42 - Sem champanhe

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Passo os meus dias entre a casa, o tribunal e o escritório de advogados, sentia-me cansada e doente, tinha perdido peso, o meu cabelo estava enorme e as minhas olheiras também. Os dias corriam, na verdade voavam e amanhã sairá a sentença, não estarei presente porque pedi para ser dispensada, afinal tinha feito audiencias preliminares e depoimentos necessários para que tudo ocorresse em maior sigilo até porque o meu pai tem feito de tudo para calar a comunicação social. Convidei Alice para vir passar a tarde comigo, precisava de me distrair até ser hora de receber a chamada dos advogados. Abro o portão elétrico quando ela anuncia a sua chegada, vou até a porta e pela primeira vez em dias sorrio, Alice trouxe Alonzo e as filhas de Márcia, Raphael e a Julia

— Trouxe companhia! - Ela entra carregada de compras.

— Obrigado!

— Sra Albuquerque que saudades. - Alonzo abraça-me, não o via desde o dia que confrontei Kevin, tinha medo que não me quisesse ver.

— Digo o mesmo meu amigo, entra.

As meninas de Márcia tinham um lindo sorriso no rosto e vinham preparadas para a piscina...

— Trouxe uma convidada minha. - Raphael pousa a mão nas costas de Julia, ele está no bom caminho ou ela não estaria aqui.

— Julia, espero que não se sinta constrangida com a ausência de mobiliário.

— Não mas fiquei chateada quando soube que cancelou a consulta comigo. - deixamos Raphael para trás e vamos até a cozinha.

— Desculpe tenho tido os dias ocupados.

— Raphael explicou-me tudo. - Está confirmado, os dois tem saído juntos.

Eles entram e decidimos ir para a berma da piscina a conversar ao som de boa musica ambiente mas eu passava o tempo a olhar para o telemóvel, hoje a minha vida poderá mudar de uma forma totalmente radical, serei uma das mulheres mais famosas e ricas no negocio da publicidade. São exatamente quatro da tarde e a audiência deve ter terminado, bato com os dedos no aparelho que teima em ficar silencioso, vou dar em doida se ele não ligar

— Calma amiga, por vezes as audiencias perlongam-se.

— Ele quer me matar de ansiedade?

Nesse mesmo momento o numero do advogado pisca no ecrã e coloco a chamada em alta voz

­— Boa tarde Sra Albuquerque, acabei de sair da sala de audiências!

— Como é que correu?

— Não se assuste se tiver o portão da residência cheio de jornalistas, eles estão a matar-se para ter uma reportagem exclusiva com a nova dona dona do património Albuquerque.

— Verdade? Obrigado passo no seu escritório amanhã.

— Faça isso temos ainda muito para tratar.

— Até amanhã então.

Quando desligo a chamada a rolha do champanhe salta com os gritos de felicidade de todos, eu estava satisfeita porque tinha vingado a minha mãe e amanhã irei a igreja rezar por ela, faz cinco anos que se foi e depois disso toda a minha vida tem sido uma sucessão de problemas

— Ao sucesso da minha amiga! - Alice levanta o copo para brindar-mos.

— A todos nós!

— Nem pensar, sei que é dia de festa mas não é exceção para beber. - Julia pega na minha taça.

— Ela merece mais que ninguém acredita. - Raphael devolve-me a taça.

— Acredito mas não o bebe! - Abro a boca chocada.

— Bebe? - Pergunto sem entender.

— Pensei que fosse por isso que tinhas pedido os exames médicos.

— Eu não mereço isso!

Sento-me e levo as mãos a cabeça, porque agora? Não tenho direito a ter um pouco de paz? Olho para as filhas de Márcia e penso que desta vez Kevin assinou a sua sentença de morte com a mãe das meninas, eu ri e chorei ao mesmo tempo...

— Porra tens de contar a Kevin antes que ele fale com o meu pai, talvez metas juízo naquele cabeça. - Raphael apressasse a dizer.

— O que é que isso quer dizer? - Olho para Alonzo e Alice que baixam os olhos.

— Ele meteu na cabeça que vai devolver tudo o que deve ao teu pai.

— Como? Ele tem dinheiro para isso? - Agora é que os remorsos chegaram, veem tarde.

­— Ele vai vender a sua parte da empresa, os carros, o apartamento. O meu pai vai ficar destroçado.

— Ele não pode fazer isso! - Os seus pais batalharam muito para ter aquela empresa e não tem culpa do filho que teem.

— Ele vai fazer sim, mesmo que não te traga de volta ele quer mostrar que estás errada.

— Eu? Errada?

— Devias ouvi-lo na mesma como eu fiz contigo quando jantaste com Ezio na minha casa. - Alonzo diz ajoelhado na minha frente.

Levanto e corro para pegar na minha bolsa...

— Onde é que vais?

— Ele vai ter de me ouvir, os erros são dele não meus!

No portão haviam alguns jornalistas e eu não paro, não posso deixar que me sigam então conduzo até ao seu apartamento como uma maluca, deixei para depois a historia da gravidez e da herança ele estava a agir como se fosse eu a culpada mas é ele quem causou tudo isto. Toco na campainha sem parar até ele aceitar abrir, jurei nunca mais entrar ali e cá estava eu a falhar as minhas promessas por ele, puxo o ar quando a porta se abre e ele está somente de calças com o cabelo solto, tento ignorar que aquele corpo ainda me faz ficar sem ar e entro sem pedir licença. Vejo alguns cartões no meio da sala com objetos dentro, Raphael não me mentiu...

— Pensava que irias festejar o resultado da audiência. - Vejo que na tv passa imagens do meu pai, o escândalo estava em todos os canais.

— Eu compro a tua parte da empresa!

— Foi Raphael que te contou? - Ele continua a colocar coisas nos caixotes.

— Eu compro a tua parte da empresa e contrato-te como administrador das minhas empresas, acho que isso ajudará.

— Porquê? - Ele pega um elástico ata o cabelo, queria pedir para que não o fizesse.

— Os teus pais não merecem isto e eu preciso de alguém com as tuas competências ou aquilo que herdei vai desaparecer em pouco tempo.

— Como é consegues pedir-me isso? - Acho que ele não acredita nas minhas palavras.

— O meu pai vai ter um ataque quando souber que lhe pagas uma divida com o seu proprio dinheiro.

— Estas a usar-me! - Ele sorri tristemente, como se me pudesse criticar por isso, idiota.

— Mereces pior! - escrevo a morada do escritório de advogados - Aqui tens, espero por ti para formalizar-mos tudo e tens interesse em aparecer porque há outro assunto muito mais importante para falarmos.

— Eu...

— Vais aparecer sem atrasos ou terás problemas mais graves do que aqueles que Bruno Albuquerque te causou, posso ser uma vaca quando quero.

— Nem que quisesses baixinha, és demasiado doce.

Apaixonada Por Um SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora