Até chegar a noite

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            POV NORMANI

Eu estava com ela quando tudo aconteceu, foi questão de segundos...

**Horas antes**

Hoje é sexta, por conta das atividades intensas nesse primeiro mês, fomos liberados das aulas e ganhamos permissão para sair. Muitos foram para suas casas, outros para casas de amigos, alguns permaneceram no campus e eu? Eu queria sair um pouco. 

Dinah e eu nos tornamos cada vez mais próximas desde que Lauren foi embora, com isso também me aproximei muito de Camila, passo mais tempo no quarto delas do que no meu. As duas são parte do nosso grupo de amigos agora, então nada mais justo que saíssemos juntas, mas Dinah foi para casa – que a essa altura já sei que não é em Miami e sim em Golden Gate, Camila também é de lá. Voltando, com a ausência de Dinah decidi que saíria com Camila, ela é uma garota muito legal e sei que ela ainda se sente desconfortável sem Dinah por perto, mas isso precisa mudar. Fui do quarto de Camila direto para o setor E, Vero não estava, mas logo Ally surgiu dizendo que ela havia ido para casa, convenci a baixinha a sair conosco e ela topou. Ótimo, saíriamos nós três.

Pensei em irmos à alguma praia, mas estava calor demais para isso, nos derreteriamos só em pisar na areia. Camila confessou que não conhecia muitos lugares em Miami e com isso encontrei o passeio perfeito, iriamos andar livres pela cidade.

E assim fizemos, realmente eu tenho um dedo muito bom para amigos, Ally é como uma irmã mais velha super responsável, mas ao mesmo tempo extremamente alto astral e Camila seria uma irmã mais nova descobrindo as maravilhas do mundo sem medo, é a mistura perfeita, foi um dia muito animado.

Até chegar a noite.

Decidimos jantar em um restaurante, não desses chiqueis cheio de gente esnobe, nós três concordamos que o dia estava bom demais para ser estragado por regras de etiqueta e coisas do tipo, fomos a um restaurante japonês. Pedimos uma barca, tinha de tudo naquele negócio, eu não sou tão fã de comida oriental, mas estava com uma certa vontade de vir nesse restaurante – novo por sinal – e hoje tive a oportunidade perfeita. O clima do lugar era leve e descontraído, mas algo mudou quando Ally voltou do banheiro. Ela parecia nervosa, aflita diria, mas disse que estava bem.

Eu não devia ter acreditado.

Camila e eu saímos do lugar rindo e brincando, Ally estava muito diferente desde que foi ao banheiro, parecia pensativa, pensativa demais. Meu carro estava na rua, o estacionamento do restaurante estava cheio e esse foi o único jeito de parar no lugar, por isso caminhamos até lá. Camila e eu já tinhamos atravessado a rua, mas Ally reclamou por ter pisado em um chiclete na calçada e por isso demorou alguns segundos. 

Segundos preciosos.

Quando a pequena mulher deu dois passos a frente eu me virei de costas para falar algo à Mila, no momento nem me lembro o que era. Ouvi o barulho alto de um carro acelerando, mas não dei importância, Camila olhou para um ponto fixo atrás de mim com uma expressão assustada.

__Ally, saí daí!!! - Camila avisou, mas no mesmo instante pude ouvir o barulho de uma batida e com isso me virei, Ally já estava caída no chão. Foi impossível segurar o grito ao ver minha irmã naquela situação, Camila  e eu corremos até lá e se não fosse por ela me alertar em não mexer em seu corpo eu teria tirado-a do chão e colocado em meus braços. As lágrimas escorriam de meus olhos sem que eu me desse conta, me sentei ao seu lado no chão e chamava por seu nome, mas ela não respondia, estava desacordada. Camila rapidamente se prontificou em ligar para o resgate, percebi em sua voz que ela também chorava, sei que estava tão abalada quanto eu. 

Não sei qual foi o momento em que pessoas passaram a se juntar em volta, alguns com celulares em mãos, como podem querer registrar um momento tão doloroso quanto este? Um homem correu até seu carro, pegou três cones sinalizadores no porta-malas e os colocou a alguns metros de onde estávamos para interceptar o movimento da rua, ele se aproximou e nos pediu calma, posicionou dois dedos no ponto de pulso de Ally para sentir seus batimentos cardíacos que segundo ele estavam  normais, perguntou se já tinhamos acionado a emergência e dissemos que sim, disse também que provavelmente o resgate viria pelo outro lado. Eu agradeceria o apoio do homem, mas não conseguia fazer nada a não ser chorar, então apenas acenei com a cabeça.

