13 - Ela é vidente!

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Afasto-me o mais possível dele, tremo só de pensar que se Raphael entrasse na sala segundos antes, poderia pensar algo errado...

- Estão aqui ainda? - Incrível como Kevin consegue ficar sereno.

- Precisei de falar com a Sra Albuquerque a propósito de um novo projeto.

- Kevin a hora do almoço já está a acabar.

- Nem vi o tempo passar, desculpe pode ir se quiser. - Ele dispensa-me e eu apenas aceno saindo daquela sala com o coração nas mãos.

- Vamos almoçar os dois? - Ouço Raphael perguntar ao irmão.

Não me cruzo com Alice, talvez tenha subido quando desci. Não sai da minha cabeça o cheiro e o calor dele, como me olhou, iria beijar-me? Não haverá outra explicação por certo, mas desejei isso, sentir o seu beijo e enterrar os meus dedos no seu cabelo. Não, ele é o último homem no planeta com quem poderia ter algo, é praticamente casado e meu chefe. Podia ser feio, gordo, velho ou barrigudo, sei lá, mas não, o homem é lindo e perfeito. Preciso de arranjar algo que me distraia, isso, sim, vou tentar convencer Alice a sair comigo no sábado a noite, espero que consiga afastá-la um pouco de Alonzo para ter a sua atenção. O resto da semana mantive perfil baixo sem que dessem por mim, a equipa está super entusiasmada e tudo corre bem, um problema a menos, como é sexta a noite decido passar na casa de Márcia...

- Pensei que me tinhas esquecido - Ela abre a porta com o seu sorriso habitual e sigo-a até a cozinha.

- Nunca na vida, onde estão todos.

- Escola, trabalho...

- E a princesinha? - Adoro a sua neta, é uma fofura! Podia passar a horas a beijar aquelas bochechas.

- Está com a mãe.

- Cheira tão bem. - Ela tem as panelas ao lume.

- O que se passa Luna? - Ela olha-me com aquele olhar de mãezona, mães decifram os filhos e ela sempre fez o mesmo comigo.

- Nada por quê?

- Porque te conheço, desembucha!

- Estou confusa! - É a minha única certeza.

- Trabalho ou homens?

- Acho que tenho alguém interessado em mim.

- Mas? - Rio porque ela parece saber sempre tudo.

- É um dos donos da empresa e eu não sinto nada por ele.

- O que vai dar origem a um segundo problema certo? - Ela diz enquanto corta a carne em cubos.

- Márcia, a senhora é vidente?

- Já vivi muito querida, continua.

- O irmão dele, esse, sim, chama a minha atenção, mas é noivo e também ele o meu chefe.

- O meu concelho é para fugir dos dois, vais ter problemas com esses irmãos. - Ela dá um excelente conselho, só uma idiota não ia deduzir isso, neste caso a idiota sou eu.

- Como sempre tem razão, vou encontrar alguém mais apropriado.

Gradualmente a família chega para um jantar que como sempre é delicioso, fico contente quando Alice me liga para dizer que hoje dorme com o namorado, mas amanhã sairá comigo, acho que terei de me habituar a um apartamento vazio. Mesmo sendo sábado levanto cedo e como sozinha na cozinha, sinto falta da minha amiga, acho que fiquei mal acostumada. Aproveito para dar um passeio pela rua e quando volto coloco a leitura em dia até a minha amiga entrar em casa, hoje eu dou o meu melhor, creme no corpo, maquilhagem, perfume e um vestido justo e curto como mandam as regras de uma noitada entre mulheres, quer dizer pelo menos as solteiras que procuram companhia que é o meu caso. Como queremos beber, deixamos o carro e vamos de Uber, Alice escolheu a sua discoteca preferida, era das mais movimentadas do Rio de Janeiro, mas com clientela de um nível social mais elevado, pelo menos não havia tantas confusões e lutas como em outras. De início vemos como está o movimento, pedimos uma bebida e vamos para uma zona calma onde podíamos falar e ver as pessoas passarem, ela estava entusiasmada porque Alonzo a convidou para viajar no próximo fim de semana. De repente ela acena para alguém atrás de mim, não tenho tempo de olhar para trás quando um moreno que bem conheço para ao seu lado e a puxa para um beijo...

- Vocês combinaram encontrar-se aqui? - Não pode ser coincidência, existe centenas de lugares para nos divertimos na cidade.

- Não, mas eu talvez tenha ouvido dizer que viriam até aqui. - Ele pisca o olho a Alice, conheço-a, ela nunca me faria isto, ela sempre gostou dos nossos momentos entre amigas.

- Vieste sozinho? - Alice pergunta com naturalidade, ela vai fazer chegar o recado a ele, mesmo que seja só amanhã, mas ela vai reclamar por ele seguir-nos.

- Não, com um amigo.

- Não me digas que é o Sr Wilson. - Brinco com ele, não dá para imagina-lo aqui, aquele velho estúpido ainda para mais que Alonzo está com raiva dele.

- Muito engraçada, mas não.

- Não é o Raphael certo? - Pergunto aflita, isso iria estragar a minha noite.

- Não, na verdade, é...

- Kevin! - Alice diz com os olhos muito abertos.

- Boa noite, Senhoras. - Aquela voz, só podia ser brincadeira.

Olho para a Alice que encolhe os ombros, eles começam uma conversa, já eu e Alice sentimo-nos pressionadas pela presença dos dois. Pouso o copo vazio no balcão e volto para perto dos três, convido Alice para dançar e os dois não dão importância, ótimo agora precisamos de nos misturarmos com os outros na pista para que os dois não nos vejam. Já aqui estou então aproveitarei!

Apaixonada Por Um SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora