34 - De novo no Rio

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— Nem em sonhos tu dormes aqui!

— Acho que não serias doida de enfrentar um Viking.

Entro na casa de banho e tranco a portam, olho para o espelho e penso no que fazer quanto ao homem que está do outro lado da porta, retiro a maquilhagem, lavo os dentes, visto o meu conjunto de dormir e saio. O homem só pode estar a brincar, Kevin está despido e deitado na minha cama. Naquele momento em que ele exibia um sorriso, perdi a vontade de brincar, lembrei de quando correu comigo, doeu, aliás, ainda dói muito. Decido ignorá-lo e deitar...

— Pensei que irias obrigar-me a deitar no chão. - Parece não ter noção do quanto me magoa.

— Eu devia, afinal foste tu que me expulsaste da tua vida.

— Luna...

— Acreditei quando disseste que me amavas, eu tentei perceber o que passou, liguei-te e nunca respondeste. Agora pensas que podes chegar perto de mim com esse jogo e tudo ficará esquecido? Gostaria que fosse assim tão fácil, mas infelizmente eu amava-te. Agora apaga a merda da luz, fecha a boca e dorme Kevin.

Ele suspirou, apagou a luz e ficou quieto como pedi, era duro suportar a sua presença, as minhas lágrimas caiam em silêncio. Passaram longos minutos, pensei que Kevin dormia, mas num movimento inesperado ele puxa o meu corpo contra o seu...

— Lamento tanto, desculpa meu amor. - As minhas lágrimas caem ainda mais.

— Por favor, Kevin não faças isso outra vez, fica longe de mim.

Ele beija o meu pescoço...

— Eu amo-te Luna.

Ele retira a minha camisola mesmo quando eu tentava afastá-lo...

— Não me mintas mais.

— Tive motivos fortes para fazer aquilo, confia em mim. - Limpa o meu rosto com carinho.

Motivos?

— Tu foste o único em que confiei.

A sua boca devora a minha, eu tinha saudades do seu gosto, tentei debater-me antes de entregar-me, eu arranho as suas costas, puxo o seu cabelo, sinto a sua barba na minha pele, o seu cheiro...

— Porquê Kevin?

— Confia em mim, juro que vou resolver tudo e explicarei. Amo-te muito baixinha.

— Meu Viking!

Fizemos amor, percebi haver muito sentimento nas suas palavras, percebi que ele chorou, quão grande será o problema por trás de todos os seus atos? Kevin é um homem honesto e sincero, preciso saber o que se passa. Espero que ele adormeça, recolho todas as minhas coisas e saio do hotel após deixar tudo pago, entro no meu carro e vou para casa. A viagem é longa e cansativa, tentei ignorar o telemóvel que tocava com insistência...

— O que foi agora? - Atendo irritada.

— Calma Albuquerque, onde te meteste?

— Estou a caminho de casa.

— Tens a noção que o meu irmão está a revirar a cidade a tua procura? - Por quê?

— Ele podia ter ligado.

— Ao que parece não, ele pediu que fosse eu a fazê-lo. - Demasiado estranho vou tratar disso hoje ainda.

— Olha, eu estou a conduzir e não quero distrair-me, falamos depois!

— Boa viagem, quando chegares a casa avisa, quero ter certeza que estás bem.

Entro em casa uma hora depois, a primeira coisa que faço é alertar Raphael que cheguei inteira, estou exausta da viagem e de ter dormido pouco, tomo um duche e abro o portátil. Passo longas horas a pesquisar sobre Luiz Omar, é ele o autor dos problemas de Kevin. Consigo a sua morada, contacto... Incrível como a 'internet' é como um livro aberto, após ter bastantes informações fecho o computador, deito no sofá e durmo algumas horas. Acordo perto da hora de jantar, vejo que tenho mensagens de Alice, fotos dos dois com enormes sorrisos na praia de Bali. Decido ligar apenas para ouvir da sua boca que está feliz e peço a Alonzo se posso me instalar em sua casa durante o mês que os dois estarão fora, ele aceita e irá combinar com a sua mãe de passar para me entregar as chaves. Implorei que não contasse aos Smith sobre isso, ele ficou curioso, mas aceitou, cada dia, um passo, amanhã terei novas decisões a tomar.

Segunda-feira, sete da manhã, estou sentada na minha secretária e espero o meu chefe...

— Bom dia Sra Albuquerque! - sigo-o até ao seu gabinete estupidamente grande.

— Podemos falar chefe?

— Rápido porque tenho o dia cheio de reuniões. - Ele liga o computador e retira o casaco sem me olhar uma única vez.

— Não vou demorar! - estendo um envelope - Aqui está a minha demissão.

— Está a brincar comigo? - Agora, sim, eu tenho a sua atenção.

— Não senhor.

— Não pode ir embora, é uma das melhores funcionárias. Posso fazer alguma coisa para mudar de ideias? - Ele quer dizer dinheiro? Não tenho um objetivo e passa por cortar relações com tudo e todos.

— Não Obrigado!

Pego nas minhas coisas e saio, não foi um esforço sair daquela empresa, apesar de tudo eles eram exploradores, óbvio que era a sua melhor funcionárias, eu trabalhava o dobro de qualquer outro ali dentro. Olho para a minha agenda e vejo risco o segundo 'item' da minha lista, portanto há que continuar com o plano, pego no telemóvel e logo a minha senhoria atende, mais uma decisão a tomar...

— Liliana fique tranquila, vou pagar a renda por inteiro.

— Não é necessário Luna. - Queria compensá-la já que me deu a mão quando cheguei aqui em Angra.

— Claro que sim e obrigado, vou tirar as minhas coisas de lá ainda hoje, por favor só peço que não diga nada a Alice por enquanto, quero ser eu a falar com ela quando regressar da lua de mel.

— Sem problemas, boa sorte.

Acho que precisarei de muita força, volto a fitar a lista: casa, trabalho... Feito!

Embalo as minhas coisas em malas e caixotes que arrumo no carro, olho uma última vez para a casa, gostei de ter passado aqui estes meses, mas estava entusiasmada com a ideia de regressar ao Rio. Ligo o rádio pronta a enfrentar o trânsito infernal de regresso a casa, é lá que tudo se passa.

Apaixonada Por Um SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora