15 - A culpa é do álcool

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Coloco música baixa, quase inaudível, fiz tudo de forma lenta, não queria sentar-me tão perto dele mas, não iria ficar de pé toda a noite...

— Acho que vou ganhar gosto por coisas simples. - Ele levanta o copo de vinho para brindar comigo.

— Eu já me habituei!

— Porquê? - Ele pergunta curioso e nem eu mesma percebi o que acabei de confessar.

— Porque não sou dona de uma empresa. - Disfarço.

— Não sou o dono, é o meu pai mas eu já reparei nas roupas de marca, nos gostos, nas palavras, tu vens de uma família de dinheiro certo? - Ele está sempre atento a cada pormenor.

— Eu tive uma boa vida sim.

— O que faz uma Portuguesa no Brasil? Sem ofensas porque eu e a minha família somos nova-iorquinos como denuncia o nosso sobrenome.

— Vim para me encontrar! - Para fugir, na verdade mas não iria confessar e isso.

— Conseguiste?

— Tento e parece que dará certo, a minha única problema por resolver é o Wilson.

— Todos temos uma se não qual seria piada? - Ele não deve ter tantas quanto eu, mas mantenho a boca fechada.

— Peço desculpa, mas tenho que tirar estes saltos que me matam.

— Faz de conta que a casa é tua.

Passo no quarto, tiro os sapatos e volto a sala.

— Boa noite baixinha. - ele goza comigo e eu fico com raiva, sim, é o meu ponto fraco.

— Idiota, não sou assim tão pequena. - Coloco as mãos na cintura, detesto quando falam do meu tamanho, esqueço até que é o meu chefe ali sentado- Tu é que és gigante.

— Um Viking segundo ouvi dizer - Ele pousa o copo levanta-se e aproxima-se, eu engulo em seco, mas tento manter a minha postura desafiante.

— Posso ser pequena como dizes, mas isso nunca me impediu de fazer o mesmo que qualquer outra, travo as minhas batalhas com sucesso Sr Smith.

—Tenho certeza disso, só gostaria de saber como seria se a tua batalha fosse comigo.

— Eu ganharia como sempre!

— É mesmo?

Ele puxa a minha cintura com um braço e com a outra mão enterra os dedos no meu cabelo para me puxar para perto até sentir a sua maravilhosa boca na minha, levo as mão até a sua nuca, queria sentir a maciez dos seus cabelos, ele era grande demais e bom demais para mim. Tomo consciência do que fazemos, então empurro o seu peito e afasto-me, é um erro...

— Kevin talvez tenhamos bebido demais, acho melhor irmos descansar.

— Não bebemos tanto assim, tu sabes isso. - Ele solta o cabelo, porra tão sexy que me sinto idiota por parar o nosso beijo.

— Vou ficar na cama da Alice, podes dormir na minha.

— Eu não vou dormir aqui! - Agora é ele que põe as mãos na cintura.

— Bebeste o bastante para não poder conduzir, é a minha casa, então sou eu que mando, além disso não quero ser responsável por um acidente contigo. Prometo que não te incomodo.

— Como vou justificar a minha ausência em casa? - Tenho de explicar tudo?

— Culpas o álcool e tenho certeza que Alonzo pode dar-te cobertura.

Pego o meu pijama, mostro-lhe o resto da casa e vou para o quarto de Alice onde tento dormir sem pensar naquele maldito e delicioso beijo! Acordo com o som de loiça, lavo a cara, escovo os dentes e vou à cozinha onde ele bebe uma taça de café...

— Bom dia!

— Desculpa se te acordei, estou de saída, mas agradeço por me fazeres dormir aqui, eu acho que realmente bebi demais. - Ele estava com a roupa toda enrugada, coitado.

— Tudo bem, bom domingo, Kevin.

— Bom domingo baixinha. - ele pega nas suas chaves do carro e abre a porta.

— Ei! - bato no seu braço antes de o ver sair. - Fora da minha casa, Sr gigante.

Alice chegou uma meia hora mais tarde, eu estava no banho quanto ela entrou, enrolo o corpo numa toalha e vou até ao seu quarto.

— Outra noitada, Sra Alice! - Ela tinha os olhos tão brilhantes que era assustador.

— Não tenho culpa se o homem não sabe viver sem mim, dormiste na minha cama? - Ela repara nos lençóis revoltos.

— Sim!

— Estavam dois copos de vinho com uma garrafa vazia na cozinha e dormiste na minha cama. Que raio se passou no meu apartamento ontem? - Alice olha para mim desconfiada.

— Nada, apenas convidei Kevin para beber um copo e agradecer a boleia, mas como acabamos por beber a garrafa toda, então decidi deixá-lo dormir na minha cama e eu usei a tua. - É apenas uma parte da história, mas é a verdade.

— Luna não há mais nada nessa historia certo?

— Não, estás doida, o homem é praticamente casado. - Ele é, mas mesmo assim deixei que me tocasse.

— E o nosso chefe, abre os olhos.

— Olha bem para mim, Alice, eu sempre tive a cabeça no lugar. - Pelo menos até ontem.

— Acredito em ti querida, que tal uma maratona de filmes esta tarde.

Os filmes passavam no ecrã, mas na minha cabeça eu revivia a noite de ontem, o homem atrai-me como um iman, terei de me manter afastada e ser forte ou terei maiores problemas na minha vida. A culpa será sempre atribuída ao álcool, será mais fácil se tiver um culpado no meio da história.

Apaixonada Por Um SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora