POV LAUREN
Ela estava cantando para mim, vi a emoção em seus olhos, meu coração estava visivelmente acelerado, peguei em sua mão para que pudesse senti-lo.
Camila me fez sentir coisas que eu pensei que nunca mais sentiria na vida, mas acreditem, isso não é bom. Não é bom porque eu já tive uma chance de fazer dar certo e falhei, falhei de uma maneira cruel, não tenho o direito de acabar com a vida de outra pessoa e não farei isso. Ela merece alguém melhor, Camila merece o melhor. E eu, eu sou o pior de tudo que alguém pode querer.
__Me perdoa. - pedi com a maior sinceridade do mundo, meus olhos estavam ardendo, embaçados, me atrevi a pensar que estava chorando. __Não quero que você sinta raiva de mim. - realmente não queria isso, não me importaria em ter o ódio de qualquer outra pessoa no mundo, mas por algum motivo, imaginar Camila me odiando mata a última parte viva dentro de mim. __Mas eu não posso, acredita em mim, eu não posso, Camz. - senti uma lágrima escorrer, não é para menos, dói não poder corresponder as palavras que ela me disse de forma indireta a poucos minutos, dói vê-la me olhar dessa forma e porra, dói muito dizer não enquanto uma parte irracional de mim grita que se eu tentasse poderia dar certo. A parte pensante e racional do meu ser sabe que não.
Deixei dois beijos em sua mão e me virei para sair do local cruzando os dedos para que ela não viesse atrás de mim. Um suspiro de alívio escapou de minha boca quando finalmente cheguei ao estacionamento, demorei o triplo do tempo, afinal não era fácil sair de um ginásio lotado. Eu ainda estava chorando, não sei o que Camila faz para tirar tantos sentimentos de mim, mas ela faz.
Eu tentei, juro que tentei, mas voltar a estudar não estava me fazendo o bem que pensei que faria, não queria voltar para aquele lugar, precisava ir para a casa.
Ainda no estacionamento saquei meu celular e pedi um Uber, no caminho Ally me ligou nove vezes, mas não atendi, algumas lágrimas ainda escorriam de meus olhos, o motorista até me ofereceu um lenço e eu prontamente aceitei. Quando cheguei em casa consegui disfarçar minha tristeza, fui recebida por Marie, uma das empregadas de casa. Clara estava na sala conferindo algumas papeladas e se mostrou surpresa por me ver ali, mas não dei muita atenção, fui direto para o escritório onde ela informou que meu pai estava.
__Lauren? O que faz aqui filha? - o homem se levantou e me recebeu com um abraço. __Está tudo bem? - meu esforço para não chorar em seus braços foi em vão, essa pergunta me quebrou.
Não, não está nada bem, não estou nada bem. Aconteceu o que eu mais temia, conheci uma garota na Universidade que mexeu comigo, isso não podia ter acontecido. Por que eu não evitei? Por que voltei para aquele lugar aliás? Ter a fotografia de volta em minha vida foi ótimo, reencontrar meus amigos então foi demais, mas por que é tão difícil conviver com Camila? O que ela tem que me faz querer tê-la por perto e desejar estar longe ao mesmo tempo?
__Estou bem. - menti após finalmente desgrudar o rosto do ombro de meu pai. __Só me deixa ficar aqui, não quero voltar para a Universidade. - pedi limpando os olhos.
__Claro, essa casa é sua, Lauren. O que aconteceu? Fizeram algo contra você? Lauren, se te fizeram mal me fale agora porque isso não vai ficar assim. - ele se alterou, se soubesse que estou assim porque justamente não quero fazer mal à alguém...
__Não, não fizeram nada comigo. Eu só não quero voltar. Por favor, pai, não faça perguntas. - fiz minha melhor carinha de cachorro e ele concordou.
