6 - Alonzo Matias

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Quando ele me deixou na porta do prédio, fez questão de me oferecer o cartão com o seu número de telefone, o qual eu nunca usaria, mas aceitei por gentileza. Alice não estava em casa então fui ter com a Márcia, precisava urgentemente de contar-lhe todas as novidades, ela, por certo, iria dar-me bons conselhos para além de um bom sermão por trabalhar como uma maluca. Brinco com a sua netinha que é a coisa mais fofa que conheço, quando estou com ela não tenho vontade de a largar mais, fico para jantar e assim aproveito para ver as meninas, as filhas da minha amiga são muito divertidas, gosto de ouvir elas falarem sobre os enredos da escola e do trabalho naqueles momentos posso fingir que estou realmente em casa. No domingo decido arrastar Alice comigo, preciso comprar um carro, sei que é dia de passear, ir a praia ou efetuar maratona de filmes, mas não este fim de semana. Entro num stand de carros usados não podia justificar a compra de um carro novo, iria levantar suspeitar e eu sei como contornar isso, compro um BMW em segunda mão, é um bom carro, mas como é usado disfarça um pouco, agora é só ter cuidado para não ter multas ou acidentes e pior, esconder a minha carta de condução a Alice, o meu nome verdadeiro está gravado nela. Depois de duas horas a assinar papéis e a passar esperar autorização para o crédito finalmente fica tudo tratado e decidimos dar uma volta na cidade e beber uma bebida fresca perto da praia, agora poderíamos fazer compras sem nos preocuparmos com o peso dos sacos ou sair a noite, tudo muda quando não somos dependentes de transportes. Na segunda-feira entramos no parque de estacionamento com o carro novo e um sentimento de importância por arranjar lugar perto dos grandes chefes, Alice tinha um sorriso enorme e rebolava pelo corredor até a receção, até Alonzo fixou o olhar nela, algo que eu não lhe contei para que ela não ficasse maluquinha, quer dizer ainda mais. Entramos juntos no elevador

— Bom dia chefe!

— Como foi o almoço de sábado? - Continuo a olhar para o telemóvel e disfarço o rumo da conversa.

— Comemos, bebemos e conversámos, o que normalmente se faz num restaurante.

— Muito engraçada, Luna.

— Vou marcar uma reunião com a equipa acho que entrei algumas soluções para avançar com o projeto e terminar ainda antes da data.

— Isso seria ótimo, não podemos perder tanto dinheiro com este projeto. - Vamos começar a perder em breve se continuarmos a este ritmo.

— Vou ver como está a agenda e depois falamos.

Cada um vai para o seu posto, a agenda não estava assim tão cheia, pelo menos a minha, então envio um email a todos para combinar uma reunião uma hora depois. Na sala de reunião a tensão sobe, a equipa parece não me levar a sério ou aceitar, fico frustrada quando todos colocam obstáculos nas soluções que apresento, a minha vontade é de gritar para todos que agora sou eu quem manda e deverão acatar, dou a reunião como terminada sem chegar a qualquer consenso e remarco uma segunda rodada para após almoço, vou disparada ter com Alonzo, bato na porta e ele faz sinal para me sentar enquanto termina uma chamada importante, olho em volta vejo fotos dele com a família e com os Smith

— Algum problema? - Ele pousa o telefone e olha para mim.

— A equipa parece estar contra mim, não quero pressioná-los ou ser inflexível, mas é frustrante.

— Faz o que sabes fazer melhor, impõe-te! - Ele volta a receber uma chamada, mas ignora.

— Isso pode tornar tudo pior, se eles começam a odiar-me está tudo perdido.

— Chefes nunca são vistos com simpatia, mas se mostrares as tuas competências ao mesmos vão confiar nas tuas decisões. - Ele pega numa caneta e brinca coma mesma, penso que tem razão, mas não quero deitar tudo a perder.

— Teremos nova reunião após almoço, tenho autorização para mostrar as garras?

— Não sei porque perguntas já o fizeste antes.

— Com eles é diferente, só quero saber que tenho carta-branca da tua parte.

— Sem brincadeiras Luna. - Ele pousa a caneta e assume um ar sério pela primeira vez - Confio no teu talento, tu és boa.

— Depois conto como correu o confronto desta tarde vou comer qualquer coisa. - Fico de pé e arrumo a minha cadeira no lugar.

— Com a morena desta manhã?

— Esqueça chefe ela é minha amiga e está fora do seu alcance.

— É comprometida? - Ele cruza os braços e passa a língua nos lábios, faz um olhar predador, coitado vou já parar com os seus planos.

— Melhor que isso, é uma excelente mulher e não do tipo de uma noite.

— Está com uma ideia errada de mim, Sra Albuquerque.

— Não chefe sei que tenho razão por isso não sonhe em lançar charme a Alice. - Aponto o dedo para ele e caminho para a porta.

— Alice, adoro o nome.

— O recado está dado Sr Matias!

Vou para o elevador, os Smith conversam lá dentro, está a tornar-se um hábito os nossos encontros dentro da caixa metálica

— Bom dia! - Raphael olha-me de cima a baixo - Vejo que voltou a crescer Sra Albuquerque.

— Vejo que voltou aos fatos Sr Smith.

— Prefere as jeans? - Quer dizer que o irmão sabe do nosso almoço.

— Prefere anãs? - Sorrio quando para no andar térreo

— Prefiro quando elas sorriem como a Senhorita.

As portas fecham e vejo Alice de braços cruzados a fitar-me

— O Raphael está interessado em ti! - Pronto começou...

— Não!

— Mentira, ele sorriu-te. - Ela anda do meu lado e escolhemos o almoço é, há sempre três pratos a escolham hoje vou querer menu vegetariano.

— Isso não quer dizer nada. - Não queria, ele é apenas divertido.

— E tu sorriste para ele amiga, não é estranho?

Apaixonada Por Um SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora