Capítulo 4

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— Meu Deus, não pode ser verdade. – Marcelo se aproximou puxando a cadeira para se sentar deixando Luísa paralisada. – O que foi? O gato comeu sua língua? – Marcelo brincou ao ver que ela não respondeu e percebeu seu nervosismo.

— Oi Marcelo, quanto tempo? O que te fez ressurgir das cinzas depois de todos esses anos? – Luísa perguntou ironicamente quando criou coragem. O que fez Marcelo engolir seco.

— Eu tentei tanto, fiz de tudo para falar com você e tentar explicar o que realmente aconteceu. Mas quem sumiu aqui foi você.

— Explicar o que? O que eu mesma vi com meus próprios olhos? E sim, eu sumi. Sumi para me poupar de ouvir o seus argumentos inúteis. – Luísa esbravejou entre dentes.

Marcelo percebeu que aquela conversa não iria acabar bem se continuasse naquele rumo. Ele estava tão feliz de reencontrá-la assim do nada que não queria estragar aquele momento. Marcelo a olhou dos pés a cabeça e percebeu que o tempo só a deixou ainda mais linda. Segurou uma das mãos de Luísa, o que fez uma corrente percorrer pelo corpo dos dois, um simples gesto causava isso.

— Vamos marcar um dia pra conversarmos, Lu. – Marcelo encarou Luísa que depois de alguns segundos desviou o olhar soltando sua mão da dele.

— Não sei se você sabe, mas eu sou uma mulher muito ocupada. Não tenho tempo pra isso. - Luísa cortou. Claro que no fundo seu coração deu um pulo, ela queria sim se encontrar com ele mas não ia ceder.

Luísa se desesperou. Por um momento ela havia esquecido de Olivia. Marcelo não podia vê-la de jeito nenhum. Luísa olhou em direção ao playground onde ela brincava tentando avistá-la mas não a encontrou. Já era tarde demais, Olivia já estava ali na mesa encarando ela e Marcelo. Luísa sentiu seu corpo amolecer por inteiro, jurou que seu coração parou por um instante. Aquilo não poderia estar acontecendo.

— Cansei de brincar. – Olívia sorriu. – Oi, quem é você? – Olívia perguntou encarando Marcelo.

Luísa naquele momento já não estava mais ali, estava torcendo pra alguém acordá-la qualquer hora, aquilo só poderia ser um pesadelo.

Quando Marcelo viu Olívia, sentiu seu estômago se revirar, como se várias borboletas estivessem ali dentro. Olhou-a dos pés a cabeça e preferiu não pensar no que aquilo poderia significar. Será que Luísa havia se casado com outro homem?

— Oi, eu me chamo Marcelo. E você? Sabia que você é muito linda? – Marcelo disse segurando a mão da garotinha e lhe depositando um beijo.

— Obrigada, você também é tão bonito... Parece o príncipe da Cinderela. Eu sou Olívia. – A menina abriu um lindo sorriso sincero para Marcelo, o que fez seu estômago revirar novamente. Algo naquela garota era familiar, ele só não conseguia lembrar o quê.

— Quem é essa garotinha Luísa? – Marcelo perguntou encarando Luísa que estava pálida.

— Ela é minha Ma... – Olívia tentou responder, mas Luísa por instinto a cortou.

— Madrinha. Sou madrinha dela. – Luísa disse gaguejando.

— Ah é? Que legal, mas nossa Lu, ela me lembra alguém. Ela é filha de alguns de nossos amigos antigos? – Marcelo perguntou encarando Olívia que estava sem entender nada enquanto Luísa não soube o que responder. – Quantos anos você tem princesa? – Perguntou Marcelo para Olívia.

— Sete. – Respondeu orgulhosa. Luísa lançou um olhar fulminante para a menina que se encolheu com medo.

Naquele momento o coração de Marcelo saltou pela boca. A garotinha tinha 7 anos, era exatamente o tempo que fazia que ele havia se separado de Luísa e aí sim ele conseguiu lembrar com quem ela parecia. Era com Luísa. Marcelo ficou sem reação.