__Está bem. - me olhou de cima abaixo. __Lauren, você não estava na Universidade, não é? - merda, o vestido.
__Não. - me olhou irritado. __Calma, eu estava no Airlines. - tentei amenizar sua expressão.
__Arena? - perguntou surpreso.
__Sim, Normani e Ally me levaram para um show lá. - acho que isso poderia tranquilizá-lo.
__Pensei que não gostasse daquele lugar. - disse voltando para sua cadeira.
__Não gostava, mas acho que não estamos sendo tão perseguidos quanto antes. - disse dando de ombros.
__Poderíamos ir à um jogo qualquer dia desses. - propôs.
__É, podemos tentar. Desde que estejamos disfarçados. - o homem riu.
...
Foi bom conversar um pouco com meu pai, ele não me fez mais perguntas, isso me tranquilizou um pouco. Clara e Beth se juntaram para ver quem conseguia me fazer comer, tentativa fracassada, não sentia um pingo de fome, deixei as duas indignadas na sala e fui para o quarto.
Já era tarde e eu não conseguia pregar o olho, estav pensando em minha decisão, eu diria que é exagero alguém deixar de estudar por conta de uma garota, mas eu só diria isso se não soubesse quem é essa garota e se não fosse comigo, claro. Uma parte pequena de mim a adora, adora cuidar dela, deixá-la envergonhada, adora seu beijo – apesar de tê-lo sentido apenas uma vez – essa pequena parte quer ir atrás dela e dizer que sim, que ela pode dar um tempo ao meu coração, mas é induzida pela outra parte a não fazer isso. É como no desenho animado, o anjo e o demônio em cima do ombro, claro que nesse caso o anjo está vencendo, me fazendo ficar longe de Camila, para o próprio bem dela e por que não dizer que para o meu também? Eu não quero gostar de alguém de novo, não sei lidar com perdas, sim, porque uma hora ou outra elas acontecem, é inevitável.
Já chega, preciso dormir e só há uma maneira...
__Entre. - a voz da mulher concedeu que eu adentrasse o quarto e assim fiz. __Algo estava me dizendo que você viria. - disse simpática colocando seu livro no pequeno móvel ao lado da cama. __O que aconteceu pequenina?
__Não estou conseguindo dormir, me ajuda? - pedi sem jeito.
__Claro meu amor, deite-se aqui, você vai dormir rapidinho.
...
E assim foi, Beth também não me fez perguntas, sabe que me sinto desconfortável com elas, apenas me deu seu colo. Dormi tranquila nos braços da mulher que me criou, não sei o que seria de mim sem Elizabeth, provavelmente eu seria algo pior que Clara.
__Acorda dorminhoca. - fui despertada por uma voz que não reconheci de primeiro momento, mas abrindo os olhos aos poucos consegui enxergar sua forma física.
__Vero? O que faz aqui? - perguntei com a voz ainda rouca.
__Bom, quando voltei ao campus me disseram que você tinha fugido do ginásio e que não estavam te achando. - disse pegando algo em seu bolso, uma bala. __Quer? - oferece e eu recusei com a cabeça. __Então eu vim para cá. Acho que te achei. - brincou e eu me sentei na cama.
__O que quer aqui? E... por que está de óculos escuros? - só agora reparei nisso.
__Besteira. - respondeu apreensiva, conheço Veronica, está se esquivando.
__Vero, tira os óculos. - pedi, ordenei na verdade.
__Já disse que é besteira, Lauren. - respondeu firme, mas eu me levantei e caminhei até ela tirando seus óculos em seguida fazendo a mulher em minha frente bufar e abaixar a cabeça, não consegui acreditar no que estava vendo.
__Eu não acredito, foi ele não foi?!
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Um brinde ao nosso anjo - CAMREN
Misteri / ThrillerApós enfrentar situações extremamente complicadas em seus tão recentes dezoito anos, a jovem Camila Cabello decide que é hora de seguir seu coração. Com as malas prontas, a garota cubana que, anos atrás, teve que se mudar para os Estados Unidos com...