9 - Visita inesperada

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Volto para perto do grupo e sinto Raphael pousar a mão nas minhas costas nuas por causa do vestido, ele chega perto do meu ouvido...

— Como te sentes?

— Pronta para mais um copo!

— Como queiras.

Ficamos um par de horas a conversar e beber, estava a ficar tarde e todos se sentiam animados com a possibilidade de uma saída até a discoteca mais badalada da cidade. Eu tinha outros planos...

— Que tal irmos todos no mesmo carro, eu tu e as senhoritas. - Alonzo diz a Raphael.

— Eu não sou convidado? - Todos olham chocados para Kevin, eu pessoalmente também não o imagino num ambiente desses.

— Tu numa discoteca? - Alonzo olha de lado para o amigo, os dois conhecem-se bem e não entendo o que os seus olhares querem dizer.

— Eu fico, não gosto desse tipo de ambiente. - Leyla era das minhas.

— Eu também passo. - Digo.

— Nem pensar Sra Albuquerque. - Raphael contrapõe, mas, na verdade esta noite não é boa ideia, não sei o porquê mas algo fez despertar de novo uma agonia que pensava já ter desaparecido.

— Não gosto de me repetir, a resposta continuará a ser não.

— Consigo ser insistente, estás ciente disso?

— Desta vez não! - Beijo o seu rosto e digo adeus a todos, não tinha intenções de estragar a noite de mais ninguém.

Entro no carro e volto para casa, tomo um duche e visto algo confortável que com o calor que se fazia resumia-se a uns calções e um top por cima da 'lingerie'. Sento no sofá com as luzes apagadas, acendo algumas velas que tornam o ambiente mais romântico e uma música calma a tocar bem baixo. Sempre mantive a distância de todos no trabalho, então de um momento para outro sinto-me demasiado próxima de todos, não acho que seja boa ideia. Alguém bate de leve na porta, salto do sofá e não me mexo, novamente alguém bate, sei que não é Alice por isso vou à cozinha, pego na maior faca que temos e vou à porta, o homem de cabelos longos já está a afastar-se...

— Kevin? - Abro um pouco a porta.

— Luna, desculpa se te acordei.

— Não dormia, não deveria estar com os outros?

— Posso entrar?

Aceno e abro mais a porta, escondo a faca nas costas faço sinal para que se dirija a sala e assim possa pousar a faca na gaveta do móvel da entrada sem que ele veja a minha loucura. A música ainda tocava e a casa cheirava a maçã com canela graças as velas perfumadas.

— Estás acompanhada? - Ele olha em volta e parece atrapalhado.

— Não, pode ficar a vontade. - ele senta-se e olha-me de cima a baixo, que vergonha, esqueci-me de que estou com um terrível aspeto - Eu estava apenas a relaxar um pouco. Aceita uma bebida?

— Obrigado.

— Tem preferência?

— Nem por isso.

Entro na cozinha e retiro do fresco a única garrafa e vinho verde gasoso que tínhamos, não tem a qualidade dos vinhos que está habituado, mas é o único que posso oferecer. Pego em dois copos e vou até a sala, deixo-o abrir o vinho e fico sentada na outra ponta do sofá mesmo que não seja muito distante, é o máximo que consigo afastar-me.

— Não vou levar tempo a perguntar como soube qual é a minha porta, mas estou curiosa, o que faz aqui?

— Não sei como explicar, mas o tema é Raphael. - ele veio realmente aqui para falar do irmão? Podia fazê-lo na empresa.

— O que tem ele?

— Ele e brincalhão, divertido, com um coração de ouro, mas não acho correto ter um relacionamento com alguém da empresa, já aconteceu e deu errado. - ajeito a camisola nervosa, parece que sou incriminada de algo.

— Estou totalmente de acordo, eu nunca teria nada com ele ou qualquer outro ali, pode ficar tranquilo.

— O problema é que desta vez é diferente, ele parece realmente interessado em conquistar-te. - As suas palavras fazem-me sentir mal, eu não percebo a nossa aproximação da mesma forma.

— Não vou mentir, Raphael é tudo o que disse e muito mais, é um homem atraente como toda a família Smith, mas é só um amigo, eu deixei sempre claro que não há nada mais.

— Ele é persistente, acho que já deu para perceber isso. - Ele degusta o vinho com calma e eu acho esse seu gesto sexy.

— Não vou envolver-me com ele apenas por ser insistente, não há hipóteses algumas de nos envolvermos porque a minha prioridade é o trabalho, por isso não se preocupe.

— O que aconteceu na festa para ficar tão abalada? - Ele olha para as minhas pernas e volta a levar o copo aos lábios.

— Cansaço.

— Já te vi fazer melhor que isso. -Eu solto uma gargalhada, o homem parece decifrar-me mais a cada dia que passa.

— Vocês ficam tão diferentes sem fato e gravata, sem falar no cabelo.

— Espero que seja um elogio. - ambos sorrimos, merda de velas e música que mexem comigo.

— Com todo o respeito, sim.

— Gosto do ambiente, o cheiro é bom.

— São poucas as vezes que estou sozinha, por isso decido aproveitar ao máximo.

— Desconfio que terás a noite toda. - Penso no mesmo momento na minha amiga e no meu chefe, não me agrada toda a história dos dois.

— Espero para bem de todos que Alonzo não pise o risco porque esquecerei facilmente que é meu chefe se magoar a Alice.

— Alonzo é o meu melhor amigo, mas também não deixarei que faça merda na empresa.

Ficamos um pouco em silêncio, o meu telemóvel dá sinal de mensagem e vejo que é Alice, sim, era ela para me confirmar o que já sabia, ela não vem dormir a casa. Passo a mensagem a Kevin e ele ri com o que lê.

— Leyla é muito bonita e simpática, vocês formam um lindo casal. - lembro a morena vistosa o seu lado.

— Ela é uma ex modelo. - não percebi se o tom com que disse isso era de elogio.

— Percebi isso, senti-me uma sem-abrigo do lado dela.

— A serio? — Ele olha como se tivesse dito um palavrão.

— Ela arrasa qualquer outra mulher.

— Como só eu não enfrento nunca a fera Luna Albuquerque? - Mais uma vez muda de assunto e desta vez ele toca num ponto que nunca percebi, será que tem razão?

— Ainda não Sr Smith, mas não se sinta apressado para que isso aconteça.

— Sabes que dizer isso vestida dessa forma não te dá nenhuma credibilidade.

— Posso dizer o mesmo. - Puxo os calções para baixo, o que o diverte imenso.

— O que tem a minha roupa?

— Ela é perfeita, somente ninguém acreditaria que o viking na minha frente, é o diretor frio que me cruzo toda a semana. - Faço questão de o picar um pouco.

— Viking e frio, dois insultos na mesma frase.

— Viking não é um insulto, muito pelo contrário. - Nós mulheres sabemos o quando é quente um homem desses, mas isso eu não lhe vou explicar.

— Preciso que me esclareças.

— Farei isso no dia que for despedida ou estiver bêbeda e não olhes assim para a garrafa porque é a única que tenho.

Apaixonada Por Um SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora