5 - Eu anã?

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Entro no andar e vejo que Alonzo fala com os Smith perto da maquina de café ele pede para que me aproxime...

— Ouvi dizer que ficou até tarde ondem, pensei que viria apenas de tarde.

— Porque havia de fazer isso? - Alonzo quer testar-me?

— Porque preciso que respeite os horários para ser mais produtiva e porque quero o seu bem.

— Fique tranquilo chefe eu não vou pedir que me pague horas extras.

— Sempre com resposta na ponta da língua. - O meu chefe parece divertido com isso, não o estou a desafiar eu sou assim mesmo.

— Sem querer fazer perder o seu precioso tempo, quero saber se tenho autorização para vir até a empresa amanhã de manhã? - Pergunto séria e os três trocam olhares.

— Num sábado?

— Não Sra Albuquerque, descanse o trabalho espera por si na segunda- feira! - Kevin responde enquanto digita algo no telemóvel, tão mal educado.

— É esse o problema Sr Smith. – Decididamente eu e ele tínhamos um problema.

— Se almoçar comigo eu dou autorização. - Raphael diz com simpatia, é um sedutor nada que eu até acho atraente mas que prefiro não cair na tentação.

— Até segunda então.

Volto para o meu escritório, ligo o computador e antes mesmo de poder introduzir a senha alguém bate na minha porta mesmo que ela se encontre aberta...

— Nunca ninguém pediu para vir trabalhar num sábado. - Olho para ele mas volto a fitar um dos dois ecrãs na minha frente.

— Eu realmente gostaria de adiantar algumas coisas Sr Smith. - Ele senta-se na minha frente.

— Raphael por favor, Sr Smith faz-me sentir um velho! O convite não foi com maldade, acho apenas que poderia saber um pouco mais sobre o que acha do projeto que tem em mãos.

— Fazemos assim amanhã, eu venho trabalhar de manhã e almoçamos juntos, sem ofensas, mas não quero ser vista do seu lado. - Olho nos seus olhos e ele faz o mesmo, o homem é um pecado.

— Tem vergonha de sair comigo?

— Não falamos em sair, mas sim um almoço de trabalho. Não tenho vergonha, isso é obvio, mas não quero ser vista consigo, os outros funcionários iriam tirar conclusões erradas. - Se não fosse um dos grandes chefes, eu nunca negaria uma saída com um homem destes, mas há limites que nem a sua beleza faz-me ultrapassar.

— Você tem jeito para negociar, passo por aqui amanhã a hora de almoço.

— Certo, agora se não se importa! - Aponto para a porta para desafia-lo.

— Está a colocar o dono da empresa fora do seu escritório?

— Estou com todo o respeito, tenho muito que fazer. - Volto a minha atenção para os papéis na minha secretária, ignorando que Raphael me fitava de longe.

Alice quase bateu-me quando lhe contei que neguei almoçar com Raphael mas logo acalmou-se quando ouviu que amanhã estaremos juntos, não percebo porque é que ela insiste em ver-me com alguém. Desde que cheguei ao Brasil namorei dois homens por um curto período, talvez seja culpa minha, mas estou numa fase em que relacionamentos amorosos não são prioridade para mim, mas sim para ela que acaba sempre por se interessar pelo homem errado. Não fiquei até tão tarde porque não iria aguentar aquele ritmo e já que poderia trabalhar no dia seguinte, decidi aproveitar a companhia da minha amiga. Na manhã seguinte levantei um pouco mais tarde e decidi vestir algo mais prático como jeans e ténis, apanho o autocarro e a sacola com o pequeno-almoço que comprei na rua para não fazer barulho já que Alice dormia. É tão estranho entrar num departamento vazio, normalmente há agitação, mas hoje reina a paz, então decido comer enquanto trabalho, horas depois sorrio porque embora ainda tenha muito que fazer pensei em duas ou três soluções para avançar com os prazos e mostrar algo diferente...

— Acho que é a primeira vez que a vejo tão descontraída e sorridente. - Ele fica parado na porta de braços cruzados e que braços.

— Obrigado por me deixar vir esta manhã, consegui avançar bastante.

— As doze badaladas já soaram Cinderela. - Ele realmente não estava com cara de quem iria deixar-me ficar mais alguns minutos sentada a trabalhar.

— Vou só à casa de banho e já volto.

— Afinal, você é uma anã. - Olho para ele furiosa não sou assim tão pequena.

— Vocês é que são grandes demais, o seu irmão então nem falo, um autêntico gigante.

— A noiva dele diz o mesmo, ele parece ser gigante em todos os sentidos tal como eu...

— Não é por almoçar juntos que teremos mais intimidade Raphael, vamos manter limites na nossa conversa. - Ele ri alto, mas falo muito sério.

Desligo tudo, passo na casa de banho e descemos até a garagem, o único carro lá dentro era o seu, um brinquedo de riquinho, um porche exatamente, o carro que eu mais odeio, não sei se é por o meu pai ter um ou se é pelas suas linhas demasiado curvas. Eu não sei para onde vamos, mas não é assim tão perto do trabalho e detesto isso, paramos a algumas ruas da praia e subimos a um restaurante que fica no topo de um hotel quatro estrelas. Ele fala com o homem que tratou da reserva e reparo que está simplesmente de jeans, ténis e t-shirt, o homem fica bem de qualquer maneira...

— É feio admirar os homens dessa forma, eu diria que te agrada a vista.

— Só estranhei ver o quanto está simples, nunca o vi sem ser de fato e gravata. — seguimos o homem que nos indica uma mesa perto da enorme janela com vista para o mar.

— Chegaremos ao dia que me verás sem roupa!

— Decididamente não! - Pego no menu e leio sem prestar muita atenção.

— Luna, nunca podemos dizer não a algo que não conhecemos.

— Já escolheram? - O empregado de mesa fica parado com e espera os nossos pedidos.

Decidimos pedir peixe com legumes e vinho branco, de início o foco da conversa foi o trabalho, mas no final eu ouvia a sua história de como ele e o irmão assumiram a presidência para deixar o pai aproveitar a reforma do lado da sua mãe. Ele era bem mais simples do que pensava, no entanto eu sentia que tudo o que podia surgir entre nós seria apenas amizade, embora muito atraente faltava o magnetismo que nunca senti antes.

Apaixonada Por Um SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora