36 - Luiz Omar

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Chego a porta do hospital e avisto Raphael entretido com uma jovem médica de cabelos ruivos, ele não perde tempo. Buzino para que olhe para mim mas ele não reconhece o carro e logo volta a olhar para a jovem, insisto e abro o vidro para que me veja...

— Raphael! - Aceno sorridente.

Ele diz alguma coisa a mulher e entra no carro...

— Que carro é este?

— Roubei! - Sorrio maldosa e ele gargalha.

— Sempre com resposta na ponta da língua!

— Afinal o que é que aconteceu? - Conduzo pelas ruas rumo ao restaurante perto da praia.

— Um filho da mãe bateu-me no carro.

— E tu estás bem?

— Estou mas fui obrigado a vir fazer exames por causa da seguradora e tu o que fazes aqui?

— Assuntos pessoais! - Estaciono o carro e ele sai comigo.

— Kevin?

— Ele não sonha que estou aqui e tu não lhe vais contar!

— O meu irmão foi viver para o apartamento, não sei o que aconteceu no casamento mas ele anda triste, ele sofre e o pior é que não me conta o que se passa. - É isso que eu tento descobrir.

Entramos no restaurante e continuamos a conversa, fazemos os nossos pedidos e passamos horas de convívio...

— Ele falou sobre a noite no hotel?

— Nem precisou, quando ele acordou desnorteado á tua procura percebi que algo tinha acontecido, vou ser sincero contigo, ele nunca reagiu assim com a Leyla, sempre foi organizado e ponderado, tu deixas-o perdido no bom sentido.

— Ele é especial.

— Especial é um perfume Luna, o que tu queres dizer é que tu és apaixonada pelo meu irmão.

— Raphael preciso de um favor teu, algo que ficará entre nós dois. - Ele tem de aceitar.

— Afinal o carro é mesmo roubado?

— Não seu doido, é meu! Podes arranjar-me uma cópia do contrato do Luiz Omar?

— Para quê? - Ele assume um ar desconfiado.

— Confia em mim.

— Eu confio mas não quero problemas com o meu irmão. - Pedimos a sobremesa e vejo o quanto ele respeita a confiança de Kevin.

— Nem eu quero isso. Se não estiver ao teu alcance eu entendo.

— Eu vou fazer o meu melhor "baixinha". - Fico vermelha de vergonha.

— Só existe um homem com o poder de me chamar assim.

— Respeito isso! - Ele olha para o telemóvel que toca - Por falar nele!

Fico calada a ouvir os dois conversarem, saímos do restaurante e deixo Raphael na porta da sua empresa seguindo depois para casa, agora tudo o que tinha de fazer era esperar pelo telefonema de Omar. Estava a dar em doida naquela casa sozinha então decido pegar no carro e parar na rua do apartamento de Kevin, fiquei por horas a olhar para a janela, a luz estava acesa e eu lembrava as noites que passámos juntos. Mordo o lábio enquanto imagino o seu corpo, o seu cheiro, dava tudo para estar com ele, volto para casa e decido falar com a Márcia, morria de saudades dela só não lhe podia dizer que estava por perto. Dois dias passam e eu não obtinha resposta, leio um livro no sofá quando  uma mensagem surge...

Omar - Querida Luísa gostaria que se juntasse a mim no hotel da praia para almoçarmos enquanto falamos de negócios.

Eu - Será um prazer.

Já eram onze horas então tive de correr para poder chegar a horas ao encontro, estaciono o carro e procuro pelo restaurante, Luiz já esperava por mim...

— Linda como sempre! - Ele faz questão de puxar a cadeira para me acomodar.

— Galanteador como sempre, estava preocupada, pensei que não me ligasse.

— Lamento, mas sabe como é... burocracias.

— Sei disso. - Ele já tinha feito os pedidos, lagosta e champanhe.

— Mas estou aqui para lhe compensar, aceita ser responsável por gerir a equipa que vai lançar a campanha promocional do novo Hotel?

— Seria um prazer, mas não são os Smith que vão gerir isso? - Finjo não saber que ele almoço u com Kevin. — Pensei que tivessem algum contrato.

— Não, tenho um contrato somente com o seu pai e mais ninguém. - algum dos dois me mentiu, vou descobrir quem.

— Ele sabe que vou realizar a campanha? - Isso significa que Bruno de Albuquerque já está a par da minha visita a Omar.

— Na verdade, ele também vai trabalhar nisso, quem apresentar o melhor projeto ganha.

— Tudo bem, sei que as minhas capacidades estão bem acima da média.

Tentei puxar conversa sobre Kevin, mas não consegui descobrir mais nada, tivemos uma conversa enfadonha durante a refeição e no final ele fez questão de me acompanhar até ao meu carro...

— Excelente escolha, vejo que consegue tirar partido do património Albuquerque. - Ele admira o caro antes de nós despedimos.

— O meu pai não me sustenta Sr Omar.

— O seu pai? Falava da sua parte da herança. - Que herança? Do que é que ele fala?

— Ah claro a herança, já tinha esquecido isso.

Entro no carro e vou para casa, uma semana passou e cada vez estou mais confusa com o que descubro. Tenho de arranjar forma de saber mais sobre o que Omar disse, a minha mãe veio de uma família pobre e nada possuía porque é que haveria uma herança a receber, decido procurar um detetive, consegui uma vaga no seu gabinete para o dia seguinte. Faço o jantar tranquila e recebo uma chamada de Alice, podia sentir o quanto estava feliz, ela merecia aquele casamento, desejava que os dois fossem felizes. No dia seguinte sou recebida no gabinete do detetive, o homem era o mais bem reputado do país e claro o mais caro, por este andar eu não aguentarei mais de seis meses antes de ficar falida. Assinamos um contrato de confidencialidade e explico toda a minha situação, espero que me ajude ou vou-me arrepender de ter feito tudo isto. Ligo para Raphael, quero saber se conseguiu alguma coisa...

— Luna, bom dia!

— Podemos encontrar-nos?

— Estou em casa, vou ter com Kevin ao seu apartamento...

— Sei onde ele mora, espera por mim perto da porta, quero apenas falar contigo, mas é algo rápido.

— Tudo bem até já!

Apaixonada Por Um SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora