Apaixonada Por Um Smith

16 - O Cliente

Segunda- feira dez da manhã e eu simplesmente não consigo trabalhar por causa daquele maldito homem, decido passar na secretária de cada funcionário para saber como estão os detalhes finais do nosso projeto, estava tudo em ordem, confesso que estava satisfeita com a equipa. Passo no escritório de Alonzo para fazer o ponto da situação...

- Acabei de saber que poderemos entregar o trabalho ao cliente esta semana ainda.

- Isso é muito bom, quer dizer que a equipa está satisfeita?

- Sim e eu também. - Sinto um alivio em dizer isto, tive medo que a nova equipa estivesse envenenada pelo Wilson.

- Temos um almoço com o novo cliente amanhã, tu tens de vir porque ele exigiu que sejas tu a responsável.

- Tem mesmo de ser?

- Tens algum problema com isso?

- Não só não tenho paciência para almoços desse tipo, exceto se o cliente seja bonitinho.

- Cuidado com a língua Sra Albuquerque. - Reviro os olhos - Os Smith estarão presentes!

- Posso saber porque não podemos ir só nós dois com o cliente?

- Normalmente seria assim, mas por algum motivo um dos Smith quer estar presente. - Ele não olha para mim, mas as suas palavras estavam carregadas de avisos e duplos sentidos, espero que Kevin não tenha contado o que se passou.

Cinco da tarde, olho para o ecrã do computador com um sorriso enorme, o projeto estava terminado, três semanas antes do prazo, o que era uma vitória para esfregar na cara de todos.

- Que lindo sorriso! - Raphael entra na minha sala, faz alguns dias que não o vejo.

- O projeto está terminado.

- Calha bem, vim aqui para fazer um convite.

- Almoço ou jantar? - Ele é de ideias fixas, talvez seja bom esclarecer tudo o quanto antes.

- A tua perspicácia deixa-me sempre surpreso, jantar!

- Passa para me buscar as sete e meia. - Digo antes de atender uma chamada.

- Sim chefe! - Ele brinca e desaparece.

Visto algo simples, não é como se fosse para um encontro, então opto por um look descontraído, quando ele para o carro na rua para que eu entre lembro-me da conversa de Kevin na discoteca, Raphael era somente menos moreno que o homem que atraiu a minha atenção. O seu telemóvel toca e ele atende enquanto conduz pelas ruas da cidade...

- Oi mano!

- Eu e Alonzo vamos jantar no seu apartamento, vens? - Era Kevin, só de ouvir a sua voz fico desconfortável.

- Desculpa, já tenho planos!

- Mulheres, queres dizer, podias ter avisado, nós mandamos vir pizas a contar contigo. - Alonzo gritam pelos vistos os dois estavam juntos e parecia que também falavam no carro.

- Esta noite planeio comer algo melhor. -Não sei a que se referia, mas se era uma indireta para mim, passou ao lado.

- Entendo só não te esqueças de...

- Cala a boca Kevin o telemóvel está em alta voz. - Raphael interrompe o irmão e eu tapo a boca para não ouvirem o meu riso, homens são tão previsíveis, todas as conversas terminam no mesmo, sexo.

- Desculpa, estava apenas a brincar.

- Não tem problema Sr Smith, não vou levar a peito as suas palavras. - Não consegui ficar calada, foi mais forte que eu.

- Tchau imbecil. - Raphael desliga a chamada meio-chateado, juro que não levei a mal toda aquela conversa machista.

Entramos num restaurante brasileiro, desta vez o ambiente era mais simples e descontraído como eu gostava, ele pediu várias vezes desculpa pela conversa no carro, eu sempre ria pela sua cara de constrangimento, conversa boa e divertida sempre acompanhada de boa comida

- Luna eu gostaria que nos conheceremos melhor.

- Vou sincera, tu mereces isso Raphael, eu gosto de ti e muito. És especial, mas eu não tenho nenhum interesse físico, não é só por seres meu chefe. Tu és lindo, interessante, mas não...

- Entendo, não posso dizer o mesmo, as minhas intenções vão além da amizade, mas respeito isso. - Ele não parecia assim tão mal com a minha sinceridade.

- Não dou uma semana para estares debaixo dos lençóis com uma loira.

- Vou tratar disso amanhã mesmo. - Rimos da sua afirmação, quero manter a nossa amizade.

- Desculpa Raphael.

- Está tudo bem, talvez seja só atração física e não iria andar com alguém que não sente o mesmo que eu. - Acho que é isso mesmo.

Ficamos até o restaurante fechar, nós descobrimos tantas afinidades, era até engraçado eu não o via assim tão amoroso. Quando entro no apartamento tenho Alice á minha espera, ela sabia o que se passava, seria um jantar de sinceridade que terminava em outro problema, acho que a semana começou bem. Terça-feira, meia hora antes do almoço, entro no carro de Alonzo rumo ao restaurante escolhido pelo cliente, era um lugar luxuoso. Antes de entrar o meu chefe deixa um alerta...

- Só para saberes é o negócio mais caro que fizemos segura este projeto!

- Se depender de mim, está feito.

- Outra coisa, o Kevin está de péssimo humor hoje!

- Mais um motivo para não ter vindo, ele não faz nada neste almoço.

Kevin está de frente para mim com o cliente, a sua direita, era uma mesa redonda num canto reservado para almoços de negócios. Assim que olho para a cara do homem eu gelo, mesmo assim estendo a mão para o cumprimentar, era Ezio um ex-conhecido do meu pai, alguém que faz parte da merda que era a minha vida. Fazia anos que não o via, cinco anos desde que ele viajou para França com objetivo de erguer a sua empresa, o meu pai lucrou muito com a noite que passamos juntos, mas afinal era para isso que eu servia. Queria arrancar os seus olhos, mas não era nem o lugar, nem o ocasião. Sentámo-nos e conversamos sobre os objetivos, ele irritava-me com o seu sorriso de galanteador de meia tigela e Kevin com um olhar diabólico, poderia ser pior?...

- Quero que venha comigo Sra Albuquerque. - Senti nojo no mesmo momento.

- Acho ótimo Sr Matias irá junto, ele é o responsável da Sra Albuquerque. - Kevin está realmente com um humor de cão.

- É legitimo! - Ezio não gosta da ideia, mas não protesta, eu sei o que quer é chegar até mim.

Ezio sai da mesa para fazer uma chamada, Kevin olha-me...

- Se perdermos este cliente está despedida Sra Albuquerque.

- Não vou comentar! - Alonzo fala e levanta os ombros, redimido.

Seguimos o cliente até a sua empresa, ele tinha uma cadeia de lojas de cigarros eletrónicos, a concorrência é grande e feroz, peço que me envie alguns relatórios conforme o consumo, a história da empresa e tudo o que me ajude na campanha de 'marketing' porque o site eu vou entregar a equipa da Sra Avilar com todo o prazer.