Sua felicidade

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                 POV CAMILA

Dinah me mandou mensagem, disse que queria falar comigo então fui até seu quarto, estávamos sozinhas, por incrivel que pareça minha amiga estava sóbria, se mostrou bastante preocupada com meu ferimento – o que eu já esperava se tratando de Dinah Protetora Hansen – me contou que ficou com dois garotos na festa depois que Lauren foi encontrada, Dinah sendo Dinah... Perguntou de Lauren e segundo ela eu parecia uma boba falando dela, não contei do beijo, por mais que estivesse morrendo de vontade. Nunca menti para Dinah, mas Lauren já ficou brava por Vero saber dessa parte da história, se eu contasse para Dinah também, nem sei o que aconteceria.

Ainda estou tão confusa com tudo isso: a dança, os olhares, seus lábios, o pedido de desculpas logo após aquele beijo tão perfeito, sua fuga, a música que cantou quando estava longe da festa que parecia fazer parte de seus desabafos mais profundos, a forma como cuidou de mim – na verdade a forma como cuida de mim desde que cheguei, Lauren é um mistério.

Aproveitei que estava fora de meu quarto e liguei para minha mãe, uma ligação normal, perguntou de minha saúde – não comentei sobre o machucado no pé, ela seria capaz de sair de Golden Gate só para vir ver como eu estou – reclamou pela demora para começar as aulas, perguntou de minha alimentação, coisas de dona Sinu. Falei um pouco com meu pai também, já que ele havia voltado de viagem e só não falei com Sofi porque a baixinha já estava dormindo, foi bom ouvir a voz daqueles que mais lutaram por mim.

Me despedi de Dinah que ainda estava bem agitada e pretendia voltar à festa – ou ao que sobrou dela – e fui para meu quarto.

Graças aos pontos a dor que sentia antes estava bem fraca, me encontrei com duas garotas que olharam e riram para mim de uma maneira que sei muito bem o que significa, a Camila de um ano e meio atrás provavelmente as seguiria em busca de um pouco de diversão feminina, mas não tenho mais aquela mente de adolescente descompromissada com tudo, passei por elas fingindo não ver que elas praticamente se atiraram para mim e fui direto para o quarto.

Lauren dormia, finalmente desfez suas malas e isso deve ter a cansado, tão linda, pena que tão complicada, lembrou meu subconsiente.

Ela deve ter apagado, pois dormia sem travesseiro e cobertor e nem se deu ao trabalho de apagar a luz, não seria má idéia...

Deixei de pensar e agi, peguei seu cobertor todo embolado ao seu lado e estendi sob seu corpo, coloquei o travesseiro que estava no chão por baixo de sua cabeça com certa dificuldade para erguê-la e com muita calma para não acordá-la, a garota resmungou, se mexeu e tive impressão de ter até piscado algumas vezes, tomara que tenha sido apenas impressão 

Agora sim, perfeito. 

Sem perceber já estava sentada ao seu lado na cama fazendo um carinho leve em seu rosto. 

__Você não tem apenas olhos de esmeralda, sabia? Tem um coração de ouro também, um coração tão lindo que acabou mexendo com o meu. - falei baixinho e não resisti, depositei um beijo delicado em sua testa demonstrando toda minha admiração e carinho por ela. __Dorme bem. - disse antes de sair de onde estava e em seguida fui dormir.

                   ...

Acordei, e mais uma vez tudo começou a desaparecer, sai do quarto e fui direto ao setor C, sabia que ele estaria lá. A luz estava forte em meu rosto como da última vez, os raios atravessavam as grandes janelas de vidro – inexistentes na vida real – e quase me cegaram, após descer as benditas escadas e caminhar para o mesmo lugar de ontem ele estava lá na tal sacada.

__Você de novo. - disse a primeira coisa que passou pela minha cabeça quando avistei sua sombra de costas, eu ainda estava longe, mas não pretendia chegar muito perto mesmo. Ele trajava as mesmas roupas escuras do último encontro, enquanto isso todo o resto continuava branco, invejável, não gosto de branco.

__É tão ruim encontrar comigo assim? - perguntou em tom de voz brincalhão e amigável.

__Não, desculpe. É que é estranho. - disse em seguida tentando amenizar minhas palavras.

__Logo você se acostuma. - ele virá mais vezes? Quem é este ser, meu Deus.

__Quem é você afinal? - perguntei o que mais queria saber desde que esses encontros começaram.

__Isso não importa agora, o que importa é que é você. - ele riu, esse papo de novo? Ah, não.

__Eu ainda não entendi esse lance de é você, sou eu o que? - perguntei exausta desse joguinho dele.

__Logo você entenderá. - respondeu calmo. Essa calmaria toda também me irrita.

__Pode se virar? Não é legal conversar com alguém sem olhar nos olhos. - tentei convencê-lo.

__Não tenho permissão para matar sua curiosidade, ainda. - permissão?

__Que papo é esse de permissão? Você é o que? Um funcionário? - ele riu de novo, não gosto desse garoto, ele me deixa confusa e  ainda ri da minha cara toda hora.

__Desculpa. - pediu tentando segurar o riso.

__Pelo que? - perguntei confusa.

__Por rir toda hora e te deixar confusa. - que?

__V-você leu minha mente?! - perguntei assustada.

__Talvez. - ok, agora estou assustada. __E sim, pode se dizer que sou uma espécie de funcionário. 

Ele praticamente não se mexia, às vezes se inclinava na mureta da sacada, hora ou outra colocava as mãos no bolso, mas não fazia nenhum movimento mais brusco e de certa forma isso me deixava agoniada.

__Devo ter medo de você? - devo parar de pensar também?

__Claro que não, eu estou aqui para te ajudar. E você não conseguiria parar de pensar, Camila, é cientificamente impossível. - ok, ele me assusta bastante com essas leituras de pensamento. Estou conversando com Edward Cullen? Faz sentido pelas roupas e por ele ler minha mente, mas e o Sol?

__Me ajudar com o que? - ele ainda vai me deixar maluca.

__A encontrar sua felicidade, na verdade você já está no caminho certo. - respondeu Cullen, é isso, enquanto ele não me falar quem ele é vou chamá-lo assim.

__Vai me ajudar a construir uma carreira na música? É isso? - perguntei supondo que essa tal felicidade fosse meu curso na UAM ou qualquer outra coisa ligada a música e bom, não pode ser outra coisa mesmo.

__Não se afaste de sua felicidade, Camila, se você deixá-la ir, não poderei fazer nada. - me aconselhou. Porra, por que ele simplesmente não responde minhas perguntas como qualquer ser normal faria?

__Que raios de felicidade é essa e por que você me ajudaria? - perguntei um pouco alterada.

__Só não dificulta o que é já é difícil, Camila. - suspirei pesado. __Tenho que ir agora, eu volto logo e lembre-se, não deixe sua felicidade se afastar de você e pior ainda, não se afaste dela. - disse e sumiu. 

Pela segunda vez sumiu.

Um brinde ao nosso anjo - CAMRENOnde histórias criam vida. Descubra agora