29 - Angra

70 11 8
                                    

Angra dos Reis é tão linda quanto o Rio, diferente e mais calma mas tem o mar por perto, sigo o GPS até a morada que Alice me entregou, na porta uma mulher da minha idade espera por mim, o seu nome era Liliana mas todos a tratavam de Lili, simpática e simples ela mostrou-me a casa e onde podia encontrar tudo nas redondezas, a casa com um pequeno jardim por trás era o ideal para mim. Respiro fundo, sento no sofá e ligo para a Márcia

­— Bom dia querida!

— Olá Márcia.

— Que voz é essa Luna, o que foi que aconteceu? - Evito chorar para não a alarmar.

— Eu estive frente a frente com o grande Bruno Albuquerque antes de ontem.

— Meu Deus e o que é que esse monstro te fez?

— Ele tentou humilhar-me mas Kevin defendeu-me. - Engulo em seco quanto penso no resto da história.

— Graças a Deus, não fiques assim por causa daquele homem, ele não merece minha filha.

— Márcia eu vim para Angra dos Reis, tenho um trabalho aqui. - Se disser a verdadeira razão eu sei que ela vai a empresa e desta vez ninguém a vai deter.

— Que história é essa Luna? Por quanto tempo vais ficar aí?

— Depois eu explico melhor mas reserve um fim de semana com a família para me vir visitar.

— Isso não me cheira bem Luna - Ela já me conhece tão bem que fica cada vez mais difícil esconder as coisas dela.

— Tenho de desligar.

— Cuida de ti querida.

— Márcia você acredita que alguém que te ame muito te posso magoar por algum motivo desconhecido?

— Não meu amor, se te faz sofrer então não te ama.

— Obrigado, falamos amanhã. - Porquê não consigo colocar na minha cabeça que ele não é homem para mim?

Saio para fazer compras e fotocopias do meu currículo com a carta de recomendação, preciso ocupar a minha cabeça com trabalho, em casa preparo tudo para no dia seguinte percorrer todos os sitios em que o meu perfil se encaixe, falar com Alice não foi difícil mas com Márcia foram duas horas de lágrimas, eu amava-a como se fosse do meu sangue mas afastar-me era a solução, o lado positivo é que ela tal como a família poderiam vir aqui passar uns dias sempre que quisessem. Durante a primeira semana minha vida foi resumida a lágrimas, telefonemas para as minhas amigas e entrega de currículos, parecia que o tempo não passava e os dias viraram semanas, três para ser exata. Foi o tempo que demorou a que um dos meus currículos interessasse alguém, era uma empresa que desenvolvia 'software', estava em crescimento no mercado e precisavam de uma responsável pela gestão de clientes. Na entrevista tudo é explicado, o vencimento era mais baixo do que eu merecia, mas não era o mais importante, tinha uma conta bancária confortável, seria duro e exigente, mas exatamente o que precisava, estava tão contente que fiz quase três horas somente para contar a Márcia e jantar com Alice. Era duro trabalhar numa empresa cento e vinte pessoas em que haviam apenas dezoito mulheres e onde o trabalho era sempre tanto que acabava muitas vezes por terminar em casa com o portátil que a empresa me cedia.

Dois meses e meio depois de aqui chegar a vida volta a testar-me e desta vez eu não podia fugir, sexta-feira as sete da tarde saio do trabalho para passar o fim de semana com a Alice que agora vive com Alonzo. Alugou o seu apartamento e vive feliz com o namorado, faço força para que os dois tenham um "felizes para sempre". O trânsito estava caótico e chego perto das onze da noite.

— Finalmente!

— Desculpem pelas horas tardias. - Pouso a mala para os abraçar.

— É sexta-feira, não há problema algum.

Apaixonada Por Um SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora