44 - Arco íris

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As primeiras duas semanas tinham sido pura adrenalina, havia muito trabalho e todos se preocupavam com as alterações que pudessem surgir com a nova gestão, a agenda estava lotada e eu felizmente tinha a casa quase pronta, entro na empresa com o telemóvel na mão, Alice tinha adquirido o habito de falar comigo todas as manhãs tal como Márcia, vou até a minha sala e pouso as coisas num dos sofás, hoje decidi vestir um vestido mais curto prevendo que daqui a alguns dias não me servirá porque a barriga começa a ficar saliente, para piorar tinha um par de saltos bem altos, vejo a porta abrir depois de duas leves batidas...

— Posso roubar-te um minuto?

— Já tiveste mais que merecias - sorrio com o seu ar preocupado - Sim antes que comece a trabalhar e aí não haverá tempo nem para respirar.

— Amanhã temos ecografia as cinco da tarde? - Ele não se esqueceu, pelo menos isso.

— Sim mas não te sintas obrigado a ir.

— É o meu filho, chefe! - Ele olha para mim de cima a baixo e suspira - Queria apenas dizer que vou contar aos meus pais e gostava de saber se querias acompanhar-me.

— Não vou fingir que estamos juntos se é isso que me vens pedir.

— Não te iria pedir isso mas eles têm o direito de saber que vão ganhar um neto. - Ele tem razão.

— Conta comigo, talvez seja melhor irmos juntos à consulta e seguimos para o jantar.

— Não podia ter escolhido melhor mãe para o meu filho.

Ele sai do escritório com um sorriso nos lábios, incrível como o odeio mas sinto paz e segurança quando está perto de mim. Tinha marcado uma reunião com Ezio, ele tinha contratos com a agora minha empresa, dez minutos antes da hora marcada a secretária anuncia a sua chegada e peço que ela o traga a minha sala. Bastou o homem entrar para sentir agitação no gabinete de Kevin...

— Bom dia querida. - Odeio o seu sorriso nojento.

— Não tenho tempo a perder Ezio, por isso irei direta ao assunto.

— Gosto disso! - Não sei por quanto tempo irá manter a mesma forma de pensar.

— O nosso contrato fica sem efeito a partir de hoje.

— Não podes fazer isso, tenho um contrato com o teu pai a anos e se o rescindires terás de me pagar uma indemnização.

— És tu que pagarás uma indemnização a minha empresa. - Atiro uma cópia do contrato para as suas mãos - Clausula seis menciona exclusividade e que eu saiba tiveste um contrato de marketing com os Smith então acho melhor teres cuidado com o que dizes ou fazes.

— Mas...

— Não te preocupes tenho uma solução para ti! - Levanto para ficar perto dele com uma caneta e um contrato novo - Tu vais assinar este contrato de dez anos com os Smith ou eu vou processar-te. - Ele pega na caneta e no documento mas fica a olhar sem o assinar.

— Estás a chantagear-me? - Vou até ao móvel das bebidas e tiro uma pequena garrafa de água.

— Faz o que quiseres se achas que consegues aguentar um processo judicial contra a minha empresa, vai em frente!

Ele sai do meu gabinete furioso mas ao menos deixou a sua assinatura, abro um sorriso e pego no papel, bato na porta de Kevin que fala ao telefone mas pede que entre, eu sabia que estava a fingir falar com alguém porque na verdade tinha estado a controlar Ezio com uma cara nada feliz. Percebo que está a falar com os pais, talvez para marcar o jantar, bem afinal o telefonema era verdadeiro...

— O que é que aquele homem queria? - Eu sabia que ele estava curioso mas tentava não demostrar.

— Fui eu quem o chamou!

— Posso saber o motivo? - Ele pousa a caneta e fita-me, estava a beira de um ataque de nervos, sei que odeia Ezio com todas as suas forças.

— Toma, envia para o teu irmão mas guarda algumas cópias para nós!

— Ele fez contrato na minha empresa? - Não ia confessar que métodos usei para tal resultado.

— Eu não queria trabalhar mais com ele mas na verdade é um bom cliente financeiramente falando então eu acho que todos ficam a ganhar desta forma.

Levanto da cadeira e ajeito o vestido, gesto que ele acompanha com o olhar...

— Preciso que vejas e decidas algumas coisas comigo.

— Tens a minha atenção até ao final da manhã. - Tentei que a minha resposta não saísse com um duplo sentido.

— Vou só acabar umas coisas e em dez minutos estarei na tua sala.

Volto para a minha sala e aproveito para mordiscar algumas bolachas, ultimamente não consigo ficar muitas horas sem comer alguma coisa. Kevin entra na porta carregado de dossiers e eu passo as mãos na cara exasperada está um sol maravilhoso e contava sair cedo para aproveitar a minha piscina mas parece que terei de deixar esses planos para depois. Ele pousa tudo na minha mesa e pega numa cadeira para se sentar a meu lado, passamos um par de horas a decidir alguns ajustes nas outras filiais

— Preciso parar uns minutos Kevin!

— Sentes-te bem? - Afasto-me da mesa farta de estar ali.

— Enjoada e ansiosa por estar aqui fechada neste escritório.

— Que tal pararmos para comer qualquer coisa? - ele vai até ao meu telefone e chama a secretária.

Ela entra com um cabaz de frutas e uma sacola com sumos naturais, saladas, gelatina entre outras coisas frescas que amo. Ela volta a sair da sala e olho para Kevin que ajeita tudo na pequena mesa perto dos sofás...

— Tenho vontade de chorar! - Todas aquelas cores eram como um arco-íris só para mim.

— Porquê?

— Trouxeste o paraiso até mim, obrigado. - Sento-me e começo a servir-me.

— Será que amanhã já vamos saber o sexo do bebe?

— Acho que sim, pelo menos Júlia diz que já tenho três meses de gestação.

— Faz três meses que Alonzo casou com Alice. - Ele chega a mesma conclusão que eu, aquela noite mudou tudo.

— Exato! Como está a situação da dívida?

— Vendi dois dos meus carros e mesmo assim deveria vender o apartamento mas não quero regressar para a casa dos meus pais. - Pois, não será fácil explicar o porque de vender quele espaço.

— E a empresa está em risco financeiro?

— Não, graças a ti!

— Como é que achas que eles vão reagir á noticia da gravidez? - devoro a gelatina sob o seu olhar divertido.

— A minha mãe vai falar de como seria importante vivermos juntos e casar mas vai acabar por perceber que o que importa é que nós amamos essa criança. - Lembro da minha mãe dizer que nada é mais importante para uma mãe que assistir ao casamento de um filho.

— Sabes que se continuares a falar sem comer eu vou devorar tudo?

— Gosto de te ver assim.

Então vamos terminar aqueles documentos que o dia vai ser longo.

Apaixonada Por Um SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora