14 - Canela e maçã

59 11 1
                                    

— Vamos beber qualquer coisa, estou a morrer de sede. - Estávamos a dançar a algum tempo o suor escorria nas minhas costas.

— Vamos mas depois voltamos.

— Prometo. - Tinha esperança que os dois tivessem ido embora.

Ajeito o vestido e agarro a sua mão para furar a multidão, enquanto esperamos as bebidas ela fala perto do meu ouvido...

— O que é que Kevin faz aqui?

— Talvez tenha descutido com Leyla. - É o meu melhor palpite, se não estariam juntos.

— Pensei que ele não era do tipo de vir a discotecas, não combina com ele.

— Eu não sei nem quero saber, aqui estamos fora da empresa e eu tenho direito de fazer o que quiser da minha vida.

— Eu também mas não me sinto a vontade perto dele, Raphael é mais extrovertido, por falar nele, vocês fariam um bom casal.

— Aqui está! - Salva pelo barman que nos entrega as bebidas.

— Vamos voltar para perto deles?

— Se quiseres. - Claro que ela ia dizer sim, Alice  estava caída de quatro por Alonzo.

Os dois continuam no mesmo sítio, com uma conversa qualquer, nós bebemos e cantamos a letras das músicas animadas, como um falcão eu procuro alguém que desperte a minha atenção, nunca o fiz antes, vir para um bar ou uma boate engatar homens nunca se encaixou na minha forma de ser, prefiro conhecer alguém numa festa ou numa loja, defendo a tese de que o destino de cada um está escrito desde que nascemos. O homem perto do pilar de garrafa de cerveja na mão é bonito e másculo, gosto da forma calma com que aproveita o seu momento sozinho, parece alguém, ciente do que quer...

— Despertou a tua atenção? - Olho para o lado e vejo que Kevin fita o meu alvo, rodo o corpo e percebo que Alice desapareceu com Alonzo.

— Quem?

— O barbudo tatuado. - Ele aponta com a garrafa na mão.

— Talvez, ele expira bom sexo por todo o corpo.

— Não é o teu género. - Olho para ele que faz o mesmo, alguns fios do seu cabelo estavam soltos tive uma vontade absurda de pegar neles.

— E qual seria o meu gênero?

— Se fosse a esta hora estavas com Raphael, são os dois mesmo estilo. - Ele roda o corpo na minha direção e reflito na sua observação, era verdade.

— Mas ele não é meu chefe e não trabalha comigo. - Pisco e olho e lanço um sorriso vitorioso, encerro assim a conversa ou não...

— Bem visto, podes sempre pedir demissão para poderes dormir com o meu irmão.

— A ideia é boa mas preciso de dinheiro para pagar o quarto de hotel. - è isso que gosto num homem e Kevin tem essa qualidade, a sabedoria, acho excitante a forma como nos testamos e nos traquinamos um ao outro.

— Mas se mantiveres o emprego tens como paga o hotel mas não com quem dormir.

— O maior dilema da história da minha vida! - Ele ri alto.

Ele bede o resto da cerveja e pousa-a, assumindo de novo um ar sério...

— Se Raphael ouvisse isso ia demitir-se na segunda-feira.

— Então o melhor é deixarmos isto entre nós porque no fundo eu não quero nada com o teu irmão, sem ofensas.

— Falta algo? - Ele olha bem nos meus olhos.

— Magnetismo, como diz uma amiga minha.

— Magnetismo? É a palavra apropriada, nunca pensei nisso mas é verdade a atração é a primeira coisa que devemos sentir ou não por alguém. - Vejo Alice e Alonzo aproximarem-se.

— Como aqueles dois!

— Podemos falar num sitio mais calmo? - Ele parece escolher as palavras com cuidado, não entendo o que poderíamos ter como tema de conversa por isso nego.

— Não, na verdade eu estou a pensar ir embora. - Pouso o meu copo vazio que tenho nas mão há muito tempo para disfarçar o nervosismo que fico quando estou perto dele.

— Fugir é a palavra certa mas posso resolver isso, eu deixo-te em casa.

— Não, Alice e Alonzo podem pensar...

— Que eu sou um cavalheiro por não te deixar ir de taxi. - Ele coloca a mão nas minhas costas e eu não mexo um musculo - Alonzo vou indo, deixarei Luna em casa pelo caminho, amanhã passas lá em casa?

— Claro, precisamos continuar o nosso assunto. - Ele e Kevin parecem ser muito amigos como eu e Alice, quele olhar dos dois deve ter tantas palavras contidas.

— Até segunda! - digo para Alonzo, abraço e beijo a cara da minha amiga.

Entramos num carro diferente daquele que normalmente vejo no seu lugar de parqueamento na empresa, este é desportivo. Ele nunca acende o rádio o que é agoniante, odeio o silêncio que se instala entre nós. Ele queria falar, o momento proporciona-se mas não sai da sua boca, não sei se prefiro isto ou que fale de uma vez? O que ele quer me dizer? São apenas uma hora da manhã e já estou a regressar a casa, a ultima vez que fui dançar com Alice terminamos por tomar o pequeno almoço assim que saímos da discoteca.

— Chegámos! - Ele para o carro na porta do prédio.

—Acho que estava distraída, obrigado! - Abro a porta do carro e puxo o vestido para baixo.

— Posso subir? - Ele pergunta sentado dentro do carro com o motor ainda ligado.

— Se Alice chegar vai ficar com uma ideia errada.

— Ambos sabemos que ela não vai chegar tão cedo para além de que Alonzo tem outros planos para os dois. - Lá se vai a minha única desculpa plausível.

— Tudo bem. - Tudo mal, que merda ele tanto quer de mim?

Espero que desligue o carro e subimos até ao primeiro andar, rodo as chaves na porta e deixo que ele passe na frente, fico a admirar as suas costas largas moldadas debaixo do tecido fino, respiro fundo com a minha mente perversa. Pousa a bolsa e vou direta ao frigorifico buscar o vinho e as taças, que não se torne um hábito. Deixo que abra a garrafa e acendo as velas, desde que entramos que a única luz é a do luar e das luzes da rua que entram pela grandes janelas

— Maçã e canela?

— Ouvi dizer que era uma sobremesa interessante. - Digo enquanto continuo a acender cada pavio.

Apaixonada Por Um SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora