Volto para perto do grupo e sinto Raphael pousar a mão nas minhas costas nuas por causa do vestido, ele chega perto do meu ouvido...
— Como te sentes?
— Pronta para mais um copo!
— Como queiras.
Ficamos um par de horas a conversar e beber, estava a ficar tarde e todos se sentiam animados com a possibilidade de uma saída até a discoteca mais badalada da cidade. Eu tinha outros planos...
— Que tal irmos todos no mesmo carro, eu tu e as senhoritas. - Alonzo diz a Raphael.
— Eu não sou convidado? - Todos olham chocados para Kevin, eu pessoalmente também não o imagino num ambiente desses.
— Tu numa discoteca? - Alonzo olha de lado para o amigo, os dois conhecem-se bem e não entendo o que os seus olhares querem dizer.
— Eu fico, não gosto desse tipo de ambiente. - Leyla era das minhas.
— Eu também passo. - Digo.
— Nem pensar Sra Albuquerque. - Raphael contrapõe, mas, na verdade esta noite não é boa ideia, não sei o porquê mas algo fez despertar de novo uma agonia que pensava já ter desaparecido.
— Não gosto de me repetir, a resposta continuará a ser não.
— Consigo ser insistente, estás ciente disso?
— Desta vez não! - Beijo o seu rosto e digo adeus a todos, não tinha intenções de estragar a noite de mais ninguém.
Entro no carro e volto para casa, tomo um duche e visto algo confortável que com o calor que se fazia resumia-se a uns calções e um top por cima da 'lingerie'. Sento no sofá com as luzes apagadas, acendo algumas velas que tornam o ambiente mais romântico e uma música calma a tocar bem baixo. Sempre mantive a distância de todos no trabalho, então de um momento para outro sinto-me demasiado próxima de todos, não acho que seja boa ideia. Alguém bate de leve na porta, salto do sofá e não me mexo, novamente alguém bate, sei que não é Alice por isso vou à cozinha, pego na maior faca que temos e vou à porta, o homem de cabelos longos já está a afastar-se...
— Kevin? - Abro um pouco a porta.
— Luna, desculpa se te acordei.
— Não dormia, não deveria estar com os outros?
— Posso entrar?
Aceno e abro mais a porta, escondo a faca nas costas faço sinal para que se dirija a sala e assim possa pousar a faca na gaveta do móvel da entrada sem que ele veja a minha loucura. A música ainda tocava e a casa cheirava a maçã com canela graças as velas perfumadas.
— Estás acompanhada? - Ele olha em volta e parece atrapalhado.
— Não, pode ficar a vontade. - ele senta-se e olha-me de cima a baixo, que vergonha, esqueci-me de que estou com um terrível aspeto - Eu estava apenas a relaxar um pouco. Aceita uma bebida?
— Obrigado.
— Tem preferência?
— Nem por isso.
Entro na cozinha e retiro do fresco a única garrafa e vinho verde gasoso que tínhamos, não tem a qualidade dos vinhos que está habituado, mas é o único que posso oferecer. Pego em dois copos e vou até a sala, deixo-o abrir o vinho e fico sentada na outra ponta do sofá mesmo que não seja muito distante, é o máximo que consigo afastar-me.
— Não vou levar tempo a perguntar como soube qual é a minha porta, mas estou curiosa, o que faz aqui?
— Não sei como explicar, mas o tema é Raphael. - ele veio realmente aqui para falar do irmão? Podia fazê-lo na empresa.
— O que tem ele?
— Ele e brincalhão, divertido, com um coração de ouro, mas não acho correto ter um relacionamento com alguém da empresa, já aconteceu e deu errado. - ajeito a camisola nervosa, parece que sou incriminada de algo.
— Estou totalmente de acordo, eu nunca teria nada com ele ou qualquer outro ali, pode ficar tranquilo.
— O problema é que desta vez é diferente, ele parece realmente interessado em conquistar-te. - As suas palavras fazem-me sentir mal, eu não percebo a nossa aproximação da mesma forma.
— Não vou mentir, Raphael é tudo o que disse e muito mais, é um homem atraente como toda a família Smith, mas é só um amigo, eu deixei sempre claro que não há nada mais.
— Ele é persistente, acho que já deu para perceber isso. - Ele degusta o vinho com calma e eu acho esse seu gesto sexy.
— Não vou envolver-me com ele apenas por ser insistente, não há hipóteses algumas de nos envolvermos porque a minha prioridade é o trabalho, por isso não se preocupe.
— O que aconteceu na festa para ficar tão abalada? - Ele olha para as minhas pernas e volta a levar o copo aos lábios.
— Cansaço.
— Já te vi fazer melhor que isso. -Eu solto uma gargalhada, o homem parece decifrar-me mais a cada dia que passa.
— Vocês ficam tão diferentes sem fato e gravata, sem falar no cabelo.
— Espero que seja um elogio. - ambos sorrimos, merda de velas e música que mexem comigo.
— Com todo o respeito, sim.
— Gosto do ambiente, o cheiro é bom.
— São poucas as vezes que estou sozinha, por isso decido aproveitar ao máximo.
— Desconfio que terás a noite toda. - Penso no mesmo momento na minha amiga e no meu chefe, não me agrada toda a história dos dois.
— Espero para bem de todos que Alonzo não pise o risco porque esquecerei facilmente que é meu chefe se magoar a Alice.
— Alonzo é o meu melhor amigo, mas também não deixarei que faça merda na empresa.
Ficamos um pouco em silêncio, o meu telemóvel dá sinal de mensagem e vejo que é Alice, sim, era ela para me confirmar o que já sabia, ela não vem dormir a casa. Passo a mensagem a Kevin e ele ri com o que lê.
— Leyla é muito bonita e simpática, vocês formam um lindo casal. - lembro a morena vistosa o seu lado.
— Ela é uma ex modelo. - não percebi se o tom com que disse isso era de elogio.
— Percebi isso, senti-me uma sem-abrigo do lado dela.
— A serio? — Ele olha como se tivesse dito um palavrão.
— Ela arrasa qualquer outra mulher.
— Como só eu não enfrento nunca a fera Luna Albuquerque? - Mais uma vez muda de assunto e desta vez ele toca num ponto que nunca percebi, será que tem razão?
— Ainda não Sr Smith, mas não se sinta apressado para que isso aconteça.
— Sabes que dizer isso vestida dessa forma não te dá nenhuma credibilidade.
— Posso dizer o mesmo. - Puxo os calções para baixo, o que o diverte imenso.
— O que tem a minha roupa?
— Ela é perfeita, somente ninguém acreditaria que o viking na minha frente, é o diretor frio que me cruzo toda a semana. - Faço questão de o picar um pouco.
— Viking e frio, dois insultos na mesma frase.
— Viking não é um insulto, muito pelo contrário. - Nós mulheres sabemos o quando é quente um homem desses, mas isso eu não lhe vou explicar.
— Preciso que me esclareças.
— Farei isso no dia que for despedida ou estiver bêbeda e não olhes assim para a garrafa porque é a única que tenho.
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Apaixonada Por Um Smith
RomantikAlbuquerque, é esse o meu sobrenome! Vivi numa vida tranquila durante três anos, comecei de novo e deixei o passado em outro país. Fui sempre ciente dos meus objetivos e limites mas um dos Smith conseguiu marcar-me e destruir-me. Se voltar para trás...