O resgate chegou minutos depois, desceram três bombeiros da ambulância que nos encheram de perguntas, mas se fosse para o bem de Ally eu as responderia mais trinta vezes.

Cuidaram de imobilizar o pescoço de Ally com um colete cervical e com muito cuidado à colocaram sob a maca para levarem até a ambulância. Camila e eu imploramos para irmos juntas, mas um dos bombeiros impediu que nós duas a acompanhassem, decidimos rapidamente que Camilia iria com ela e que eu iria para a casa de Ally informar seus pais do acidente, não é um tipo de notícia que se deve dar por telefone. O bombeiro que conversavamos nos informou que Ally seria levada para o hospital Mercy e que no momento os sinais dela estavam estáveis apesar de estar inconsciente, isso me acalmou, caso contrário eu jamais conseguiria chegar à casa de Ally.

Fui chorando por todo o caminho, a dor de ver aquela menina tão preciosa sangrando e inconsciente no chão é forte demais para mim, não cabe no peito. Conheci Allyson no meu primeiro ano na faculdade, eu já era amiga de Lauren e Vero com quem a baixinha dividia quarto e logo nos tornamos muito amigas, Ally é um ser humano tão lindo, eu quero matar o desgraçado que fiz isso à ela.

Por sorte a casa de Ally não era muito longe de onde estavamos, cheguei em poucos minutos, respirei fundo no mínimo três vezes para criar coragem de sair do carro.

Toquei a campainha da casa e não demorou muito para uma Patricia confusa abri-la.

__Normani? O que faz aqui? Ally não está em casa meu amor. - me cumprimentou com um abraço rápido.

__É, eu sei tia, eu preciso falar com a senhora. - respondi tentando não gaguejar, mas tenho certeza que ainda haviam lágrimas em meu rosto

__Aconteceu alguma coisa? Por que está chorando? Venha, entre e sente-se. - e assim eu fiz. __Quer um copo d'água? - neguei com a cabeça.

__Onde está tio Jerry? - perguntei com dificuldade por conta do nó em minha garganta.

__No banho. O que está acontecendo Normani? Algo com Ally? Se for me diz agora. - a mulher exigiu com firmeza na voz e eu senti meu coração apertando cada vez mais no peito.

__Tia, chame o tio Jerry, é importante.

__Já estou aqui, que bom te ver Mani. - o homem apareceu na sala e me deu um abraço rápido também. __O que é tão importante? Você não parece bem. - respirei fundo novamente, quase achando petróleo nos pulmões.

__A Ally... Ela...

__Diga de uma vez, o que aconteceu com Allyson?! - Patricia perguntou impaciente em sinal de desespero.

__Ela sofreu um acidente. - pude ouvir Patricia cair no choro.

__Não! A minha menina... Não pode ser, não pode ser... - Jerry estava incorfomado.

__Como ela está? Me diga, como está minha filha?! - Patricia se aproximou de mim e agarrou minhas mãos.

__E-eu não sei tia, não sei. Camila está com ela no hospital, ela ficou incosciente, me desculpem, mas eu não sei. - as lágrimas escorriam por meus olhos sem parar, não era diferente com Jerry e Patricia.

__Onde ela está? Precisamos ir para o hospital imediatamente! - Jerry disse pegando as chaves de seu carro.

__Ela foi levada para o Mercy. -  respondi enquanto tentava me acalmar.

__Nós vamos para lá agora. - Patricia se levantou e pegou sua bolsa em uma poltrona no canto da sala, nos levantamos e saímos porta a fora.

__Tio, me deixe dirigir, de nós três eu sou a que está em maior condição. - pedi e o homem concordou após pensar por alguns segundos. Aproveitei o caminho até o hospital para contar o que havia acontecido, Jerry ficou extremamente irritado com a negligência do motorista que segundo ele devia ter parado para prestar socorro.

O senhor não precisa saber disso agora, mas aquilo não foi um acidente tio, tenho certeza que não.

Um brinde ao nosso anjo - CAMRENOnde histórias criam vida. Descubra agora