— Temos que ir. – Luísa se levantou rapidamente e arrastou a filha que relutava prendendo os pés no chão para não ir embora, enquanto Marcelo ficou ali na mesa sem reação alguma, apenas vendo Luísa arrastar a menina até o estacionamento, só depois se deu conta do que havia acontecido e correu para alcançá-las.

— Calma mamãe eu quero falar com o moço bonito. Por que você saiu daquele jeito? – Perguntou tentando se soltar dos braços da mãe.

— Cala a boca garota. Entra no carro agora! – Luísa esbravejou gritando com a menina. Olívia por sua vez não obedeceu e ficou encarando a mãe.

— Entra no carro. – Luísa puxou Olivia pelo braço, abriu a porta do carro e empurrou a filha lá dentro sem nenhuma gentileza. O que fez com que Olívia sentisse dor.

— Luísa, espera aí. Nós temos que conversar. – Marcelo se aproximou ofegante de tanto correr atrás das duas.

— Marcelo. Eu já disse pra você que eu não tenho tempo pra conversar. Nós vivemos todos esses anos separados, e agora você resolve voltar do nada querendo me perturbar? – Luísa gritou batendo a porta do carro.

— Eu só acho que você me deve uma explicação, eu sinto que você está me escondendo algo. – Argumentou Marcelo.

— Desde quando eu devo satisfação da minha vida pra você Marcelo? Você perdeu todo esse direito quando resolveu me trair.

— Eu não te traí.

— Eu vi Marcelo.

— Viu errado, aquilo foi uma armação da Débora.

— Marcelo eu preciso ir. Tchau. – Luísa disse entrando no carro e já dando partida.

— Espera Luísa, eu não estou acreditando nessa história dessa menina ser sua afilhada. Você me deve uma explicação. – Marcelo se apoiou no vidro e observou Olívia chorando muito no banco traseiro.

Luísa acelerou e deixou Marcelo falando sozinho. Mas ele prometeu que aquilo não iria ficar assim, ele iria atrás da verdade. Assim que Luísa estacionou o carro na garagem de sua casa, arrancou Olívia de lá sem gentileza alguma, a garotinha ainda chorava.

— Da pra você calar essa boca? Você veio chorando o caminho inteiro. – Esbravejou puxando a menina em direção a sala e a empurrando para sentar no sofá. – Eu realmente tinha pensado em ficar com você nessas férias e não contratar mais ninguém. Mas você não merece. Odeio esse seu jeito de falar pelos os cotovelos. – Luísa berrava com a criança que só chorava assustada. Ela realmente não entendia o que havia feito de tão errado para a mãe estar daquele jeito.

— Eu não fiz nada mamãe. Mas me desculpa por favor. – Soluçou.

— Vai pro seu quarto. Some da minha frente. Você só vai sair de lá quando eu mandar, está me entendendo? – Olivia assentiu e subiu as escadas em prantos.

Olívia lembrou do que havia acontecido no restaurante e de sua mãe ter dito que era sua madrinha. Porque ela havia falado aquilo? Será que ela tinha vergonha dela?

— Minha mãe não me ama. Ela tem vergonha de mim. – Soluçou e deitou-se em sua cama. Depois de muito chorar acabou pegando no sono.

Luísa entrou em seu escritório, trancou as portas e se jogou no chão enquanto chorava muito. Porque aquilo foi acontecer? O que ela iria fazer? Ele já estava desconfiado de tudo.

Luísa também acabou adormecendo ali mesmo no chão depois de tanto chorar. Ela só esperava achar uma maneira de resolver aquela situação, não permitiria jamais que Marcelo convivesse com a filha. Não mesmo.

Marcelo por sua vez ainda ficou no restaurante para almoçar, mas mal tocou na comida. Seu olhar era totalmente distante, cheio de dúvidas. Será mesmo que aquela garotinha encantadora poderia ser sua filha? Mas e se fosse filha de Luísa com outra pessoa? Aqueles pensamentos estava definitivamente acabando com ele, mas estava determinado em descobrir a verdade.

O Amor Faz - LuceloOnde histórias criam vida. Descubra agora