um bom homem e eu estava péssima por ele descobrir as coisas de forma tão evasiva.
- Desculpa Raphael, eu...
- Está tudo bem Luna, somos adultos e se vocês ficarem bem eu também fico.
- Eu não vou esperar que se resolva porque não vai. - Sei que não, estou apenas a mentir a mim mesma se disser o oposto.
- Pelo menos tenta falar com ele, nunca se sabe.
- Eu tento, mas se ele não quiser falar comigo, vou embora. -Eu tinha ao menos que entender.
- Amanhã tento falar outra vez com ele, agora volta para a cama e descansa.
- Obrigado mesmo.
Abraço a cada um e volto para o quarto, mas o sono não veio e vi o dia nascer deitada na minha cama, pego no telemóvel com as mãos trémulas e ligo para ele. Todas as vezes tocava e acabava por parar no atendedor, deixei dezenas de mensagem sem resposta e depois do almoço quando percebi que havia bloqueado o meu número senti uma grande humilhação. Continuo então quilo que começara no dia anterior, espero Alice para me despedir.
- Por favor não vás. - Ela chora tanto que só aumenta a minha angústia.
- Preciso de ir, mas continuaremos a falar para além de que agora tens o Alonzo que tomará bem conta de ti.
- Alonzo mandou isto para ti, é uma carta de recomendação, vai ajudar-te a encontrar trabalho. - Ela entrega-me o envelope com documento que certamente me abrirá portas.
- Obrigado.
- Ele está furioso com Kevin que nem com ele aceita falar.
- Quero que tomes bem conta de ti, amanhã ligarei a Márcia.
- Ela vai ficar triste.
- Eu sei, mas virei visitar-vos! - Márcia vai querer matar o Kevin.
- Por falar nisso tenho uma proposta para ti, a minha prima tem uma casa para alugar em Angra dos Reis e eu falei de ti, fica a duas horas e meio de caminho, dá para nos vermos ao fim de semana. Acho que é um distância razoável.
- Eu também não quero perder os laços que criei com vocês, então vou aceitar a tua proposta. - Assim evita que tenha de procurar um lugar de confiança.
- Vou ligar-lhe e assim podes partir amanhã de manhã, o que achas?
- Acho que posso aguentar-te mais uma noite. - Ela salta do sofá para me dar o melhor abraço do mundo.
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Apaixonada Por Um Smith
RomanceAlbuquerque, é esse o meu sobrenome! Vivi numa vida tranquila durante três anos, comecei de novo e deixei o passado em outro país. Fui sempre ciente dos meus objetivos e limites mas um dos Smith conseguiu marcar-me e destruir-me. Se voltar para trás...