Apaixonada Por Um Smith

25 - Kevin

Uma semana se passou, estava satisfeita com a tranquilidade com que os dias passavam, o trabalho estava quase terminado e modesta a parte todos nós estávamos de parabéns, os resultados estavam melhor que o previsto. Recosto-me na cadeira e olho para o relógio no canto do ecrã, eram sete da noite, hora ideal para entrar em casa e jantar. Envio uma mensagem a Márcia que tem sido como uma mãe para mim, aliás tive de a impedir de ir até a empresa e arrasar o Smith. Retirava a roupa pronta para me equipar com pijama quando o meu telemóvel toca e o nome de Alice pisca.

- Ainda na empresa?

- Não, estou em casa e tu?

- Com o teu chefe lindão, preciso de um favor teu.

- Diz morena.

- Não me perguntes como, mas derramei cerveja na minha roupa toda, preciso que passes na casa de Alonzo para me trazeres algo decente.

- Tenho a certeza que ele não se vai importar de te ter sem roupa. - Ela ri do outro lado da linha.

- O problema é que vou dormir aqui e seria bom ter algo lavado para levar amanhã para a empresa.

- Tudo bem, vou só vestir qualquer coisa e preparar um saco para ti.

- Obrigado amiga, vamos pedir umas pizas e contamos contigo. - Só a minha morena para me fazer sair de casa.

-Acho muito bem porque mereço.

Preparo um saco para a minha amiga e visto algo prático, no caminho compro cervejas, batatas fritas e outras porcarias. Alonzo abre a porta e fica com os s, logo vai para cozinha a tratar da comida e bebida enquanto vou ao seu quarto levar o saco com roupa para a minha morena preferida. Estava cansada, mas estar na companhia dos dois um par de horas seria bom para variar, descemos as duas e cada um pega numa cerveja, a campainha anuncia que as pizas chegaram, eu e Alice colocamos tudo na mesa e novamente a campainha ganha vida. A minha amiga dá um sorriso amarelo e percebo o porquê, na porta estão os irmãos Smith. Olho para Alice aflita, mas ela jura que não sabia que eles viriam, ela não faria isso comigo...

- Alonzo estás sempre bem acompanhado! - Raphael cumprimenta-nos enquanto Kevin fala apenas a Alice.

- Sempre, querem jantar connosco?

- Na verdade ponderámos fazer uma noite de homens.

- Desculpem as mulheres chegaram primeiro, mas há comida e bebida para todos. - Alonzo olha-me na expectativa de saber se concordo, bem a casa é dele, não tenho como negar.

- Claro que aceitamos, querem ajuda?

- Vai buscar cervejas para vocês, Kevin ajuda-me a trazer o resto das pizas.

Assim que eles se afastam, Alice vem para o meu lado, eu não deveria ter vindo mesmo que não tenha sido algo programado...

- Estás bem? - Ela passa a mão no meu cabelo e eu mantenho um sorriso falso.

- Aguento Alice não te preocupes.

Sentamos à mesa a comer e beber, incrível como Raphael age como se nunca tivesse havido aquele email. Kevin ria e parecia relaxado, apenas eu estava com um sentimento estranho, paro de comer ainda a meio da primeira dentada e sem quase tocar na cerveja, lamentavelmente eu não era forte o suficiente, olho para Alice que me entende...

- Continuem a comer e divirtam-se, tenho realmente de ir embora. - Fico de pé e visto o casaco.

- Mas ainda agora começaste a comer. - Raphael reclama antes de dar uma dentada na piza.

- Ela faz turnos de mais de doze horas, precisa de descanso. - O meu chefe aproveita para repetir o que eu já sei.

- Alonzo isso é escravatura.

- Amanhã não terás acesso ao edifício antes das dez da manhã. - Kevin diz seco.

- Tenho Isenção horária Sr Smith.

- Isso está escrito em que contrato, Sra Albuquerque? - Pela primeira vez depois de ele ler o e-mail enfrento o seu olhar.

- Eu estava esquecida de que os Smith não são homens de palavra.

- Do que é que ela fala Kevin? - Raphael é o único ali que não sabe de nós os dois.

- Esquece Raphael, é a fadiga a falar. Boa noite!-despeço-me sem mais.

Ele prometeu e cumpriu na manhã seguinte o meu cartão de acesso à empresa estava bloqueado e eu tive de fazer tempo no centro comercial ali perto. Até que não foi tão mal assim, aproveitei para renovar algumas maquilhagens, perfume e um par de sapatos que não resisti a trazer quando os vi na montra de uma das lojas. Eu evitava pensar que no dia seguinte teríamos um cocktail na sede da empresa de Ezio para apresentar a nova campanha de Marketing. Pior que ir era saber que Kevin estaria lá e o meu pai certamente também, depois de este tempo irei cruzar-me com ele e não estava preparada para isso. Seria uma demonstração para sócios e a imprensa, o meu nome tal como o de Kevin e Alonzo apareciam na autoria do projeto, então sei que não passarei despercebida, respiro fundo em frente ao espelho.

- Estás perfeita! - Passo a mão nos cabelos com caracóis largos.

- E com medo! - olho-lhe com o seu pijama de unicórnio com que eu sempre implico.

- Alonzo estará lá e embora o que se passa Kevin não te vai deixar desamparada caso ele apareça.

- Não sei qual será a minha reação.

- Só tens de assumir o papel de mulher forte e independente. Agora desce porque eles devem estar a chegar. - Coloco o meu relógio e pego na minha bolsa, era uma noite quente, então podia suprimir o casaco.

Dou graças a deus pelo fato do prédio ter elevador, os saltos são altos e o vestido justo. Saio a rua e sinto o vento quente que balança o meu cabelo, o carro de Alonzo para na minha frente e ele sai para me cumprimentar.

- Preparada? - Ele deixa Kevin no carro para que não nos ouça.

- Não!

- Prefiro quando mentes e vestes a capa de super mulher, não estás sozinha, lembra-te disso.

Pelo caminho revíamos alguns pontos da apresentação, os dois estavam entusiasmados com o pequeno evento.

- Luna, chegamos!

Desta vez é Kevin que abre a minha porta e estende a mão para me ajudar a sair da viatura, confesso que aquele gesto me apanhou desprevenida, eu podia evitá-lo, mas não estava com vontade de começar os conflitos tão cedo. Pouso a minha mão na sua sentindo um aperto carinhoso da sua parte, entramos na empresa e Ezio vem receber-nos, seja o que deus quiser!