35 - Maserati

68 10 7
                                    

Estaciono na porta de Alonzo e vejo a sua mãe, falamos um pouco sobre a festa de casamento, mas logo ela parte e eu carrego tudo para a garagem, eu não sou louca, mas arriscarei tudo pelo homem que amo, Kevin merece isso. Depois de me instalar ligo o computador, pesquiso 'stands' automóveis, preciso vender o meu carro e comprar outro, para chegar até Omar preciso ter uma imagem credível e não irei até ele como uma simples mulher, usarei o nome Albuquerque a meu favor. Procuro a minha melhor roupa e acessórios, aquele homem não se vai negar a falar comigo disso, estou confiante. Dedico o resto do dia a pintar unhas, depilação e todos aqueles tratamentos femininos que nós mulheres somos dependentes. No dia seguinte vou até cada um dos 'stands' que agendei passagem, consegui trocar de carro e gastar uma boa parte do dinheiro que havia trazido quando vim para o Brasil, eu poupava tudo para garantir um futuro confortável, mas ao que parece terei de tratar disso depois. Estava consciente que um Maserati seria uma aquisição dispendiosa, mas irresistivelmente eficaz e deveras muito atraente, passo em casa e procuro nas coisas de Alonzo o seu cartão da empresa, precisava entrar no computador de Kevin e ver que tipo de contrato há entre Omar e os Smith. Janto no restaurante perto da empresa e espero eu todos saiam, sabia que Alonzo tinha livre acesso, então entro no estacionamento privado e subo no elevador até ao andar da direção. As portas nunca ficam trancadas para a equipa de limpeza poder fazer o seu trabalho, teria apenas quarenta minutos antes que alguém chegasse, sento na sua cadeira e ligo o computador, trabalhei por anos na empresa, geria os sítios web por isso sabia como contornar os acessos. Procuro em todo o lado e não há nenhum contrato digitalizado, estava a ficar frustrada sei que todos os documentos estão no sistema. Especialmente contratos! Procuro nas gavetas, mas sem sucesso, iria embora de mãos vazias. Volto para casa desiludida, não queria envolver mais ninguém nesta loucura então tudo o que me resta é comer e dormir. Quarta feira, olho para o espelho e ajeito o decote, eu dei o meu melhor para chamar a atenção de qualquer homem, saio de casa e dirijo-me ao edifício espelhado no centro da cidade, os meus saltos ecoam no hall e faço questão de rebolar até a receção.

- Bom dia, posso ajudá-la?

- Gostaria que avisasse o Dr Omar que estou aqui! - Ela sorri com falsidade.

- Quem devo anunciar?

- Luisa de Albuquerque! - Iria usar o meu verdadeiro nome.

- Vou ver o que posso fazer!

Espero que a mulher me anuncie, será que se vai lembrar de mim?

- Sra Albuquerque, o Sr Omar pede que suba até ao último andar. - Parece que levantei o véu da curiosidade do homem.

- Obrigado.

Entro no elevador e primo o botão do 15 andar, olho em frente e vejo que uma senhora abre sorriso na minha direção.

- Bem-vinda, o Sr Omar espera por si, siga-me por favor!

Sigo-a até ao seu escritório vazio, entro e espero por ele de pé, vou até a janela e vejo a cidade do alto, é de cortar o fôlego

- Luisa Albuquerque, quanta honra! - Ele aperta a minha mão e sorri, é um homem charmoso, no esplendor dos seus 47 anos, coloca muitos jovens a um canto.

- Sr Luiz Omar, há quanto tempo

- Alguns anos, sente-se por favor estou curioso para saber em que posso ajudar? - Ambos sentámo-nos nos confortáveis sofás de couro.

Não sei por onde começar, é um pouco constrangedor! - Desvio o olhar e finjo estar muito triste, preciso fazer um pouco de teatro.

— Por favor, Luisa sabes que te aprecio.

— Eu fugi do meu pai e vim para o Brasil a procura da felicidade, entrei na firma "Smiths MK", já deve ter ouvido falar. - Levanto-me e vou até a janela para dramatizar as minhas palavras.

— Sim, sei quem são.

— O problema é que um dos Smith usou-me, dormiu comigo e depois simplesmente correu comigo como se fosse uma prostituta.

— Que miserável! - Mentiroso e hipócrita, dá para ver que mente.

— Perdi o meu emprego e eu sou uma excelente funcionária, pensei então em lhe perguntar se poderia ajudar-me.

— Claro que sim querida, uma mulher linda e inteligente será sempre bem-vinda na empresa, soube da tua campanha de 'marketing' para Ezio, gostaria de fazer o mesmo para a minha cadeia de hotéis.

— Eu ficaria lisonjeada principalmente por esfregar na cara dos Smith o meu sucesso. - Olho para o homem que sorri e caminha até mim.

— Vou tratar disso, deixe-me falar com os outros sócios e depois voltaremos a falar.

— Obrigado Luis, você foi o único a quem procurei, nem em Enzio eu confio. - Finjo ser-lhe fiel, pouso a mão no seu braço e finjo limpar uma lágrima inexistente.

— Querida, acho que deve ver isso como recompensa pelos bons e velhos tempos.

— Estou ciente disso e agradeço pelo tempo que me despendeu, deixarei o meu contacto com a sua secretária.

— É um prazer querida.

Aperto a sua mão e saio do gabinete com sentimento de sucesso, o homem era um mulherengo incurável, tenho certeza que irei vê-lo em breve. Entro no carro e vejo um número desconhecido no ecrã do telemóvel, atendo a chamada um pouco apreensiva...

— Sra Albuquerque?

— Sim, é a própria.

— Deu entrada no nosso serviço de urgência o Sr Raphael Smith, ele pediu para lhe contactar, vou transferir a chamada para o seu quarto. — estaciono o carro com o coração nas mãos.

— Mas... — o homem coloca a chamada em espera sem deixar que eu fale.

— Luna?

— Raphael o que fazes no hospital?

— Fica tranquila, não é nada de grave, tive de ligar a alguém para fingir que me vinham buscar aqui, desculpa foi apenas uma manobra para me darem alta.

— Queres matar-me? Estou aí em alguns minutos, espera por mim.

— Mas tu não estás em Angra? - Não posso mentir, preciso confirmar que está realmente inteiro.

— Não, até já!

Acelero até ao hospital preocupada, o que será que aconteceu para ele ir parar ao hospital?

Apaixonada Por Um SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora